AIDS: Comissários de voo contrabandeavam remédios nos anos 80

O Brasil é hoje referência mundial no tratamento da Aids, doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana – HIV, mas nos anos 1980 o país viveu uma epidemia em que milhares de pessoas perdiam a vida por falta de acesso ao tratamento. Nesta mesma época, a Varig era a maior companhia aérea brasileira e foi responsável por criar uma incrível corrente do bem, na qual comissários de bordo passaram a contrabandear medicamentos importados para ajudar pacientes com Aids.

Os comissários da companhia levavam receitas para o exterior – principalmente para os Estados Unidos, onde compravam ou conseguiam os remédios por meio de doações. Como eles tinham livre acesso pela alfândega, os comprimidos entravam livremente no Brasil e eram entregues na sede da companhia, no Rio. Diante da gravidade, funcionários do aeroporto também sabiam da importação, que por sinal era muito bem organizada. Segundo o ex-chefe dos comissários de voos internacionais da Varig, Mario Augusto dos Santos Filho havia até uma janelinha onde as pessoas pegavam as caixas. “Era um sistema muito competente: em 48 horas o paciente conseguia o medicamento”.

O serviço voluntário e gratuito também era feito para pacientes com câncer e durou até pelo menos 1996, quando o Congresso aprovou a lei que garante o acesso universal ao tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS). Desde então, o Brasil possui política de distribuição gratuita de medicamentos, que revolucionou o tratamento e reduziu a velocidade de disseminação da epidemia. Segundo Drauzio Varella: “A criação do SUS foi a maior revolução da história da medicina brasileira; nenhum país no mundo com mais de 200 milhões de habitantes ousou dizer que a saúde é um direito de todos”.

(Texto: Lyanny Yrigoyen com Hypeness Brasil)

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