Nova linha de ônibus reduz o trajeto até o centro da Capital

Alteração afeta cerca de 60% dos usuários, que chegam a percorrer até 22 km por dia

Mudanças recentes ocorreram no itinerário das linhas de ônibus em Campo Grande. As principais ações foram realizadas nos bairros da região do Anhanduizinho, pois cerca de 60% dos usuários do transporte coletivo realizavam o trajeto para o Centro e foram contemplados com novas linhas que fazem a rota direta, reduzindo até 20 minutos o tempo de translado dos passageiros, que percorrem mais de 22 km por dia para ir e vir. As alterações nas linhas dos bairros Paulo Coelho Machado e Los Angeles fazem parte de um estudo realizado pela Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), em parceria com o Consórcio Guaicurus, responsável pela administração do serviço na Capital, e os resultados apontaram a superlotação de linhas e a necessidade de passar por até dois terminais, quando era preciso ir até o Centro, e para mudar essa realidade as novas linhas foram implantadas. (Acompanhe também na página A5 da edição desta sexta-feira, 21 de fevereiro, do Jornal O Estado)

A presidente do bairro Paulo Coelho Machado, Selma Prado, 46 anos, utiliza o transporte coletivo todos os dias e teve participação nas reuniões em que foram discutidas as mudanças nas linhas de ônibus. Conselheira, representando a região do Anhanduizinho, a moradora relata que, por se tratar de um bairro distante do centro da cidade, a implantação da nova linha mudou a rotina daqueles que utilizam o transporte. “Existem pessoas no bairro que precisavam por vezes acordar por volta das 4h, para poder pegar a primeira volta do ônibus, e passar por outros dois terminais. Com a mudança, eles ganham cerca de 20 minutos que podem ficar em casa, e, até mesmo, dormir um pouco mais”, conta. Para que fosse realizada, a linha que percorre o bairro precisou ser reduzida, mas o serviço continua atendendo o bairro todo. “Antigamente, o ônibus tinha linha A e B, e com a implantação da nova linha, foi retirada a linha A, o que gerou algumas reclamações, pois havia pontos em que deixaram de passar. Para atender todo mundo, o consórcio fez novas alterações e colocou dentro do itinerário esses pontos que foram deixados, tentando atender a todos”, revela.

Morador da região há quase 20 anos, Alcir Arcanjo Machado, 39 anos, conta que a linha 114 tem facilitado o acesso ao bairro, e que, apesar de ainda utilizar a linha que faz o trajeto bairro e terminal para chegar até o trabalho, comemora a implantação, já que a filha, Beatriz Caliandra, 14 anos, está entrando no Ensino Médio e vai estudar em uma escola do Centro. “Como usuário de ônibus, fiquei satisfeito quando avisaram da nova linha e que um dos pontos estaria na esquina de casa. Este ano é o primeiro da minha filha na Escola Joaquim Murtinho, e essa mudança vai permitir que ela chegue mais rápido em casa, e que pare bem pertinho também, isso tranquiliza meu coração de pai”, disse. As mudanças também foram bem-vistas por ele, já que o bairro era um dos poucos que ainda não tinham o acesso direto ao Centro. “Já morei em outros bairros na cidade e todos tinham uma linha que ia para o Centro de forma mais rápida, aqui foram quase 20 anos esperando e, com certeza, isso é uma vitória para quem usa o ônibus por aqui”, destaca.

Saída dos terminais

Ter a opção de não ir mais aos terminais para poder chegar ao Centro é um dos pontos mais visados como positivos, quando se trata das mudanças nas linhas de ônibus. Segundo o presidente do bairro Jardim Uirapuru, José Pereira dos Santos, 54 anos, conhecido na região como “Corumbá”, é importante a existência de duas linhas na região, pois isso leva para o morador a opção de utilizar o serviço ou não. “Uma das coisas que o pessoal mais comemora é o fato de a linha não passar no terminal, isso, além de deixar o trajeto mais rápido, permite que no ônibus tenha aqueles que são do bairro, e não tem mais tanto tumulto”, aponta. Por se tratar de um período de mudanças, houve algumas reclamações iniciais, mas hoje os moradores já se adaptaram ao novo itinerário. Além disso, a linha comum permanece atendendo no bairro aqueles que precisam ir para outros destinos. “Antes, o ruim era que para ir até o Centro tinha de pegar o ônibus que vai até o Terminal Guaicurus, para então poder pegar o ônibus do Centro, que ainda precisava passar pelo Terminal Morenão, e aqueles que ainda precisarem podem continuar usando a linha comum, assim fica bom para todo mundo”, ressalta.

Resultado de pesquisa

O presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, revelou que o resultado da pesquisa pôde levar à administração uma outra visão do trabalho que é realizado no município, pois, por conta da estrutura e da região atendida, se acreditava que o Terminal Bandeirantes seria o mais movimentado. “De início a pesquisa apresentou necessidade imediata de mudanças no Terminal Guaicurus e Morenão, pois, diferente do esperado, esses foram identificados com o maior fluxo de passageiros, sendo seguido pelo Terminal Morenão, e só então o Terminal Bandeirantes”, destaca. Com isso, foi possível entender os pontos que precisavam de atenção, para então promover as mudanças nas linhas dos ônibus. “As ações foram realizadas também para desafogar os terminais e ainda promover esse acesso direto até os centros, melhorando a mobilidade dos passageiros”, ressalta.

Segundo o diretor-presidente da Agetran, Janine de Lima Bruno, o estudo foi realizado com mais de 62 mil pessoas com o objetivo de entender um pouco mais do trajeto percorrido pelos passageiros. As alterações ocorrem de forma gradativa e primeiro contemplaram os bairros da região do Anhanduizinho. “Essa pesquisa foi realizada para entender a questão do transbordo, saber quantos ônibus essas pessoas pegam, e por que passam pelos terminais, para assim saber em quais pontos precisa se melhorar”, aponta. As alterações estão sendo acompanhadas pela administração e servem como exemplo para novas mudanças. “Nós estamos atentos às possíveis respostas da população, pois às vezes existem alguns ajustes que precisam ser feitos. Essas mudanças foram realizadas para melhorar o serviço, e podem haver críticas de alguns, mas o importante é atingir uma maioria, que ficou satisfeita”, frisa.

(Texto: Amanda Amorim)

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