O professor aposentado Onei Fernando, de 60 anos, foi alvo de hostilidade e humilhação pública ao alimentar gatos de rua na calçada de um terreno baldio no bairro Jardim Bela Vista, em Campo Grande, neste fim de semana. O episódio, registrado em vídeo e amplamente compartilhado nas redes sociais, gerou revolta e abriu um intenso debate sobre compaixão animal e convivência comunitária.
As imagens mostram Onei sendo insultado por moradoras locais assim que deixou ração para os felinos. Segundo o aposentado, o proprietário de uma marcenaria em frente ao terreno havia autorizado a alimentação e o cuidado dos animais, incluindo ações de castração. Mesmo assim, o gesto de Onei gerou incômodo entre vizinhos, que reclamam dos transtornos causados pela presença dos gatos, como sujeira e mau cheiro nas casas próximas.
O caso ganhou força em um grupo de moradores do bairro, onde opiniões se dividiram. Algumas mensagens chegaram a sugerir violência contra os animais e contra o professor. “O melhor remédio é colocar veneno para os gatos e, para esse sujeito, um taco de beisebol ou cabo de machado”, escreveu um dos integrantes do grupo.
Em defesa de Onei, uma vizinha publicou uma nota pública ressaltando que o professor foi vítima de humilhação e destacando que sua atitude, embora criticada, representa um ato de solidariedade. “O senhor Onei merece respeito e reconhecimento, não humilhações. Seu trabalho voluntário é algo que deveria ser valorizado por quem acredita em um mundo mais justo e solidário”, afirmou.
Apesar da boa intenção, alimentar animais de rua em Campo Grande é desencorajado pelas autoridades. De acordo com a Lei Complementar 148/2009, fornecer alimentos a animais em situação de abandono pode gerar notificações, devido aos riscos de insalubridade e de transmissão de zoonoses. O CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) recomenda que, em vez de alimentar os animais, a população acione o órgão para que seja feito o recolhimento adequado.
Enquanto a polêmica continua, o episódio levanta questionamentos sobre a necessidade de políticas públicas mais eficazes para o controle populacional de animais de rua e sobre a melhor forma de equilibrar solidariedade e responsabilidade sanitária nas cidades.
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