Segundo o comandante-geral, Coronel Djan, MS passará a ter base fixa em 45 municípios e 250 novos bombeiros
O concurso público do CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul) começou a ser realizado e a prova teórica foi aplicada no dia 11 de dezembro. A concorrência foi de 9,46 candidatos por vaga para soldado e 58,1 para oficial. Ao todo, 2.946 candidatos se inscreveram para as 10 vagas para oficial e 250 para soldado.
Com esses novos militares que devem começar o curso de formação neste ano de 2023, o número de cidades com base fixa do Corpo de Bombeiro em Mato Grosso do Sul deve aumentar de 30 para 45, segundo o comandante-geral, coronel Hugo Djan Leite.
“Hoje o Corpo de Bombeiros está em 30 municípios, dos 79, sendo que três nós ficamos temporariamente, totalizando 33 cidades, mas sem uma base fixa nesses três municípios. A gente chega lá na quarta, que é dia de jogo, desloca uma viatura e uma equipe e com o apoio da prefeitura eles ficam lá até a segunda-feira pela manhã para atender aquelas cidades mais movimentadas e que não possuem uma base fixa da corporação. Então, nosso objetivo é que com os 250 bombeiros soldados que vão ingressar no curso de formação, a gente consiga alcançar 15 novos municípios”, explicou.
O Coronel revelou que o setor de planejamentos da corporação, o Estado-maior, está fazendo um estudo de como serão esses 15 novos quartéis, inclusive, com uma nova metodologia de trabalho.
“Porque hoje a nossa formação tem a mesma metodologia de 30 anos atrás, tem equipamentos novos, técnicas novas, mas a metodologia de trabalho, ela continuar a mesma e agora nos estamos adaptando a metodologia de trabalho para Mato Grosso do Sul, até porque existem cidades com 12, 20 e 30 mil habitantes com características diferente de Campo Grande, Dourados, Três Lagoas”, esclareceu Djan.
Esse estudo e a nova metodologia de trabalho serão apresentados para o novo governo, até porque o comandante afirmou que a ideia é que sejam implementados nos próximos dois anos. Entretanto ele não confirma se permanece a frente da corporação no governo de Eduardo Riedel.
“Essa é uma pergunta que deve ser feita para o governador eleito, porque a indicação do comandante-geral é dele. Mas aconteça o que acontecer, eu estou bem tranquilo”, garantiu Djan.
O Estado: Tivemos o concurso dos bombeiros em Mato Grosso do Sul, com 2,8 mil inscritos. Qual a expectativa de convocação?
Coronel Djan: Hoje, o Corpo de Bombeiros está em 30 municípios, dos 79, sendo que três nós ficamos temporariamente, totalizando 33 cidades, mas sem uma base fixa em três municípios. A gente chega lá na quarta, desloca uma viatura e uma equipe, com o apoio da prefeitura, e eles ficam lá até a segunda-feira pela manhã para atender aquelas cidades mais movimentadas e que não possuem uma base fixa da corporação. Então, nosso objetivo é que com os 250 bombeiros soldados que vão ingressar no curso de formação,consiga alcançar 15 novos municípios.
A formação deles vai ser apresentada pela diretoria de ensino para sabermos como e em quanto tempo vamos conseguir formar esses 250 novos bombeiros, porque nós temos também a questão da limitação da estrutura, não adianta você querer colocar mil soldados para formar de uma vez, se você não tem perna para isso. E tem que dar uma formação de qualidade, a grande diferença do bombeiro militar para outras profissões que se envolvem nessa questão de socorro de urgência e emergência na rua é a formação, o tempo de formação. Tem aí algumas possibilidades de outras áreas, porém, a nossa formação é diferenciada. A gente fala que o bombeiro militar tem duas opções: ele cumpre a missão ou ele cumpre a missão. Não tem outra opção, por exemplo, de falar não vou fazer isso, ele não tem essa opção, até porque a vida militar imprimi isso. Então, quando a gente defende essa metodologia do militarismo nesta área, tanto na Polícia Militar, quanto no Corpo de Bombeiros, essa possibilidade que a gente tem da pessoa nunca voltar atrás, porque ela não pode voltar atrás. A gente precisa revitalizar, renovar, o nosso efetivo, essa profissão é muito desgastante, por isso que a gente defende um tratamento diferenciado, nós não temos hora, nós não temos dia, não temos clima, toda hora é hora, todo dia é dia, e isso desgasta muito o ser humano. Então esse concurso chega para ampliarmos as unidades e renovar o ânimo da nossa tropa.
O Estado: Após formação, a maioria irá para cidades do interior?
Coronel Djan: Como tem também muitos militares que moram nessas cidades, a gente tem uma mescla dos antigos e dos recrutas. A gente tem um estudo modelo de base para os municípios e também de uma nova metodologia de trabalho, porque hoje a nossa formação tem a mesma metodologia de 30 anos atrás, tem equipamentos novos, técnicas novas, mas a metodologia de trabalho continua a mesma.
Agora, nós estamos adaptando a metodologia de trabalho para Mato Grosso do Sul, até porque existem cidades com 12, 20 e 30 mil habitantes com características diferente de Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, e é isso que nosso Estado maior, que é o setor de planejamento, está trabalhando para que nesta formação já tenha esse diferencial e para que até nesses dois próximos anos a gente tenha concluído essa possibilidade que será apresentado para o novo governo.
O Estado: Existe um deficit de profissionais. Hoje, a corporação para ser completa deveria ser formada por quantos bombeiros?
Coronel Djan: Essa resposta é muito complexa, porque cada município tem uma especificidade. Então, a gente está neste alinhamento com essa modernidade que o Mato Grosso do Sul se propõe a passar agora de uma Rota Bioceânica, chegada da Suzano, da Arauco, o nosso trabalho que foi empenhado agora no Pantanal, que foi um gigante nosso trabalho, eu não consigo falar quantos militares a corporação tinha que ter hoje, até porque estamos passando por uma transformação. Nós temos um efetivo previsto de 3,5 mil homens e a gente busca esse número, porém, ele não é um número sólido na organização, porque a cada dia que passa o Mato Grosso do Sul se apresenta de uma forma diferente.
O Estado: O Governo de Reinaldo Azambuja (PSDB) construiu diversos batalhões atendendo pedidos dos prefeitos. Porém, sem reposição do efetivo, só com o concurso poderá suprir a falta de militares?
Coronel Djan: Isso não aconteceu, houve reposição de efetivo com vários concursos, nós entramos com 400 militares no mínimo. Porém, tivemos muitos militares que foram para as reservas e muitas não voltam, porque como disse é uma profissão desgastante. Esse governo que termina agora ele foi uma revolução para o Corpo de Bombeiros Militar, de equipamentos, materiais, já tem o início de uma proposta para construção do nosso comando-geral no Parque dos Poderes, porque esse prédio onde estamos ele foi adaptado da antiga Acrissul e agora tem até a vontade deste governo que assume de construir o nosso prédio no Parque dos Poderes.
Então, a parte estrutural da corporação é outra, nesses oito anos ela passou por uma revolução. O Corpo de Bombeiros tem 52 anos e se pegar o primeiro trabalho nosso quando o Estado ainda era um [Mato Grosso] e somar tudo que foi investido em estrutura até 2022, o investimento nos últimos foi maior que toda a história. Na parte estrutural e na parte do ser humano, conseguimos que fosse mais fácil, a estruturação e reestruturação da parte material e agora a gente entra na parte que precisa de mais atenção, carinho, que é o ser humano.
O Estado: A carga horária era de 24h por 72h. Entretanto, há profissionais cumprindo 24h por 48h. Como evitar a sobrecarga?
Coronel Djan: Não tem como evitar neste trabalho. E outra a gente chega a trabalhar 24 por 24 horas em época de incêndio no Pantanal, extremamente extenuante o trabalho e não tem como evitar, é isso mesmo, a profissão exige isso. Por exemplo, Campo Grande, um incêndio de grandes proporções, em uma grande unidade, aquele militar será acionado na folga, porque estamos falando de um megaevento e não tem como e o militar sabe disso. Há décadas atrás, a nossa escala era 24 por 24 horas, depois passou para 24 por 48h, inclusive no estado de São Paulo ainda é assim, que tem um efetivo muito maior que o nosso, mas cada estado se estabelece da sua forma. Nós gostaríamos de colocar [a escala] de 24 por 96 horas para ter tempo do militar se recuperar, para ter tempo dele estudar, de se preparar. Mas isso não quer dizer que durante as 96 horas que ele não está de serviço, ele não seja solicitado para fazer um treinamento, uma atualização, que também é necessária.
O bombeiro sempre tem que estar em treinamento. A nossa escala hoje, na maioria das unidades, ela está 24 por 72 horas, só que ela é uma escala flexível, hoje nós temos 24 por 72 horas, provavelmente continuemos com essa escala nesse período de tranquilidade do clima. Nós fizemos um trabalho gigante no Pantanal nos últimos dois anos, no ano de 2021 a gente teve uma redução monstruosa na área queimada, neste ano de 2022 com ajuda do clima, nós não tivemos grandes incêndios, porém o Corpo de Bombeiros estava lá com mais de 80 homens fora de Corumbá fazendo o controle. A gente quer continuar fazendo esse trabalho que é muito importante. Então não tem como afirmar que a escala vai ficar 24 por 72 horas sempre, porque eu não sei o que vai se apresentar e essa é uma característica da vida militar quando há necessidade de acontecer. Então a gente precisa de mais afetivo? Mas eu tenho que ter uma responsabilidade fiscal com o Estado, não adianta colocar 10 mil bombeiros, não funciona assim. Isso é muito importante.
O Estado: Neste ano tivemos menos incêndios tanto florestais, como do Pantanal, e residencial, como de hipermercados. Há alguma explicação para este efeito?
Coronel Djan: Esse é um trabalho feito por duas áreas, a primeira da área urbana é feito pela diretoria de Atividades Técnicas, que responsável pela prevenção de toda essa questão de incêndio urbano, nós temos um grupo muito forte, comandados pelo Coronel Quintana e Coronel Geísa. Hoje, nós temos profissionais especialistas na área de engenharia e de arquitetura, que são os nossos analistas, apoiados pela frente principal dessa área que nas outras unidades são os oficiais combatentes, que são responsáveis tanto pelas vistorias, quantos pela análise de projetos e a gente quer ampliar dando para sociedade a visão de que somos parceiros e não um obstáculo nessa questão da fiscalização urbana. Sempre estamos abertos ao diálogo e somos um local para o empresário vir e consultar para saber o que é necessário para ter segurança na empresa.
Não existe prevenção 100%, mas a gente pode trabalhar na prevenção com maior eficiência, na questão do custo benefício de trazer para aquela edificação uma situação melhor e mais segura. E na área de incêndio florestal, onde temos aí o Pantanal, Cerrado, nossa Mata Atlântica e as fazendas, Mato Grosso do Sul é bem amplo nessa biodiversidade, nos temos o Centro de Proteção Ambiental comandando pelo Capitão Saldanha e seus militares que modernizaram e hoje nós fazemos monitoramento 24 horas por dia, qualquer dia do ano, têm militar olhando os satélites e qualquer ponto de calor identificado e é importante frisar que toda vez que é identificado um ponto de calor não quer dizer que aquilo é um incêndio, o ponto de calor tem diversas formas, ele pode ser uma queima controlada, pode ser a execução de um plano de manejo, pode ser uma área rochosa , um teto de zinco, então é feito um triagem para detecção do que é aquele ponto de calor e se for um princípio de incêndio pode ter vários pontos de calor, por isso que muitas vezes aumentar o número de pontos de calor, mas não há o aumento da área queimada. Porque uma área queimada pode gerar diversos pontos de calor. Então, com essa triagem o CPA ( Centro de Proteção Ambiental) faz o primeiro contato com o proprietário para saber o que está ocorrendo no local, nós temos uma parceria com o Imasul e onde temos acesso ao cadastro de todas as propriedades do Estado, inclusive antes mesmo a gente já consegue identificar se esse proprietário tem autorização de queima ou não, e caso ele tenha a gente já nem faz o contato, apenas mantém a observação pelo satélite para ver se não vai sair do controle e a gente também pede para que os proprietários entrem em contato com a unidade local que ele vai fazer uma queima controlada e caso ele não sinta segurança, ele pode até mesmo solicitar o acompanhamento de uma guarnição. Então essa prevenção tanto na área urbana, quanto na área florestal, ela teve uma progressão gigante nos últimos dois anos.
O Estado: O Governo encerra o mandato trazendo uma das maiores aquisições a escada Magirus, por R$ 7 milhões. O Corpo de Bombeiros de MS está preparado para grandes incêndios?
Coronel Djan: Eu acho que estamos preparados para a realidade de Mato Grosso do Sul. Acho que o Estado é hoje uma referência nacional do Corpo de Bombeiros, nossos militares são referência nacional, em competições nacionais nós somos temidos, normalmente nós levamos o pódio. Na parte estrutural, como eu disse, nós estamos totalmente reformulados, hoje para realidade de MS nós estamos preparados. Claro, que em uma grande tragédia ninguém sabe o que vai encontrar. E também não podemos esquecer que o governador já autorizou a compra de mais dois equipamentos, duas plataformas, uma vai para Dourados e outra para Três Lagoas e algum tempo teremos em outras localidades, como Corumbá, Naviraí, grande cidades, para poder fortalecer esse tipo de situação.
O Estado: Está havendo treinamento para uso da escada? Quantas operações foram necessárias o seu uso?
Coronel Djan: Diversas operações, já salvou vida, nós temos os militares especializados, que passaram por treinamento e só eles manuseiam a escada, que são os operadores. Nós buscamos agora a valorização desses militares. A escada ela é imprescindível para Campo Grande.
O Estado: O senhor vai continuar como comandante no governo Riedel?
Coronel Djan: Essa é uma pergunta que deve ser feita para o governador eleito, porque a indicação do comandante-geral é dele. Mas aconteça o que acontecer, eu estou bem tranquilo.
Por Rafaela Alves – Jornal O Estado do MS.
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