Síndrome das pernas inquietas: Quando as noites se tornam uma luta

Dr.IZAIAS-1-e1692444837274-qb52bq15bpa7d39fvikch1ngjkwlmp04wt83vbyhe0

 QUE É A SPI (SÍNDROME DAS PERNAS INQUIETAS)? 

Algumas pessoas, quando em repouso, têm uma sensação de desconforto nas pernas, que levam o indivíduo a movimentá-las com frequência, para obter uma ligeira melhora. Essa condição é denominada de Síndrome das Pernas Inquietas!

 

O QUE PODE CAUSAR A SPI? 

Acredita-se hoje que há baixos níveis de uma substância, que tem a função de levar informações do cérebro para todas as áreas do corpo, denominada dopamina, nas pessoas com SPI.

A dopamina tem também função de regular o humor, melhorando a motivação e satisfação do indivíduo. Assim, a sua diminuição gera ansiedade e depressão.

Sabe-se que a metade das pessoas que apresentam a SPI tem familiares próximos que têm os mesmos sintomas, sugerindo que essa condição pode ser herdada geneticamente

Algumas doenças, como a deficiência de ferro no sangue, a diabetes, gestação, doença de Parkinson, esclerose múltipla e insuficiência renal podem estar relacionadas a essa síndrome.

Hábitos de uso de grandes quantidades de café, de fumar e de bebidas alcoólicas, tem mostrado desencadear e aumentar os sintomas da SPI.

Uso de medicamentos antidepressivos e de anti-histamínicos (antialérgicos) também pode desencadear os movimentos involuntários e sensações estranhas nas pernas.

 

QUAIS OS SINTOMAS? 

É importante registrar que essas sensações desconfortáveis ocorrem, quase sempre, quando o indivíduo está em repouso. O que faz com que o indivíduo a sinta durante a noite, interferindo no seu descanso, o que faz que ele tenha uma noite mal dormida, um despertar cansado, com sonolência, contribuindo para ter irritabilidade e depressão.

Porém, pode ocorrer, durante o tempo que a pessoa permanecer sentada por mais tempo, como no cinema ou teatro, ou em uma reunião, o que acaba comprometendo a sua vida social e, consequentemente, sua qualidade de vida

Os sintomas variam de pequena a grande intensidade. As sensações também são variadas, como dor, formigamento, pontadas, coceira e desconforto, o que leva o indivíduo à extrema necessidade de movimentar as pernas.

Quase sempre essas manifestações ocorrem entre os joelhos e os tornozelos, mas podem ocorrer também nos braços.

A Síndrome das Pernas Inquietas pode ocorrer em qualquer faixa etária. Sendo que, nas crianças, pela dificuldade dela se expressar, a sua agitação durante o sono, com choro, movimentos das pernas e braços, pode não ser interpretada corretamente ou não valorizada, o que prejudica a identificação das causas e tratamento. 

 

DIAGNÓSTICO 

O diagnóstico da Síndrome das Pernas Inquietas é essencialmente clínico. Deve ser realizado a partir do relato do paciente e das perguntas coerentes do médico.

O exame físico geral e, especificamente, dos nervos das pernas e braços, para possível identificação de neuropatia, deve ser realizado, como testes de sensibilidade tátil e dolorosa e pesquisa dos reflexos.

Como dissemos, pode existir deficiência de ferro e outras doenças associadas, por isso, exames laboratoriais para investigação daquelas causas devem ser realizados.

 

TRATAMENTO 

O tratamento deve ser direcionado de acordo com a identificação das possíveis causas,

Reduzir ou suspender o uso do café, do tabagismo, do etilismo ou o uso de qualquer outro estimulante.

Tratamento, se houver, da doença que esteja associada.

O uso de medicamentos que estimulam a produção da dopamina tem se mostrado útil para o tratamento dos sintomas mais intensos. 

Medicamentos para controle da ansiedade também têm sido utilizados para os casos menos graves.

Algumas medidas, como banho em água quente, massagens nas pernas ou braços, calor local, levantar-se e fazer alongamentos ajudam a aliviar o sofrimento.

A prática regular de exercícios traz uma melhora significativa para os sintomas indesejáveis da Síndrome das Pernas Inquietas.

 

Professor titular da Famed da UFMS, professor do curso de pós-graduação de saúde e desenvolvimento do Centro-Oeste, da UFMS; coordenador do programa de residência médica em reumatologia, do Humap/Ebserh/UFMS; titular da cadeira 23, da Academia Brasileira de Reumatologia 

 

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