Saiba o que é a Síndrome de Guillain-Barré

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O QUE É A SÍNDROME DE GUILLIAN-BARRÉ?

Primeiramente, vamos entender o que é síndrome. É denominada síndrome um conjunto de sinais e sintomas que uma pessoa apresenta, que são comuns a doenças com causa diferentes.

Guillian e Barré foram os médicos que, em 1916, identificaram os sintomas que compõem a síndrome que leva seus nomes.

É uma doença autoimune, ou seja, o organismo passa a fazer agressão (inflamação e lesão) dos próprios nervos, podendo levar à paralisia das pernas, braços, troncos e cabeça, com a perda da força e da sensibilidade.

 

QUAIS AS CAUSAS?

A síndrome de G-B é a causa mais frequente de paralisia com perda de força dos membros no mundo. Estima-se uma incidência de 2 casos/100 mil habitantes por ano, da síndrome. Em época de surtos epidêmicos infecciosos, esse número de casos aumenta consideravelmente. Geralmente, essa doença autoimune ocorre após quadros infecciosos, como diarreia por Campylobacter, infecções por vírus: Esptein-Barr, citomegalovirus, hepatites (A, B,C), influenza, HIV, zika, chikungunya, dengue, entre outros. Também têm sido relatados casos após cirurgias, gravidez e imunização.

Esses agentes infecciosos possuem partículas de proteínas na sua estrutura, que se assemelham com as proteínas que envolvem os nervos (mielina) e, quando o organismo produz anticorpos para neutralizar essas bactérias e vírus, eles também lesam a mielina, que é responsável pela condução dos estímulos nervosos.

 

COMO A SÍNDROME G-B SE MANIFESTA?

Geralmente, o indivíduo apresenta um quadro infeccioso entre 1 a 3 semanas antes do início dos sintomas.

As queixas iniciais geralmente são dor em região da coluna lombar, com sensação de formigamento ou dormência dos pés, subindo para as pernas e coxas, evoluindo com perda da sensibilidade e da força. Essa característica de ser ascendente é muito marcante nessa síndrome, escalando progressivamente para o abdômen, tórax, pescoço e cabeça (paralisia facial e queda palpebral).

A síndrome progride entre 2 a 4 semanas e a gravidade é variável, podendo ocorrer perda da sensibilidade, sensação de formigamento e da força de grau leve à de grande intensidade, levando à paralisia dos membros e dos músculos da respiração e culminando em óbito. Após as 4 semanas iniciais, período agudo de progressão, a doença fica estável por alguns dias ou semanas, com reabilitação progressiva da sensibilidade e da força. Apenas 15% dos pacientes voltam totalmente à normalidade em 2 anos e até 5% permanecerão com sequelas.

Entre 5 a 7% vão a óbito por insuficiência respiratória, infecção, embolia etc.

Até 3% podem apresentar recidiva do quadro ao longo dos anos, independente do tratamento realizado. A evolução e o prognóstico tendem a ser piores em pessoas acima dos 50 anos.

 

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?

O diagnóstico é essencialmente clínico. O médico irá suspeitar da síndrome a partir da história clínica, da evolução dos sintomas e principalmente pelos achados no exame físico: perda da força, diminuição da sensibilidade, diminuição ou ausência de reflexos motores, pelo caráter de acometimento simétrico dos membros (muito frequente) e pela progressão ascendente.

Exames de sangue para a avaliação global do paciente são necessários, não só para afastar outras possibilidades diagnósticas, como para detectar possíveis alterações renais, hepáticas e metabólicas. O exame do líquor é de grande auxílio diagnóstico, pois há um aumento nos níveis das proteínas e sem aumento do número de células. A realização do exame de eletroneuromiografia dos membros superiores e inferiores irá mostrar as alterações decorrentes da lesão dos nervos.

 

QUAL O TRATAMENTO?

Primeiramente, o tratamento do processo infeccioso, que geralmente precede a instalação da síndrome, é imperioso.

A instituição do tratamento na fase inicial da síndrome diminui a possibilidade de evolução e da sua gravidade. O tratamento medicamentoso preconizado é feito com infusões de imunoglobulina endovenosa e plasmaferese.

A plasmaferese consiste em retirar um volume de sangue do paciente, fazer a separação do plasma e das células desse sangue colhido e depois de preparação dessas células com plasma fresco ele é reintroduzido na veia do indivíduo.

A fisioterapia motora deve ser iniciada o mais breve possível e mantida ao longo do tempo, com acompanhamento.

E-mail: [email protected]

Site: www.institutoreumato.com.br

 

Professor titular da Famed da UFMS, professor do curso de pós-graduação de Saúde e Desenvolvimento do CentroOeste, da UFMS; coordenador do programa de residência médica em reumatologia, do Humap/Ebserh/UFMS; titular da cadeira 23, da Academia Brasileira de Reumatologia

 

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