O que a Filosofia e as Ciências Humanas em geral pensam sobre Mato Grosso do Sul? Quem são os profissionais das ciências humanas em nosso estado? Quantos somos em número, raça, gênero e qualificação? Onde estamos? Do que tratam as nossas pesquisas e o nosso ensino? Qual o impacto dos nossos trabalhos no desenvolvimento científico, social e cultural de MS? Quais temas se destacam, e quais precisam de fortalecimento estratégico? Que presença temos na opinião pública estadual, e o que pensa a opinião pública sul-mato-grossense sobre nós?
O conjunto dessas questões coloca uma interrogação maior: Por que é importante pensar MS com a Filosofia e as Ciências Humanas? Detentora um saber que atravessou milênios e os mais diversos contextos históricos, sociais e políticos do Ocidente, a Filosofia possui um legado, além de incontornável, de altíssimo valor e utilidade diante da crescente complexidade da nossa vida social contemporânea. Os vários dilemas e impasses por quais passam as sociedades contemporâneas – e em MS não é diferente – colocam desafios culturais, políticos e sociais que são simplesmente irrespondíveis, e até mesmo sequer compreendidos, sem o auxílio do pensamento filosófico e das Ciências Humanas. Estas ciências – a Filosofia e as “Humanidades” – são decisivas, não apenas para uma compreensão ampla e aprofundada da nossa realidade local, como também para a criação de solução para os nossos mais diversos e desafiadores problemas. Nenhum dos nossos desafios locais, por exemplo, as questões complexas de uma economia verde e do valor da terra, encontrará solução efetiva que não passe necessariamente pela “economia do conhecimento” (científico, tecnológico, digital e, destaque-se, humano!). Sim, o fundamento de toda e qualquer ciência e tecnologia – digital ou não – sempre é o conhecimento humano. Ora, e quais são as disciplinas que, por excelência, se ocupam deste objeto, o conhecimento humano, senão a Filosofia e as Ciências Humanas?
Com efeito, se Mato Grosso do Sul é muito conhecido pela riqueza de sua natureza e por sua forte economia agro, é hora de fazê-lo igualmente conhecido por sua fecunda intelectualidade, isto é, pela produção de conhecimento humano que aqui se faz. Somos o estado de Almir Sater, Ney Matogrosso, Manoel de Barros, Aracy Balabanian, Glauce Rocha, Lídia Baís. para mencionar apenas as figuras mais famosas. Temos três grandes Universidades públicas, três grandes Universidades privadas, nosso conhecimento científico e tecnológico avança, e somos uma potência de inteligência popular, cuja origem notadamente vem da cultura indígena, pantaneira, e da nossa dupla fronteira internacional com Bolívia e Paraguai. É preciso conhecer mais e promover melhor essa face do nosso estado. MS pensa, faz ciência, produz conhecimento humano.
É nesse sentido que a partir de hoje até a última semana de novembro, o leitor d’O Estado terá a oportunidade de acompanhar semanalmente dois artigos de opinião (às quartas e sextas) sobre Filosofia e Ciências Humanas. Pesquisadores, professores, pessoas ligadas à ciência, educação e cultura do nosso estado passarão por essas páginas apresentando seus temas de pesquisa, objetos de interesse, campos de atuação, inquietações científicas, políticas, sociais e culturais, tudo isso num esforço sincero de pensar Mato Grosso do Sul e, ao mesmo tempo, abrir um canal de diálogo produtivo, necessário e urgente das “humanidades” com a opinião pública sul-mato-grossense. Todo esse trabalho se liga à Campanha do Dia Mundial da Filosofia (UNESCO) em MS, campanha que visa e criar o FEFICH: Fórum Estadual de Filosofia e Ciências Humanas, um núcleo de inteligência científica para pensar MS com a Filosofia e as Ciências Humanas.
Weiny César é Doutor em Filosofia (UNICAMP), professor do Curso de Filosofia e do Mestrado em Psicologia da UFMS. E-mail: [email protected]
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