O que faremos depois do fogo do Pantanal?

Tiago Botelho acredita
que seu nome será
definido pela militância
do PT como pré-candidato, em Dourados.|Foto: Arquivo pessoal
Tiago Botelho acredita que seu nome será definido pela militância do PT como pré-candidato, em Dourados.|Foto: Arquivo pessoal

Até novembro de 2023, foram queimados 947.925 hectares do Pantanal entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Para se ter uma noção da dimensão do estrago, tais números representam oito vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro. O fogo foi controlado graças ao trabalho árduo dos brigadistas e da chuva, fator preponderante para cessar as queimadas. 

O que chama a atenção é o despreparo dos governantes e a ausência de política de precaução e prevenção para o enfrentamento ao fogo no Pantanal, situação que, infelizmente, deixou de ser esporádica. Todo ano somos informados negativamente das queimadas por meio de manchetes de jornais com animais carbonizados, imagens áreas de verdadeiros desertos em cinzas e Mato Grosso do Sul sendo noticiado nacionalmente pela catástrofe do fogo na maior planície alagável do mundo.

Os incêndios florestais não são práticas que afetam apenas o Brasil. Em vários lugares do mundo o fogo é um problema. De acordo com dados da Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, os incêndios em Nova Gales do Sul (Austrália), no Ártico Siberiano, na costa oeste dos Estados Unidos e no Pantanal brasileiro foram os maiores, tendo como base os 18 anos de dados sobre incêndio florestais globais. Portanto, não dá para romantizar a luta contra os incêndios florestais. Este é um problema que afeta países ditos desenvolvidos e em desenvolvimento. 

O que não dá é não criarmos um amplo debate que envolva a sociedade civil, a iniciativa privada, os três poderes, as ONGs, os povos indígenas, os ribeirinhos e quilombolas e todos aqueles que estejam dispostos a pensar políticas de como diminuir os estragos do fogo no Pantanal. A percepção que temos é que a cada novo ano nos movimentamos para apagar o fogo e, após controlado, aguardamos o próximo ano e o próximo fogo. Jogar a culpa na dificuldade que é se controlar queimadas ou na ausência de recursos financeiros não são justificativas aceitáveis. Existem alternativas sustentáveis, mas insistimos em esperar o próximo fogo e, quando ele chega, um ente federado joga a responsabilidade para o outro ente federado e ambos ficam criando ações às pressas, para não demonstrarem a irresponsabilidade da ausência de políticas que verdadeiramente cuidem do Pantanal. 

Vá a Corumbá ou a Aquidauana e busque saber qual é a estrutura de combate aos incêndios no Pantanal. Se surpreenderá negativamente frente às estruturas precárias e a ausência e má remuneração dos profissionais que colocam suas vidas em risco para salvar o bioma. Em outro ponto, verá ONGs e universidades com muita dificuldade financeira denunciando e criando, junto aos povos das águas, das matas e das florestas, alternativas baratas e sustentáveis de combate ao fogo. 

Saída para barrar o fogo no Pantanal temos, mas será que quem está no poder verdadeiramente deseja que o fogo deixe de existir no Pantanal? Após as queimadas a mata vira pasto e a terra nua vira lucro para o capitalismo. Se queremos destruir o Pantanal, basta seguirmos assistindo passivamente ao fogo que mata, queima e destrói anualmente a maior riqueza natural de Mato Grosso do Sul. 

Respondendo à pergunta do título: “O que faremos depois do fogo no Pantanal?” Minha percepção é que, quem pode fazer, que é o Estado, nada fará. Esperaremos o fogo de 2024, 2025, até o fim do Pantanal.

Por – Tiago Botelho 

 

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1 thoughts on “O que faremos depois do fogo do Pantanal?”

  1. Enchentes e queimadas ocorrem todos os anos, mas a inoperância dos governos também ocorrem ano após ano. É realmente desolador a falta de compromisso dos governantes com o meio ambiente.

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