Governador Eduardo Riedel acerta ao suspender o desmatamento ‘legal’ no Pantanal

tiago botelho

O governador Eduardo Riedel, na tarde de segunda-feira (14), em coletiva à imprensa, de forma acertada, declarou que o Pantanal sul-mato-grossense vai ficar “fechado para balanço” nos próximos meses.

Isso quer dizer que ele irá, por meio de decreto, suspender novas licenças de desmatamento do bioma. A decisão vem logo após o “Fantástico”, programa da Rede Globo, denunciar, em horário nobre, no domingo (6), a tragédia que vem sendo a proteção do Pantanal sul-mato-grossense.

A matéria registra desde a última seca e do fogo criminoso que queimou um quarto do Pantanal e matou 17 milhões de animais vertebrados. Até o desmatamento “legalizado” para a monocultura da soja e a expansão da pecuária, que vem sendo o maior predador do bioma.

O Mato Grosso do Sul, de 2019 a 2022, é responsável por 90% do desmatamento do Pantanal, resultado de uma legislação desastrosa que permite que se desmate até 60% de vegetação não florestada e 50% de vegetação florestal. Mas não se trata apenas de uma denúncia jornalística, o que, por si só, já bastaria.

O próprio Ministério Público de MS divulgou um inquérito solicitando a suspensão imediata de novas concessões de desmatamento emitidas pelo Instituto de Meio Ambiente de MS (Imasul), que foi atendido pelo governo, mas outras recomendações, como o embargo da monocultura e da pecuária, ainda não.

Suspender o decreto estadual nº 14.273/2015 é uma medida acertada do governador, que mostra maturidade para não persistir com o erro que vem garantindo a legalização do desmatamento. O Pantanal é a maior riqueza de Mato Grosso do Sul. Como cuidaremos desse bioma nos colocará em holofote para o mundo. Podemos, caso mudemos nossas práticas, mostrar que é possível acoplar desenvolvimento, sustentabilidade e proteção da maior planície alagável do mundo.

Caso contrário, seremos vistos como um Estado atrasado e arcaico que, por miopia, não consegue compreender que o Pantanal tem valor a partir da integralidade de seu bioma. Após desmatado, ele vira mais uma propriedade privada que enriquece uns poucos. O que não falta em Mato Grosso do Sul é espaço para a soja, a cana e o gado. Ainda não sabemos o que vem no novo decreto governamental, mas, até o momento, é de se parabenizar o governador, pois a suspensão deixa implícito que da forma como estava não dava para prosseguir.

Legalizar o desmatamento é premiar quem comete atrocidade. Espero que o novo decreto seja à altura da importância que o Pantanal possui para Mato Grosso do Sul e para o Brasil. Para finalizar, se eu pudesse dar um recado ao governador, frente ao novo decreto que ele fará para o Pantanal, diria uma pequena frase de Manoel de Barros: “Aprendeu com a natureza o perfume de Deus”.

Por Tiago Botelho.

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