‘Doutor, estou com muita dor nas costas, pode ser dos rins?’

colunista médico

A DOR LOMBAR

A queixa muito frequente nos consultórios é de dor na região lombar. Por ser uma região das costas, que se estende desde o bordo da última costela até a parte inferior das nádegas (glúteos) e corresponde à localização renal, justifica a pergunta dos pacientes: pode ser dor nos rins? Raramente, a causa da dor é renal. A grande maioria dos motivos de dor lombar está relacionada com alterações relacionadas à coluna dessa região. Estima-se que até 85% da população vão se queixar de dor lombar em algum momento e que 20 a 25%, neste momento, estão com dor aguda. A lombalgia é uma das principais causas de afastamento do trabalho, principalmente nos indivíduos que trabalham por muito tempo sentado ou em pé, ou que exercem trabalho braçal com levantamento de peso.

CAUSAS DA LOMBALGIA

As causas mais frequentes, são relacionadas a processos traumáticos degenerativos. As causas traumáticas incluem aqueles casos de distensão/contratura muscular, que ocorre após o indivíduo permanecer por tempo prolongado em postura inadequada ou realizar um esforço físico. As lombalgias degenerativas são mais frequentes, após os 40 anos de idade, estão relacionadas à degeneração dos discos intravertebrais, ocasionando compressão das raízes do nervo ciático, pela protusão ou hérnia do núcleo pulposo discal. As causas menos frequentes são as de origem inflamatória (alguns tipos de reumatismo, como a espondilo artrite), as infecciosas (tuberculose, p. ex.), tumorais ou congênitas (má-formação).

SINTOMAS

A dor lombar pode se manifestar de forma localizada ou com irradiação para as nádegas e pernas, podendo se estender até os dedos dos pés (hálux). Pode ser referida a um lado da coluna ou dos dois lados. A dor pode ser de início agudo, com duração de até 4 semanas, de intensidade variável, que normalmente leva o indivíduo a ficar imobilizado para diminuir a dor (travado). Essa lombalgia aguda, geralmente, é decorrente de lesões traumáticas, como citado acima. Porém, a dor pode ser de início insidioso, uni ou bilateral da coluna, de evolução lenta e contínua, com duração maior que 4 semanas (crônica). É o que ocorre com as causas de origem degenerativas ou outras (tumorais, por exemplo). As de origem degenerativa decorrentes de lesão discal (hérnia, p. ex.),são as mais frequentes. Tem evolução prolongada, uni ou bilateral da coluna, com irradiação para os membros inferiores. Algumas das vezes, o paciente não consegue permanecer em pé por temo prolongado e tem diminuição da força nas pernas.

COMO RECONHECER A LOMBALGIA?

A avaliação do médico deve constar de uma história clínica completa, procurando esclarecer sobre a forma de início (súbito ou prolongado) da lombalgia, do tempo de duração, quais os fatores de melhora ou de piora da dor, investigação de sinais, como febre, emagrecimento e doenças preexistentes. O exame físico traz informações importantes sobre a localização da lesão e possível causa. Os exames de sangue devem ser abrangentes o suficiente para se ter uma avaliação do estado geral do paciente e afastar a possibilidade de doença sistêmica, concomitante ou causal. Os exames de imagem, como o raio-X, ressonância magnética ou tomografia da coluna lombar são de grande auxílio no diagnóstico, porém se deve ter muito cuidado na avaliação e interpretação dos resultados e ao correlacioná-los a sintomas. Principalmente, porque nem sempre as alterações observadas nos exames, como a presença de osteófitos (os famosos bico-de-papagaio), de protusões/ hérnias discais podem ser responsáveis pelo quadro doloroso. Não há uma correspondência direta entre a imagem obtida e a clínica do paciente, em muitas das vezes!

COMO TRATAR?

Na lombalgia de forma aguda (contratura ou estiramento muscular), geralmente, o repouso de 1 a 2 dias com postura adequada, o uso de anti-inflamatórios, relaxantes musculares e calor local, são suficientes para que, em 1 semana, haja melhora substancial do quadro. Na lombalgia de evolução crônica, o repouso inicial, o uso de anti-inflamatórios, analgésicos e tratamento específico da causa da lombalgia, vão ajudar na recuperação do paciente. A reabilitação física, por meio de exercícios orientados para cada caso, é de grande importância para o restabelecimento e manutenção do bem-estar do paciente. On-line: [email protected] e instituto reumato.com.br.

Dr. Izaias Pereira da Costa

Professor titular da Famed da UFMS, professor do curso de pós-graduação Saúde e Desenvolvimento do Centro-Oeste, da UFMS; coordenador do programa de residência médica em reumatologia, do Humap/Ebserh/UFMS; titular da cadeira 23, da Academia Brasileira de Reumatolog

Acesse também as redes sociais do O Estado Online no Facebook Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *