Na semana passada, vimos que a os mecanismos que levam a (o) paciente a sofrerem desse quadro doloroso crônico.
QUAIS OS SINTOMAS DA FIBROMIALGIA?
Normalmente os pacientes não lembram como e quando iniciou o quadro doloroso. Apenas relatam que a dor teve evolução lenta e gradual, acometendo todos os pontos do corpo: “onde me pegam dói”, relatam.
Muitas das vezes, o quadro teve início após algum evento estressante, pós-trauma físico ou psíquico, ou no curso de uma doença crônica que gera sofrimento doloroso, como artrose ou artrite, entre outras.
Via de regra, a (o) paciente tem bom estado geral, sem alguma doença que possa justificar o quadro doloroso e os exames de sangue e de imagens, são normais.
A intensidade da dor varia muito entre os indivíduos e têm dificuldade para localizar a dor. Normalmente, a dor está distribuída pelos membros, tórax e coluna. Nesses locais, quando se faz uma pressão, com pouca força, a resposta à dor é intensa e variável.
Sensação de inchaço das mãos, dos pés ou de outra parte do corpo, ou de formigamento/ dormência, são frequentes, sem que o médico constate objetivamente essas queixas.
Esses pacientes têm alteração do ritmo do sono, queixando-se de que ao acordar, sentem muito cansaço como “se um caminhão tivesse passado sobre mim”.
Outros sintomas que se relacionam diretamente, são a dificuldade de concentração, diminuição da memória, a queda da produtividade no trabalho, comprometimento da qualidade de vida.
As alterações do humor são frequentes: ansiedade, depressão, tendência a isolamento social, síndrome do pânico, entre outros.
O fato de queixarem de dor com muita frequência, as pessoas do entorno do seu ambiente, podem contribuir para o agravamento do quadro, por não terem uma explicação concreta, por falta de conhecimento, para as queixas da pessoa com fibromialgia.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
O diagnóstico é essencialmente clínico. Não há exame laboratorial que possa selar o diagnóstico. Nesse caso, o médico Reumatologista é o profissional treinado e preparado para reconhecer e tratar um paciente com fibromialgia.
Todo paciente deve ser avaliado cuidadosamente, tanto do ponto de vista clínico como laboratorial e atentar para os critérios recomendados para classificação da fibromialgia.
Esses critérios estabelecem que a dor reclamada pela paciente deva ser difusa pelo corpo, ter uma duração de pelo menos 3 meses e presença de pontos dolorosos , que estão estabelecidos.
Outros sintomas contribuem para o diagnóstico, como o cansaço para realizar atividades físicas, o acordar cansado, alterações da memória, concentração, etc., dores de cabeça, cólicas abdominais, sem causa que justifique.
TRATAMENTO
A primeira abordagem para o tratamento do indivíduo, é a informação. Deve ser esclarecido a respeito da doença, da evolução, sobre a importância do tratamento e como é fundamental a sua participação ativa no processo.
A realização de exercícios, principalmente os aeróbicos, têm sido recomendados por liberarem substâncias, como a serotonina e cortisol, que melhoram o quadro de fadiga, depressão e ansiedade. Claro que os exercícios devem ser realizados e programados para cada indivíduo, respeitando as suas limitações.
A realização de terapias psicológicas tem contribuído, de maneira significativa, para melhora dos pacientes. Entre as técnicas recomendadas a terapia cognitiva-comportamental tem se destacado.
Em relação a medicações, os antidepressivos têm sido extremamente úteis na atenuação do quadro doloroso, bem como os relaxantes musculares de ação central.
Podem ser usados ainda, analgésicos e indutores do sono.
O uso de anti-inflamatórios não se mostraram efetivos na fibromialgia.
Outras medicações estão sendo avaliadas em busca de evidências científicas que possam ser recomendadas.
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Professor titular da Famed da UFMS; professor do curso de
pós-graduação Saúde e Desenvolvimento do Centro-Oeste da
UFMS; coordenador do Programa de Residência Médica em
Reumatologia do Humap/Ebserh/UFMS; titular da cadeira
23 da Academia Brasileira de Reumatologia.