O QUE É?
A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória crônica, autoimune, que acomete a membrana que reveste as articulações (membrana sinovial) e que leva a lesões da estrutura articular, causando deformidades e limitação dos movimentos, em pacientes não tratados convenientemente.
Além das juntas, outros sistemas também podem ser acometidos, como a pele, olhos, pulmões, sistema digestivo, coração, rins, entre outros.
É FREQUENTE NA POPULAÇÃO?
Entre as doenças inflamatórias reumáticas, é uma das mais comuns, atingindo em torno de 1% da população geral.
Embora possa ocorrer na infância, tem uma frequência maior na população adulta, a partir dos 30 anos.
QUAL A CAUSA?
A primeira condição para que ela ocorra é que o indivíduo tenha predisposição imunogenética. Essa condição genética, quando aliada a fatores ambientais, como tabagismo, infecções, inflamações da gengiva (periodontite), alterações da flora intestinal, produzem algumas proteínas que ativam o sistema imunológico a produzir, em grande quantidade, substâncias inflamatórias, que irão acarretar lesões nas estruturas.
QUAIS OS SINTOMAS?
A doença inicia, via de regra, de forma lenta e progressiva. Comumente, os sintomas articulares são os primeiros a se manifestar.
Nas mãos, as primeiras queixas são de certa rigidez das articulações dos dedos, ocasionando certa dificuldade para a pessoa fechá-la. Segue com dor nas articulações dos dedos, com inchaço local e dificuldade para abrir uma torneira, por exemplo.
Os punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos, ombros, articulação da mandíbula (temporo-mandibular), são acometidos, com processo de dor ou incapacidade realizar os movimentos e aumento de volume (inchaço). Esse acometimento articular costuma ocorrer sempre dos dois lados do corpo, de forma simétrica.
Os pulmões podem ser acometidos, levando a processo inflamatório, com lesão do órgão, podendo chegar à insuficiência respiratória. Os olhos sofrem processo inflamatório, levando o indivíduo a achar que é uma conjuntivite simples e, na verdade, se não tratada, pode levar a complicações sérias, com perda da visão. As glândulas lacrimais também são acometidas, acarretando diminuição ou perda da lágrima.
As glândulas salivares, do estômago e intestino podem sofrer processo inflamatório, com perda da saliva, alteração dos líquidos gastrointestinais, propiciando dificuldade da digestão, prisão de ventre e atividade inflamatória. Na pele, podem surgir caroços, principalmente em região do antebraço (nódulos reumatoides), ou ainda processos inflamatórios com lesão ulcerada (vasculite). No sangue, observamos anemia com muita frequência.
No coração, o processo inflamatório, mais frequente, se dá na membrana que o recobre (pericárdio), ocasionando o derrame pericárdico, que é o aumento de líquido em torno do coração. Outros locais como os nervos, alterações psiquiátricas e rins, também podem ser acometidos.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
É importante salientar que o diagnóstico, no início dos sintomas, e o tratamento adequado são de suma importância para uma melhor evolução da doença e para prevenir deformidades. Para tanto, a consulta com um reumatologista é vital para o reconhecimento da doença e seu tratamento.
O diagnóstico tem por base a história clínica da doença e o exame físico a ser cuidadosamente realizado pelo médico.
Os exames de sangue nos ajudam muito no diagnóstico. A pesquisa das proteínas inflamatórias, dos autoanticorpos (como o fator reumatóide e outros), além de avaliação global do paciente, com o objetivo de ver a presença de outras alterações, como a diabete, doenças infecciosas, alterações do ácido úrico, colesterol etc., é de suma importância para escolher o melhor tratamento para o indivíduo.
Os exames de imagem, como ultrassonografia, RX, ressonância magnética ou tomografia computadorizada dos locais acometidos, são necessários para uma completa avaliação do paciente.
QUAL O TRATAMENTO?
Para o tratamento, é necessário que ao paciente seja explicada a doença e que o mesmo participe da tomada de decisão, a respeito da melhor conduta. O uso de anti-inflamatórios, com ou sem corticoides, são necessários para, em um primeiro momento, diminuir a dor e a atividade inflamatória.
Os imunossupressores têm um papel importante no tratamento, no sentido de se conseguir uma interrupção da progressão da doença, permitir redução ou retirada dos anti-inflamatórios ou corticoides.
O tratamento de outras alterações ou doenças concomitantes devem ser corrigidas e tratadas convenientemente. A reabilitação física, por meio de exercícios orientados, traz grande auxílio para a reabilitação do paciente.
O tratamento precoce e o acompanhamento frequente pelo médico são fundamentais para uma boa evolução da artrite reumatoide.
E-mail: [email protected].
Site: www.institutoreumato.com.br.
Professor titular da Famed da UFMS, professor do curso de pós-graduação de saúde e desenvolvimento do Centro-Oeste, da UFMS; coordenador do programa de residência médica em reumatologia, do Humap/Ebserh/UFMS; titular da cadeira 23, da Academia Brasileira de Reumatologia
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