Cabe amor na política?

Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Muitas coisas que vocês lerão na nossa coluna passa pela minha experiência no mundo da política, que é bem recente, portanto, estou aprendendo entre erros e acertos. Minha mãe, antes de eu decidir me candidatar ao Senado, em um almoço de família, me perguntou se estava realmente disposto a viver os dissabores que estar na política leva pois, para ela, apesar de a política ser o espaço de transformação para o melhor da vida em sociedade, parcela dos políticos a transformam em um espaço duro e de falta de amor. Desde aquele dia sempre me pergunto: cabe amor na política?

Recentemente, passei pela prova do quão amargo pode ser estar na política. Vivi, pela primeira vez, uma campanha de ódio e disseminação de mentiras nas redes contra a minha pessoa. Fui atacado, ameaçado de morte e de violência física. É obvio que, imediatamente, lembrei do dia que minha mãe me falou da ausência de amor na política e se estaria, realmente, disposto a me colocar nesse lugar. Digo aos leitores que estou disposto a estar nesse lugar e que acredito que há amor na política, mesmo sabendo que deturparam a política e a transformaram em politicagem, justificando, portanto, a propagação da intolerância, o desrespeito à opinião divergente e a implementação da lógica de que tudo vale por curtidas nas redes sociais, inclusive propagar mentiras e destruir a imagem daquele que é tido como adversário.

Para mim, a política pode ser amorosa, mesmo tendo divergências no campo das ideias. Quem se coloca à disposição da sociedade precisa estar preparado para receber críticas, dentro do campo das ideias, pois são elas que nos movem e muitas vezes exigem que mudemos o percurso, seja por estarmos equivocados ou para melhorarmos nossas ideias. Tenho absoluta certeza de que terei muitas divergências no campo das ideias com o governador Eduardo Riedel, por exemplo, pois pensamos política diferente e isso deveria estar tudo bem.

Entretanto, jamais usarei da oposição política para atacar a imagem ou a honra dele ou dos familiares. Posso e devo divergir das ações do governador. Assim como do presidente Lula, que posso e devo divergir no campo das ideias, quando não concordar com suas decisões políticas. Ocorre que não é isso que majoritariamente vem acontecendo. Destruir a imagem, a reputação e a vida de quem pensar diferente é a regra. Usar mentiras e discurso de ódio engaja mais que a verdade, a ciência, o diálogo e a tolerância nas redes sociais.

Na saga da lacração, vale tudo por uma curtida, inclusive o desamor, a intolerância e o preconceito. Você pode estar se perguntando, mas depois de tudo isso que escreveu, você ainda acredita que há amor na política? Sim, pois, para mim, o amor é um ato político e a boa política nasce do amor. É a política que pode, por meio de ações, tirar da rua quem não tem casa, dar de comer a uma criança faminta, proteger o meio ambiente, salvar vidas por meio do SUS, construir uma estrutura econômica que coloque as pessoas no centro, legislar favoravelmente ao trabalhador e educar uma sociedade por meio de uma pedagogia amorosa que construa seres humanos cidadãos preparados para a vida em sociedade.

O desamor não está na política, mas na politicagem, que é a utilização da política de forma totalmente deturpada, para interesses pessoais, de troca de favores e de realizações insignificantes. Saio dessa avalanche de ódio ainda mais certo da resposta que dei a minha mãe. Há amor na política, há política no amor. Como afirma Martin Luther King, pastor e político: “Eu decidi ficar com o amor. O ódio é um fardo muito grande para suportar”. Se eu não acreditasse que existisse amor na política, jamais me colocaria à disposição, nesse espaço.

Por Tiago Botelho.

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