Linha de produção une fiéis e tem até história de conversão ao catolicismo graças ao tradicional bolo
Entre batedeiras, formas, massa de pão de ló e sorrisos de quem está satisfeito com o trabalho prestado, voluntários dão seguimento à tradição do Bolo de Santo Antônio, marca registrada da Capital durante as celebrações do dia 13 de junho, dia do santo que é padroeiro da cidade. Ao todo, cerca de 100 fiéis trabalham incansavelmente, em diversas frentes, sempre movidos pela fé, pela gratidão por graças alcançadas e, também, como forma de propagar as bênçãos recebidas.
Na cozinha da Catedral Nossa Senhora da Abadia e Santo Antônio de Pádua, desde o dia 3 de junho, há uma verdadeira linha de produção, com fornos e máquinas com capacidade industrial e pessoas com a boa vontade de dar a sua contribuição para a tradição da Igreja Católica, que atravessa gerações.
Enquanto a massa de pão de ló é feita, outras pessoas trabalham na confecção do recheio de baunilha e chocolate. Já, outra equipe se dedica para desformar e recortar todos os pedaços. Enquanto isso, no salão paroquial, outras mulheres trabalham na montagem do potinho com o bolo, se dedicando a cada detalhe, até que tudo esteja pronto para que seja refrigerado e armazenado, até o dia 13 de junho, quando será distribuído. Ali cada trabalho é importante.
De acordo com Fernanda Corrêa, que coordena os trabalhos pelo terceiro ano consecutivo, todos os dias são preparadas 240 formas de bolo, que, ao final de duas semanas, renderão os 17 mil potinhos individuais, dos quais 3 mil terão uma aliança. De acordo com a tradição, o fiel que encontrar alguma dessas alianças se casará em breve.
Para incrementar ainda mais a procura e a expectativa de conseguir um casamento por intercessão de Santo Antônio, este ano, a Catedral também colocará nos bolos dois pares de aliança feita em ouro.
“Essas ficarão bem guardadas e no bolo vai um cartãozinho, um vale-aliança. Não vamos colocar elas direto no bolo por causa do valor”, explica a coordenadora.
Todas as alianças, incluindo os dois pares de ouro, serão colocados de forma aleatória por uma equipe de três pessoas. Após a inserção dos objetos, todos os bolos são misturados, assim, nem mesmo quem trabalhou nesta etapa, sabe onde elas estarão escondidas.
“Outra coisa muito importante é que as pessoas escolhidas para trabalhar na produção do bolo precisam seguir há um tempo aqui com a gente. O padre sempre pede para que sejam pessoas que se dedicam e não estão só na parte boa da fé, mas que também trabalham, porque isso é muito importante”, detalha Fernanda.
Confeiteira profissional, a fiel conta que se sente feliz por estar na coordenação pela terceira vez e, mesmo tendo seu ateliê, onde faz a produção de bolos e doces por encomenda, se desdobra para conseguir estar presente todos os dias na Catedral durante este período.
“As pessoas às vezes não entendem porque deixo meu trabalho de lado para me dedicar aqui, mas isso é tudo pela minha fé. A fé em Santo Antônio me dá ânimo para me desdobrar para atender as duas coisas”, afirma.

Foto: Roberta Martins
Voluntários se unem com o propósito de servir
Julia Rafaela Lima, de 21 anos, conta que se converteu ao catolicismo no dia 13 de junho do ano passado, quando comprou o bolo por incentivo de amigos que já frequentavam a paróquia. De acordo com ela, a alegria que envolvia os voluntários a conquistou logo de primeira e, este ano, no dia de Santo Antônio, comemorará 1 ano de conversão.
“No ano passado eu vim apenas para buscar o meu bolo, mas o padre me chamou para auxiliar e trabalhando com eles eu senti um amor tão grande pela fé que eu simplesmente decidi seguir na comunidade. Foi o bolo de Santo Antônio que me trouxe até aqui.
Ainda segundo seu relato, ela apenas comprou o bolo por incentivo de amigos, que já faziam parte da Paróquia e, apesar de não encontrar a aliança, teve um encontro muito maior, que envolve fé e amor por Santo Antônio.
“Para mim, Santo Antônio é como um pai. A vida dele me inspira muito e retribuo isso fazendo o bolo que me trouxe para essa festa e para a Igreja”, pontuou.
Quem também é movida pela fé e alegria de servir e retribuir todas as coisas boas que acontecem em sua vida, é a Fernanda Matos, de 52 anos. Este ano, ela coordena a parte da produção dos recheios.
“O que me motiva a estar aqui todos os dias é a gratidão por Santo Antônio e por todas as bênçãos que ele intercede na minha vida, na minha família e na comunidade. Esse trabalho nos fortalece e nos une cada vez mais”, declara.
Fernanda, assim como outras voluntárias, passa o dia na linha de produção do bolo, que funciona na cozinha da Catedral. Para ela, este é um tempo de dedicação especial e exclusiva ao santo e a este trabalho.
“É uma oportunidade que temos para levar nossa fé para toda a população. Eu chego de manhã e vou embora só à noite, nesta época eu me dedico exclusivamente para Santo Antônio”, completa a advogada, que em 2025 completa seu sétimo ano como fiel da paróquia.
“As pessoas às vezes criticam ou perguntam porque eu deixo meu trabalho pessoal um pouco de lado para vir fazer o bolo na igreja, mas faço isso pela fé que tenho em Santo Antônio. É essa fé que nos move aqui”, conta Fernando, reforçando que tem uma pessoa que a auxilia em suas encomendas pessoais e, sempre que dá tempo, também trabalha no ateliê.
Iniciando na linha de produção do bolo, Giovanna Gomes Mascarenhas, de apenas 20 anos, conta que conheceu Santo Antônio durante o acampamento juvenil promovido pela Paróquia, momento que ela classifica como maravilhoso. Além disso, seu gosto por trabalhos manuais despertou o interesse em fazer parte da montagem do bolo.
“Eu acho lindo quando o trabalho tem um motivo, mas acho ainda mais lindo quando servimos à Deus, então, acho que o propósito maior é servir. Estou me sentindo feliz nesse meu primeiro dia aqui”, afirma.
Mudanças para este ano
Além dos pares de alianças de ouro, outra novidade neste ano é o formato do bolo. Servido pronto no potinho individual e com sistema de retirada por drive-thru desde a pandemia, em 2020, agora o bolo está sendo feito no formato quadrado.
De acordo com Fernanda Corrêa, essa mudança aconteceu por motivos de economia e para dar melhor aproveitamento nas fornadas, que são feitas como um grande bolo e recortadas com um molde no formato de preferência.
“Quando o formato era redondo a cada recorte feito sobravam muitos ‘retalhos’. Nada era jogado fora, a gente doava, as pessoas levavam pra casa, mas, neste novo formato, o aproveitamento é muito melhor, até mesmo pelo custo da produção”, afirmou.
Até o ano passado, cada forma de bolo rendia 28 pedaços, mas, com a mudança, agora, são feitos 45, sendo que cada bolo leva duas fatias entre os recheios de creme de baunilha e creme de chocolate.
Cada pote individual do bolo está sendo vendido à R$15,00 e poderá ser retirado exclusivamente no dia 13 de junho, dia de Santo Antônio, feriado na Capital. Os convites podem ser comprados com os paroquianos, após a missa ou na secretaria da Catedral, nos seguintes horários.
Serviço:
Segunda-feira das 13h30 às 17h30
Terça à sexta-feira das 7h30 às 17h30
Sábado das 7h30 às 11 h.
Por Ana Clara Santos
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