Terminal Morenão foi palco da mobilização pela manutenção de R$ 4,75 até que o Consórcio cumpra com obrigações
A manifestação realizada no fim da tarde de ontem (29) reuniu usuários do transporte público que exigem a revogação do reajuste da tarifa e melhorias na qualidade do serviço prestado pelo Consórcio Guaicurus. O aumento, aplicado na última quinta-feira (23), foi de 3,51%, elevando a passagem de R$ 4,75 para R$ 4,95.
O protesto ocorreu no Terminal Morenão a partir das 18h e contou com a participação de aproximadamente 100 usuários, que expressaram indignação com o reajuste e a precariedade do serviço.
De acordo com passageiros, o Consórcio Guaicurus não justifica o aumento da tarifa, uma vez que o transporte público apresenta problemas como frota reduzida, falhas no funcionamento, superlotação e calor excessivo devido à infraestrutura precária.
No Terminal Morenão a usuária do transporte coletivo Ivone Ramos contou para a reportagem que para chegar até o seu bairro Jardim das Nasções só tem uma linha e por isso, os veículos estão sempre abarrotados de gente. “Eu perdi o ônibus da linha Pioneiros de 17h, agora ele só vai voltar a passar 18h30 e toda vez que ele passa pelo meu bairro você não consegue passar pela catraca, ele vem cheio. não tem como usar. A passagem é alta e a gente não tem benefício nenhum. A vida inteira eu pego ônibus e é sempre o mesmo sofrimento”, lamentou.
A jovem Thais de Freitas, 18 anos, auxiliar de recepção, contou para a reportagem que estava participando para dar voz a tantas outras pessoas que não puderam estar presentes e cita que o sistema é precário e inacessível para quem possui algum tipo de deficiência física.
“Quero deixar claro a minha indignação, principalmente, as linhas dos bairros, eles colocam os piores veículos, até a cordinha não funcinoa e temos que gritar para o motorista parar, já vi cadeirantes sendo abadnonados nos pontos porque o elevador do ônibus não estava funcionando. A tarifa não condiz com o serviço precário. Até hoje só andei em dois veículos com ar-condicionado, acho que temos que manifestar mais vezes”.
Um dos organizadores da mobilização, conhecido como Du Mato explicou que o poder público na figura da prefeita municipal, Adriane Lopes deveria olhar para os usuários do transporte com mais respeito. “Estamos aqui para manifestar por mobilidade, a prefeita Adriane Lopes deve olhar para a dignidade humana e não com descaso”.
Mobilização pacífica
Os organizadores prezaram por uma manifestação pacífica distribuindo, antes do ato, orientações aos participantes, como:
“Não vandalize o espaço, seja com tinta, lixo ou qualquer outro material. Isso pode colocar todo o ato em risco.”
“Não revide provocações e evite atritos com as forças de segurança. É importante ouvir, saber se comunicar e manter o controle da situação.”
“Siga as orientações das pessoas responsáveis pela segurança do ato e, em caso de problemas, comunique imediatamente.”
O protesto também recebeu apoio de políticos locais. A bancada do PT (Partido dos Trabalhadores) manifestou solidariedade à mobilização popular, e os vereadores Jean Ferreira, Luiza Ribeiro e Landmark, além da deputada federal Camila Jara, auxiliaram na organização do evento.
CPI do Consórcio Guaicurus
Conforme noticiado pelo jornal O Estado na edição de quarta-feira (29), a Câmara Municipal de Campo Grande ainda não conseguiu reunir as 10 assinaturas necessárias para abrir uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o Consórcio Guaicurus e a gestão do transporte público na cidade. Até o momento, oito vereadores assinaram o pedido, número ainda insuficiente para a instalação da comissão.
Entre os parlamentares que ainda não aderiram à iniciativa estão nomes de peso, como os veteranos Carlão Borges, Marquinhos Trad, Beto Avelar e Clodoilson Pires. Em 2021, um pedido semelhante foi arquivado após o número de assinaturas não ser alcançado.
Por Ana Cavalcante
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