A mudança será discutida nesta terça-feira em Brasília em caráter de urgência
Como uma alternativa para lidar com a estiagem que atinge o país, o retorno do horário de verão será discutido pelo Ministério de Minas e Energia nesta terça-feira (14). O objetivo é o de diminuir a dependência de hidrelétricas e fazer o uso moderado de termelétricas em horário de pico, levando à economia no valor do consumo final. Caso a medida seja adotada pelo governo, terá um prazo de 20 dias para ser implementada.
A expectativa é de que o horário de verão não impacte no segundo turno da eleição, marcado para o dia 27 deste mês. “Se ele for decretado, não pega a eleição, porque tem que ter no mínimo 20 dias para que setores extremamente importantes se planejem, como o setor aéreo por causa das conexões internacionais e outros setores também, como segurança pública”, afirmou o ministro da pasta, Alexandre Silveira.
Como metade da energia brasileira é produzida por meio de hidrelétricas, Silveira ressalta que o país vive a pior crise hídrica dos últimos 73 anos. Com o avanço de uma hora no relógio, autoridades discutem se a alternativa pode ser uma medida de eficiência energética. “Se nós não tivéssemos feito medidas preventivas, como diminuir a vazão de Jupiá e Porto Primavera, preservando 11% de água doce nos nossos reservatórios, hoje nós teríamos problema energético no Brasil. Temos tranquilidade para este período, mas temos que nos equilibrar entre segurança e modicidade tarifária e temos que preparar também o planejamento para 2026”, comentou.
Devido ao cenário atual, reservatórios de hidrelétricas diminuem e disparam o aumento no uso de eletrodomésticos. Segundo estudo realizado pela ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), a mudança no horário leva ao alto consumo à noite e ao longo da madrugada, com o uso de ar-condicionado e ventiladores devido ao calor entre a meia-noite e as 7 horas da manhã. Para Silveira, “o resumo da ópera é que, se houver risco energético, não interessa outro assunto a não ser fazer o horário de verão”.
Para a presidente do Concen-MS (Conselho de Consumidores das Áreas de Concessão da Energisa MS), Rosimeire Costa, a proposta visa à economia e evita a sobrecarga no sistema de energia no país. “Com o avanço no horário, segundo especialistas, será economizado em torno de 400 milhões de reais. Por quê? Se EU chego no horário de pico em casa, a criança vai tomar banho, liga a televisão, abre e fecha a geladeira. Se ainda estiver claro, eu vou retardar esse acionamento, é quase como se evitasse uma sobrecarga. Além disso, pagamos a contribuição de iluminação pública. Pagamos também a fatura de energia elétrica da iluminação pública. Tudo isso impacta a conta”, explica. A adoção do horário de verão pode resultar em uma diminuição até 2,9% da demanda máxima de energia elétrica, e em uma economia próxima a R$ 400 milhões para a operação do SIN (Sistema Interligado Nacional) apenas entre os meses de outubro e fevereiro. A estimativa consta de uma nota técnica divulgada pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
O último horário de verão foi instituído em 2019. Na prática, a medida atingiu os seguintes estados: Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Região Centro-Oeste, Sul e Sudeste.
Por Ana Cavalcante
Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.
Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.