Queimadas são apontadas como a causa para degradação de 9% do Pantanal em cinco anos

Com focos na região
do Nabileque,
caracteristicas da área
dificultam o combate
Brigadistas atuam
durante o dia e durante
a noite, para que o fogo
não se propague (Foto: 
Álvaro Rezende )
Com focos na região do Nabileque, caracteristicas da área dificultam o combate Brigadistas atuam durante o dia e durante a noite, para que o fogo não se propague (Foto: Álvaro Rezende )

MapBiomas cita que mesmo convivendo com o fogo, áreas sensíveis foram as mais prejudicadas

Uma nova plataforma da rede MapBiomas indica que no Pantanal, a área degradada pode variar de 800 mil hectares (6,8%) até 2,1 milhões de hectares (quase 19%). Embora seja um bioma que convive com o fogo, a incidência de incêndios nos últimos cinco anos fez com que 9% das formações florestais no Bioma, que são áreas sensíveis ao fogo, tenham sido prejudicadas.

Eduardo Rosa, da equipe Pantanal do MapBiomas, ressalta que alguns dos vetores de degradação do Pantanal que extrapolam a análise aqui proposta devem levar em consideração todo o entorno do bioma, uma vez que todos os rios que irrigam naturalmente a planície pantaneira nascem em áreas de planalto.
“A remoção de vegetação nativa para a expansão agrícola e pecuária desprotege o solo e interfere na distribuição de água e sedimentos. A quantidade e a qualidade de água que chega na planície depende, ainda, de barragens e hidrelétricas que alteram os fluxos naturais da água”, detalha. “Questões climáticas relativas a precipitação e temperatura regulam as secas e inundações. O aumento de períodos de estiagem tem dificultado a resiliência do ecossistema pantaneiro”, acrescenta.

Atualmente, oito equipes seguem em campo na região do Nabileque, são mais de duas semanas de ações durante o dia e à noite. A região do Nabileque está próxima ao Buraco das Piranhas, ao sul da BR-262. Estão em campo equipes do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul, com apoio da Força Nacional e bombeiros do Distrito Federal, em ação conjunta na região que fica a sudeste de Corumbá.

O tenente Randolfo Rocha conta que o combate se torna mais difícil pelas características da região. “Aqui tem uma árvore chamada carandá, que é um coqueiro que quando pega fogo, as fagulhas vão por centenas de metros de distância, o que gera focos secundários, que ultrapassam nossos aceiros e linha de defesa”, explica.

Os trabalhos têm o apoio dos fazendeiros locais e moradores que ajudam abrindo caminho com tratores, britadeiras e maquinários agrícolas. Também seguem em campo para ajudar a conter o fogo.
Além dos militares da Força Nacional, o Governo de Mato Grosso do Sul recebeu apoio de bombeiros de outros estados, entre eles combatentes do Distrito Federal.

O sargento Felipe Inácio é um destes militares estão ajudando nos trabalhos da região do Nabileque. “Cheguei na quarta-feira aqui na região e já fui para o combate a tarde e a noite. O Pantanal é uma riqueza mundial. A maior planície alagada do planeta, com maior concentração de pássaros e uma vegetação ímpar. Um local que é muito difícil para fazer o combate, mas estamos nos empenhando”, reforça.

Mata Atlântica é o bioma mais degradado

O cenário de degradação se repete por outros biomas do Brasil. A nova plataforma indica que entre 1986 e 2021 o país apresentou entre 11% e 25% de sua vegetação nativa suscetível ao processo de degradação. Isso corresponde a uma área que pode ir de 60,3 milhões de hectares até 135 milhões de hectares.

Os maiores valores proporcionais de áreas suscetíveis ao processo de degradação são observados na Mata Atlântica. Considerando o intervalo entre um cenário mais restritivo e outro mais amplo, esses valores podem variar entre 36% (12 milhões de hectares) e 73% (24 milhões de hectares) da área de vegetação nativa que ainda resta no bioma.

Por outro lado, o intervalo com maior área absoluta degradada do Brasil fica no Cerrado, onde a degradação pode ir de 18,3 milhões de hectares a 43 milhões de hectares – área que corresponde a 19,2% e 45,3% da vegetação nativa remanescente no bioma, respectivamente.

Além disso, no maior bioma brasileiro, a Amazônia, exibe percentuais baixos: de 5,4% a 9,8%. Em extensão, no entanto, os números a colocam na vice-liderança dos biomas mais degradados: de quase 19 milhões de hectares a 34 milhões de hectares – extensão menor apenas que a do Cerrado.

Por Michelly Perez

 

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