Com 396 hectares de plantas, local se transformou no novo ponto turístico de Campo Grande
Nas últimas semanas, imagens da plantação de girassóis da fazenda Cinco Estrelas, localizada ao lado da termelétrica William Arjona, no distrito do Indubrasil, em Campo Grande, tomaram conta das redes sociais. Sucesso este que pegou até mesmo João Carlos Stefanello, proprietário do local, de surpresa. Contudo, além da alta demanda de visitantes, o fato que chamou a atenção do produtor rural foi a educação e o respeito que os campo-grandenses estão tendo para com as plantas. A estimativa é de que, nos finais de semana, cerca de 2 mil carros passem pelo local
A equipe do jornal O Estado visitou a fazenda Cinco Estrelas, na companhia de Carlos Stefanello, orgulhoso por toda a trajetória de sucesso consolidada, até este momento. Ele relembrou o início do plantio na propriedade, em 1985. Foi um convite feito pelo proprietário, que guarda com carinho a primeira reportagem do jornal, quando a plantação de girassóis estava sendo iniciada, no dia 27 de julho de 2018, denominada: “Senhor dos Girassóis”.
“Esta fazenda é nossa desde 1985, mas eu planto girassol desde 1981, no Estado do Mato Grosso. O girassol pode ser plantado de fevereiro até junho. Este ano, eu plantei bem no finalzinho, para tentar ter flor para agora, para fazer o ensaio fotográfico da minha filha. Além disso, este ano choveu muito e a máquina não entrava para plantar, por que quando chove demais temos que nos adaptar. A colheita acontece no fim de outubro, mas a flor bonita dura mais uns 5 dias, só”, destacou.
Mesmo com o plantio desde 1985, a paisagem diferente só foi descoberta pelos campo- -grandense em 2016. Desde então, ano após ano, o cenário tem sido palco de diversos ensaios fotográficos e, até mesmo, tem-se tornado um ponto turístico que, nas redes sociais, já chegou a ser comparado com a Orla do Aeroporto Internacional da Capital. Questionado se, em algum momento, imaginou que a sua propriedade se tornaria o sucesso que é hoje, Stefanello nega e destaca que começou a enxergar o local com outros olhos, desde que tudo isso aconteceu.
“O que me encanta é a simplicidade das pessoas que vêm aqui, dos mais eruditos aos mais simples e veem a lavoura de uma forma diferente da que a gente enxerga, que é com uma visão de lucro, de ganho. Eles veem a beleza da lavoura, o romantismo, a alegria, o encantamento pelos insetos que estão na flor e é uma forma totalmente nova daquilo que o empresário está habituado a procurar num negócio. Conversei com muitas pessoas e a alegria delas em ver a simplicidade de uma lavoura me deixou pasmo. Porque eu não tinha essa visão, da beleza da coisa, tinha a visão financeira, de tirar lucro. Mas eu fiquei muito feliz em saber que elas chegam alegres e saem ainda mais alegres, deixando uma energia boa aqui para nós, da fazenda”, pontuou.
O produtor ainda relembrou que, desde o início das visitações, percebe uma mudança no comportamento dos visitantes. Algo que, para ele, foi ainda mais surpreendente. Vale lembrar que, em 2018, imagens dos girassóis derrubados e o descuido de alguns visitantes ganhou repercussão na internet, alguns cogitaram até mesmo a necessidade de o local ser cercado, na tentativa de limitar estragos. Ação que Stefanello não apoiou, mantendo a visitação gratuita e liberada para todos. Contudo, neste ano, mesmo com o volume maior de visitantes, o cenário é outro.
“Em 2017 e 2018, já teve uma procura muito grande. Desde 2016, que começou a ter uma visitação forte e esse ano superou, está muito mais. No começo das visitações, vimos gente saindo daqui levando girassóis e sem nenhum cuidado com as plantas. Mas agora, toda hora vem um carro, gente de perto, outros de longe, de vários Estados. E uma coisa que me surpreendeu: a educação dos campo-grandenses, o respeito pela propriedade alheia. O pessoal vem, tira foto, acampa, senta, toma tereré e neste ano não tivemos nenhum estrago. Os visitantes estão dando exemplo de uma educação extrema e isso é algo bom. Foi uma coisa que nos surpreendeu e ficamos alegres, por que, meio sem querer, estamos proporcionando um momento de alegria às pessoas. Aqui, já tivemos noivas, fotos para festas de 15 anos, crianças, muitas mulheres grávidas fazendo ensaios fotográficos, pessoas de todos os tipos”, comemorou.
Com amplo conhecimento, o proprietário da fazenda Cinco Estrelas desmistifica um dos grandes mitos relacionados ao girassol e afirma que as plantas não giram em direção ao sol o tempo todo. “Aquela história de que o girassol gira durante o dia é mentira, ele gira só enquanto é novinho. Depois que ele floresce, ele já fica virado para o sol nascente. E vai formando o grão, ele vai ficando maior, mais pesado e ele fica virado para baixo, para se proteger da chuva, é uma defesa que ele tem”, contou.
Mesmo colhendo as alegrias proporcionadas pela plantação, o responsável pelo maior plantio de Campo Grande destaca que a falta de pesquisas voltadas para o girassol ainda é um dos fatores que limitam uma produção maior. “Um dos motivos que a lavoura de girassóis não toma corpo e não somos os melhores produtores do mundo é pela falta de pesquisa. Tem variedades que se desenvolvem melhor no norte do Estado, já outras no Paraná, Roraima, mas o Brasil produz girassol do Rio Grande do Sul, até Roraima, é só adaptar a variedade”, explicou.
Entrando na última semana de visitações, Carlos Stefanello já adianta que, para o próximo ano, os visitantes poderão encontrar algumas mudanças e até mesmo, com novas cores. “Para o próximo ano, talvez plantemos junto com o girassol algum tipo de flor para dar contraste, por que no ano que vem, provavelmente, terei o casamento das minhas filhas por aqui, então o girassol, provavelmente, tenha de novo e eu devo implantar ou a linhaça ou a lavanda, que dá aquela flor lilás bonitinha, para dar contraste”, revelou.
Por Michelly Perez – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.
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