Antecipação de aumento de casos de SRAG acende alerta para alta nas hospitalizações em MS
A secretária municipal de saúde, Rosana Leite, confirmou ao Jornal O Estado que já iniciou as buscas por contratualizações de leitos em Campo Grande. A expectativa é de que ainda nesta quarta-feira (26), os hospitais filantrópicos enviem a resposta se possuem capacidade para disponibilização de leitos para a rede pública municipal.
“Enviamos ofícios solicitando a possibilidade de ampliação de leitos (adultos e pediátricos) aos hospitais públicos. Com a negativa, enviamos a todos os filantrópicos o mesmo ofício. Caso haja negativa, soltaremos um credenciamento, o qual os privados podem aderir. Esperamos a resposta dos filantrópicos”, disse Rosana Leite ao Jornal O Estado.
Vale lembrar que o Jornal O Estado já noticiou que a Santa Casa está improvisando leitos nos corredores e solicitou via ofício que o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) não envie novos pacientes no pronto-socorro da unidade. O hospital tomou a decisão levando em conta a superlotação e falta de insumos para os atendimentos. Além disso, o Hospital Universitário, que só recebe pacientes regulados, também confirmou que, no momento, conta com pacientes acima da capacidade instalada, principalmente, pacientes adultos com doenças que necessitam tratamento clínico (não cirúrgico).
Mais de 4 mil pacientes na urgência
Conforme boletim divulgado ontem (25) pela Sesau, entre os dias 16 e 22 de março, foram registrados 4.085 atendimentos nas urgências e 974 pacientes atendidos na atenção básica, que resultaram em 473 notificações de Síndromes Respiratórias Agudas Graves, das quais 192 amostras foram confirmadas e 101 seguem em investigação.
Diante da maior demanda no dia 17 de março, foram confirmados mais de 900 atendimentos de Doenças Relacionadas ao Aparelho Respiratório por dia. Com base na análise dos últimos 7 dias, foi possível confirmar 14 óbitos em Campo Grande, dos quais 8 foram por covid-19, 4 por Influenza, 1 por Rinovírus e outro por Adenovírus. Além disso, dois casos seguem em investigação.
Plano de Contingência
Na segunda-feira (24), a Secretaria Municipal de Saúde já tinha informado que está implementando um conjunto de medidas emergenciais para enfrentar a superlotação nas unidades de urgência e emergência, que operam em estado de capacidade plena. O aumento expressivo de atendimentos nos últimos dias, causado por fatores como o agravamento de doenças respiratórias e o alto número de casos de baixa complexidade, levou à ativação do Plano de Contingência.
Conforme a secretaria, o cenário é reflexo de diversos fatores, como o aumento de casos de síndromes respiratórias, agravamento de quadros crônicos e maior procura por pacientes com condições de baixa complexidade — que poderiam ser manejadas na atenção básica.
Antecipação de casos
Conforme Lívia Maziero, gerente de Influenza e Doenças Respiratórias da SES (Secretaria de Estado de Saúde), um cenário preocupante tem sido observado em Mato Grosso do Sul: a antecipação de casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves tem ampliado a busca por atendimentos e sobrecarregado os hospitais de Mato Grosso do Sul.
“Analisando o boletim epidemiológico, mesmo não estando com números superiores aos já registrados anteriormente, podemos observar um aumento. Estávamos com uma média de 100 casos por semana de SRAG, o que, fora do período sazonal, já é um dado relevante e nos chama a atenção. Esse aumento já acende um alerta para o que está por vir com o início oficial do período sazonal, que começa em abril”, disse.
Resultado da vacinação após 15 dias
A gerente técnica da SES explica que, no período sazonal de circulação de vírus respiratórios, já é previsto um aumento das hospitalizações, especialmente entre crianças de 0 a 9 anos, por sintomas respiratórios, e que a vacinação pode ajudar a frear o avanço das internações.
“Já podemos perceber esse aumento antes do início oficial da temporada. Além disso, a vacina contra esses vírus respiratórios já está sendo distribuída aos municípios e começará a ser oferecida nas unidades de saúde. Sabemos que leva cerca de 15 dias para que a população vacinada tenha uma resposta imune”, explica.
Por Michelly Perez
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