“Temos contratualizado de acordo com as necessidades da nossa cidade”, garante a prefeita Adriane Lopes sobre a parceria com o hospital
A Santa Casa de Campo Grande enfrenta uma grave crise financeira, o que tem dificultado a realização de alguns procedimentos, dentre eles, os transplantes de rim. Segundo a administração do hospital, a instituição não tem conseguido pagar as equipes médicas, incluindo a de urologia responsável pelos transplantes, de forma pontual. O hospital informou que já comunicou essa situação ao Ministério Público e à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), aguardando uma reunião para discutir os valores contratuais e buscar uma solução. Por outro lado, a prefeitura do município e o Governo do Estado confirmam que os repasses pactuados estão em dia.
Em nota, a direção da Santa Casa destacou que o contrato com a Prefeitura de Campo Grande é deficitário, o que contribui para o déficit mensal milionário que a instituição enfrenta. “Há vários anos o contrato é deficitário, enquanto os custos operacionais e os valores da mão de obra continuam a aumentar”, explicou o hospital. Como resultado, os pagamentos aos profissionais, incluindo os responsáveis pelos transplantes renais, estão sendo atrasados. “Infelizmente, isso tem resultado no atraso dos pagamentos, impossibilitando, entre outras coisas, a realização dos transplantes de rim pela nossa equipe na Santa Casa”, afirmou a administração.
Por outro lado, a Sesau afirmou, em resposta, que não há atrasos nos repasses do município à Santa Casa. “Informamos que a Prefeitura de Campo Grande possui contrato vigente com o hospital Santa Casa, não havendo nenhum atraso de repasses por parte da pasta”, disse a assessoria. A Secretaria ainda ressaltou que está em tratativas com o hospital para a renovação do contrato, que já está em fase de finalização. A responsabilidade pela prestação do serviço, no entanto, cabe ao hospital. “A Secretaria de Saúde apenas contratualiza o serviço prestado, sendo de responsabilidade da pasta a fiscalização sobre as metas estabelecidas, e não a garantia do atendimento, uma vez que esta deve ser feita pelo prestador de serviço – neste caso, o hospital”, declarou.
Ao Jornal O Estado, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Progressista), comentou na tarde de ontem (10), durante entrega das casas no Iguatemi II, sobre o contrato entre o município e a Santa Casa. “O município tem um convênio com a Santa Casa, onde temos contratualizado de acordo com a necessidade da nossa cidade. É um convênio que tem sido celebrado anualmente, foi renovado e tem tido continuidade”, afirmou.
A SES (Secretaria de Estado de Saúde) também se manifestou sobre a situação financeira da Santa Casa, afirmando que os repasses estão em dia. “A SES informa que os repasses financeiros para a Santa Casa de Campo Grande estão em dia”, declarou a pasta. A SES detalhou que, no ano de 2025, foram repassados, via Fundo Municipal de Saúde de Campo Grande, R$ 9.047.314,70 mensais, totalizando R$ 27.141.944,10 no período de janeiro a março.
Em relação ao transplante renal, a Sesau revelou que está trabalhando para habilitar o Hospital do Pênfigo para realizar o procedimento. Contudo, ainda não há data para que os transplantes de rim comecem a ser feitos nessa instituição. “A Secretaria Municipal de Saúde está em tratativas com o Hospital do Pênfigo para a habilitação deste no transplante renal, entretanto ainda não há data para que os procedimentos se iniciem”, afirmou a Sesau.
Fila de transplantes
A SES, por meio da CET-MS (Central Estadual de Transplantes), informou que atualmente 219 pacientes aguardam na fila de transplante renal em Mato Grosso do Sul. A central garante que o processo de doação de órgãos, desde a captação até o transplante, é realizado de forma transparente e segue as diretrizes do Sistema Nacional de Transplantes. “Todo o processo de doação de órgãos, desde a captação ao transplante, é realizado de forma transparente e gerenciado pela CET-MS, com o acompanhamento do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde”, afirmou a SES.
A Santa Casa, ao afirmar que o programa de transplantes renais é de âmbito nacional e que outros hospitais estão realizando esses procedimentos, garante que os órgãos disponíveis são redirecionados para instituições habilitadas. “Quando os procedimentos não são realizados na Santa Casa, os órgãos são redirecionados para outras instituições aptas, garantindo que os pacientes sejam atendidos conforme a fila de controle nacional”, afirmou a administração do hospital.
Suelen Morales
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