Mato Grosso do Sul tem hoje 391,1 mil pessoas com 60 anos ou mais, o que representa 14,2% da população total do Estado. Em 2010, esse número era de 239,3 mil. O crescimento expressivo de 63,5% em 12 anos acompanha a tendência nacional de envelhecimento populacional, mas também levanta alertas sobre a necessidade de políticas públicas mais específicas e eficazes.
Para reunir, sistematizar e dar visibilidade a esses dados, o OCMS (Observatório da Cidadania de Mato Grosso do Sul) lançou em Campo Grande, o Painel das Pessoas Idosas. A nova ferramenta interativa permite explorar informações sobre o envelhecimento da população em todos os 79 municípios, abordando temas como expectativa de vida, trabalho, acesso à moradia, vulnerabilidade social e violações de direitos humanos.
“O Brasil e o Mato Grosso do Sul estão envelhecendo. Precisamos nos conscientizar dessa realidade e identificar as necessidades que ainda precisam ser atendidas”, afirma o coordenador do OCMS, professor Samuel Oliveira.
Mulheres vivem mais e são maioria entre os idosos
Segundo os dados disponíveis no painel, as mulheres representam 53,6% da população idosa em Mato Grosso do Sul. Elas também vivem, em média, quatro anos a mais que os homens. A expectativa de vida feminina no estado é dois anos superior à média nacional.
A taxa de alfabetização entre idosos no Estado é de 94,61%, mas ainda há cerca de 49,7 mil pessoas com 60 anos ou mais não alfabetizadas. Apenas dez municípios possuem índices acima da média estadual, entre eles Campo Grande, Três Lagoas, Dourados, Corumbá e Nova Andradina.
Idosos negros e pardos são os que mais crescem
O painel revela que a população idosa autodeclarada preta dobrou de tamanho entre 2010 e 2022, passando de 13,1 mil para 26,9 mil pessoas. O crescimento também foi expressivo entre os idosos pardos (77,5%) e brancos (51,6%).
Outro indicador importante é o índice de envelhecimento, que saltou de 39 para 64 pessoas idosas a cada 100 jovens com até 14 anos. A idade mediana da população sul-mato-grossense hoje é de 33 anos — dois anos abaixo da média nacional.
Quase 125 mil idosos vivem sem banheiro em casa
Na seção sobre moradia, o painel mostra que 40.627 idosos vivem em imóveis alugados no estado, enquanto 124 mil declararam não ter banheiro ou sanitário em casa. A maior parte desse grupo é composta por pessoas pardas (60%), brancas (16,46%), pretas (15,46%) e indígenas (7,35%).
Doenças e violações de direitos
Na área da saúde, o painel aponta que a faixa etária entre 60 e 64 anos foi a mais afetada por Dengue e Zika em 2024. Já a Influenza foi a doença com maior número de notificações ao longo do ano.
Em relação às violações de direitos, o Estado segue a tendência nacional: a maioria dos casos é cometida contra mulheres com idade entre 70 e 74 anos. Foram registradas 238.251 violações em 32.550 denúncias no país, das quais 67,4% tinham como vítimas pessoas do sexo feminino.
Conselhos e fundos ainda são limitados
Dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, 58 contam com Conselhos Municipais dos Direitos da Pessoa Idosa, mas 8 deles estão inativos. Em 13 municípios, mesmo com conselho ativo, não há Fundo Municipal, o que dificulta o financiamento de ações voltadas à população idosa. O painel informa quais cidades possuem estruturas organizadas de apoio.
Dados acessíveis
O Painel das Pessoas Idosas pode ser acessado gratuitamente pelo site do Observatório da Cidadania.
Por Suelen Morales
Acesse as redes sociais do Estado Online no Facebook e Instagram