Resultados obtidos com a técnica no Parque do Rio Negro poderão ser replicados em outras unidades de conservação
Com o objetivo de proteger e preservar o bioma Pantanal, localizado em Mato Grosso do Sul, instituições e órgãos públicos se uniram para executar uma ação inédita de queima prescrita no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro.
Pela primeira vez, o CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul) realiza uma queima preventiva como forma de preparação para a TIF (Temporada de Incêndios Florestais) de 2025. O Parque do Rio Negro, com 78,3 mil hectares, localizado entre os municípios de Aquidauana e Corumbá, é a primeira unidade de conservação a receber a aplicação das técnicas do MIF (Manejo Integrado do Fogo). O último incêndio registrado na área ocorreu em 2021.
“A ideia é medir os resultados obtidos para, posteriormente, replicar a estratégia em outras unidades de conservação. Com isso, buscamos mitigar os efeitos de possíveis incêndios e reduzir prejuízos à fauna, flora e propriedades vizinhas”, explica o major Eduardo Teixeira, subdiretor da Diretoria de Proteção Ambiental do CBMMS.
A queima prescrita é uma técnica planejada e controlada, que visa reduzir a vegetação seca e formar barreiras naturais para impedir a propagação descontrolada do fogo durante a estação seca. A prática contribui significativamente para a preservação do ecossistema pantaneiro, minimizando os impactos dos incêndios de grandes proporções.
Além de prevenir queimadas, a ação também busca reduzir a quantidade de biomassa acumulada na vegetação, diminuindo os riscos de propagação do fogo. “A proposta do Manejo Integrado do Fogo, nesta ação de queima prescrita, tem a intenção de formar mosaicos nos quais, e caso o incêndio entre a intensidade dele é diminuído, facilitando o combate e o controle dessas chamas”, detalha o major Teixeira.
Durante a ação, também é feita a eliminação do material combustível acumulado ao longo dos anos dentro do Parque. “É uma oportunidade de mostrar que o fogo, como ferramenta de manejo, pode trazer benefícios significativos também para os produtores rurais. Quando bem orientado, o uso do fogo pode resultar em melhorias econômicas para a atividade pecuária. Com todas essas ações integradas, conseguimos reunir dados e parâmetros que comprovam que o fogo pode ser utilizado de forma estratégica tanto para a conservação da biodiversidade quanto para a produção sustentável”, disse Alexandre de Matos e Martins Pereira, analista ambiental do Prevfogo.
A operação teve início no domingo (6) e segue até a próxima semana. Participam da ação 42 profissionais, entre bombeiros, servidores do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), representantes do Ibama/Prevfogo, ONGs e pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), por meio do Nefau (Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas).
Manejo antes do período crítico

Foto: Ewerton Pereira/Secom
De acordo com dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o estado registrou uma queda de 61% nos focos de calor entre 1º de janeiro e 9 de abril. Em 2024, foram contabilizados 870 pontos nesse período, enquanto em 2025 o número caiu para 337. O pior cenário foi registrado em 2020, com 1.231 focos no mesmo intervalo de tempo.
O professor e doutor em Biologia da UFMS, Geraldo Damasceno Júnior, coordenador do Nefau, explica a escolha do período para a realização da ação, mesmo fora da estação crítica de incêndios — geralmente concentrada entre setembro e novembro.
“Realizar essas ações preventivas antes do período crítico nos permite reduzir significativamente os riscos. O uso controlado do fogo, aliado a medidas educativas, aumenta as chances de evitarmos grandes catástrofes dentro do parque”, destaca.
O diretor-presidente do Imasul, André Borges, reforça a importância estratégica da ação: “A queima prescrita é essencial no manejo do fogo e na preservação do Pantanal. Ao realizá-la de forma controlada e com base em critérios técnicos, conseguimos reduzir impactos ambientais e evitar incêndios de grandes proporções”.
OCB e Famasul doam para o Fundo Clima
Os trabalhos do gabinete itinerante do Governo de Mato Grosso do Sul na Expogrande 2025, ontem (10), contribuíram para a preservação do Pantanal. Durante o evento, a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) repassaram ao Fundo Clima Pantanal o montante de R$ 100 mil cada.
“Agradeço pela confiança no modelo proposto. Estamos transformando uma agenda global, de meio ambiente, em ativo econômico”, afirmou o governador Eduardo Riedel.
A quantia se soma aos R$ 40 milhões em recursos estaduais já aplicados ao fundo, quando o mesmo foi criado para fomentar a preservação do bioma pantaneiro. O dinheiro ali alocado vai ser usado para ações de conservação, como o pagamento do PSA (Programa de Pagamento por Serviços Ambientais) Bioma Pantanal.
Por Inez Nazira
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