Professores questionam a língua espanhola como disciplina optativa
Novas diretrizes do ensino médio foram aprovadas pelo CNU (Conselho Nacional de Educação). A nova Política Nacional busca tornar a educação mais relevante e atrativa para os jovens, assim como reduzir a evasão escolar. A mudança foi aprovada por unanimidade na quinta-feira (7).
A implementação das novas normas ficará a cargo das redes de ensino e escolas privadas e poderá ser feita já em 2025, embora sua adaptação seja obrigatória até o início do ano letivo de 2026. Conforme o MEC (Ministério da Educação), em comunicado oficial, destacou que mais de 200 técnicos estão sendo capacitados para desenvolver planos de ações personalizados para os sistemas educacionais em diferentes localidades.
Um dos principais pontos da nova legislação é a ampliação da carga horária mínima, que passa de 2.400 para 3.000 horas. Cada ano letivo será dividido em 200 dias de cinco horas cada. O currículo será composto por dois blocos principais.
A primeira, a parte comum, em que todos os alunos estudam os mesmos conteúdos (e disciplinas tradicionais: língua portuguesa, matemática, física, química, inglês, história e geografia), à qual serão dedicadas 1, 8 mil horas. O segundo bloco tem itinerários formativos que devem ocupar, no mínimo, 1,2 mil horas dos três anos do ensino médio, nos quais há disciplinas opcionais à escolha dos estudantes, conforme seus interesses e necessidades. Cada escola deve oferecer pelo menos dois itinerários. A nova mudança, já sob o governo Lula, manteve o princípio da flexibilização, mas ampliou de 1.800 horas para 2.400 horas a carga de aulas dessa parte comum, considerando os três anos.
Para o licenciado em Geografia, André Luís Lima, a reforma tem seus pontos positivos e negativos. “Como pontos positivos, o aumento da carga horária para pouco mais de 2.400 horas. Outro ponto positivo, a obrigatoriedade das redes estaduais de manterem pelo menos uma escola em período noturno, mas, dependendo do tamanho da cidade, é necessário ter mais do que uma escola para o ensino noturno, dar direito aos alunos da educação do campo, terem os mesmos benefícios sociais daqueles que têm baixa renda”, afirma.
Em contraposição, um ponto bastante questionado por professores é a oferta do espanhol como língua estrangeira moderna optativa, enquanto o inglês é mantido apenas como língua estrangeira moderna obrigatória. Conforme defende o professor de Espanhol Erick Vinicius: “Com essas novas legislações, parece-me muito positivo que as disciplinas básicas recebam mais tempo em comparação com o último regime. O espanhol, no entanto, ainda sendo uma disciplina optativa e não uma obrigatoriedade, é uma lástima, visto que somos um país rodeado por países hispanofalantes, especialmente nosso estado, que faz fronteira com dois países. Temos um número expressivo de imigrantes hispanofalantes, principalmente paraguaios e bolivianos. Assim, dependendo da região, esses estudantes ficam à mercê de uma proposta que beneficia o inglês, que, embora importante, é uma língua distante de nossa realidade,” defende.
Além disso, a resolução trata das mudanças que deverão ser implementadas nas avaliações dessa etapa de ensino — como no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e no Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica).
Por Ana Cavalcante
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