Moradores de Bela Vista precisam vir para a Capital em busca de curativos e medicamentos

Normalmente, pacientes chegam pela manhã e retornam no mesmo dia para os seus municípios - Foto: Marcos Maluf
Normalmente, pacientes chegam pela manhã e retornam no mesmo dia para os seus municípios - Foto: Marcos Maluf

Pacientes de diversas cidades do Estado são atendidos em unidades como o CEM e contam com o suporte da Casa de Apoio

 

O Jornal O Estado está produzindo uma série de reportagens sobre os impasses e os reflexos na regionalização da saúde em Mato Grosso do Sul. Nesta edição, a equipe de reportagem foi até o CEM (Centro de Especialidades Médicas) de Campo Grande para conversar com os pacientes que procuram atendimento na unidade. Tido como referência em assistência de saúde, o complexo conta com diversas especialidades e por isso, é uma das unidades “alvo” dos pacientes do interior do Estado.

Sem acesso a tratamentos médicos especializados em seus municípios de origem, moradores do interior de Mato Grosso do Sul dependem da estrutura de Campo Grande para realizar consultas, exames e procedimentos. Uma das pacientes é Maria José, moradora de Bela Vista, ela conta para a equipe que viaja todas as semanas para a Capital para realizar curativos devido ao diabetes. Segundo ela, o percurso de 324 km, que é realizado em cerca de aproximadamente 5h é necessário, pois na cidade onde mora, a rede pública não dispõe dos medicamentos necessários para o tratamento.

“Já faço esse tipo de curativo há mais de um ano. Sempre venho e volto no mesmo dia, mas teve uma vez que precisei ficar na Casa de Apoio à noite para descansar. O atendimento lá é muito bom, o pessoal é atencioso, e eu sei que muitas pessoas da minha cidade também estão sendo encaminhadas para cá”, relatou.

Maria José é atendida no CEM (Centro de Especialidades Médicas) e, além do próprio tratamento, já veio a Campo Grande como acompanhante de uma amiga que faz acompanhamento para a coluna na mesma unidade. Ela destaca que, sem a Casa de Apoio, os custos com alimentação e hospedagem dificultariam ainda mais a busca por atendimento na Capital.

Dependência da Capital

A situação enfrentada por Maria José reflete a realidade de centenas de moradores de cidades do interior que precisam se deslocar até Campo Grande em busca de atendimento. A falta de estrutura hospitalar nos municípios obriga os pacientes a recorrerem à rede de saúde da capital, muitas vezes com tratamentos prolongados e deslocamentos frequentes.

A Casa de Apoio recebe pacientes de diversas regiões do estado e funciona por meio de parcerias entre prefeituras e o governo estadual. Enquanto a rede pública no interior não se fortalece, a demanda pelo atendimento na capital segue alta.
A situação evidencia a necessidade de investimentos em infraestrutura hospitalar nos municípios, reduzindo a dependência de Campo Grande e garantindo que a população tenha acesso a tratamentos.

Para Maria José, a rotina de viagens e consultas faz parte do esforço para manter a saúde em dia. “A gente gostaria de poder fazer tudo na nossa cidade, mas nem sempre tem como. Pelo menos aqui temos atendimento e um lugar para ficar quando precisa. Só espero que um dia as coisas melhorem para todo mundo.”

 

Por Roberta Martins

Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram

 

Leia mais

Cinco anos da COVID-19 em Mato Grosso do Sul: legado, desafios e lições

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *