Ministério da Saúde confirma duas mortes por dengue e SES alega erro de dados

Foto: Marcos Maluf/ O Estado Online
Foto: Marcos Maluf/ O Estado Online

Com 3.576 casos de dengue, especialista cita preocupação com subnotificação de assintomáticos

Mato Grosso do Sul registrou 3.576 casos de dengue em 53 dias, além disso dois óbitos seguem em investigação, uma morte confirmada na cidade de Maracaju. Contudo, o Ministério da Saúde confirmou duas mortes ontem (23), no Estado, mas a SES (Secretaria de Saúde de Estado) nega e disse que o número é um erro.

A preocupação aumenta em todo o país, principalmente, quando se observam os casos de possíveis subnotificações de pacientes assintomáticos -aqueles em que as pessoas são picadas pelo mosquito Aedes aegypti, mas não apresentam sintomas-. Estimativas apontam que eles representam de 30% a 50% dos infectados, em média.

“O problema dos assintomáticos é que eles não procuram o sistema de saúde e servem para expandir a doença, transmitindo para o mosquito que se infecta e transmite a outras pessoas. O assintomático não será notificado, não será conhecido pelo sistema de saúde e nem tratado para tal”, explica Antonio Carlos Bandeira, membro do Comitê de Arboviroses da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

“O assintomático é um risco em termos de saúde pública, porque facilita a contínua expansão de casos de dengue”, ressalta Bandeira.  Ele ainda alerta para a possibilidade de algumas pessoas —em especial, crianças e adolescentes— desenvolverem somente um sintoma, como por exemplo, a febre.

“Adolescentes e crianças podem mostrar apenas uma parte dos sintomas. Com adultos também pode acontecer isso. Essas pessoas podem ter uma febre específica. Então, o sistema de saúde tem que estar muito atento mesmo para os sintomas que não fecham toda a característica de um caso clássico de dengue. As pessoas que começam a ter somente febre, mas estão vivendo em áreas com muita transmissão de dengue, teriam que ser investigadas”, afirma.

Conforme noticiado anteriormente pelo O Estado, o Ministério da Saúde alertou que os casos graves de dengue subiram 196,7% em 2024 na comparação com o ano passado, segundo boletim divulgado na terça-feira (20). Desde o início do ano até o dia 17 de fevereiro, as contaminações graves no país somam os 7.575 casos. No mesmo período de 2023, esse número foi de 2.553. A quantia atual é quase três vezes maior que a registrada no ano passado. Do total deste ano, Mato Grosso do Sul registrou 34 casos graves.

Os casos prováveis saltaram de 165.839 para 688.461. Nessa contabilização, o Ministério da Saúde não especifica quantos foram, de fato, confirmados, e quantos foram descartados. Nas sete primeiras semanas de 2024, 122 pessoas morreram por dengue.

Além disso, quando se analisam os dados de Campo Grande, a quantidade de casos prováveis cresceu de 2.686 para 2.816. Com isso, somente neste ano, já são 671 pessoas infectadas em Campo Grande. A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) não respondeu aos questionamentos sobre o número de internados em tratamento pela doença.

Prevenção 

Para eliminar os focos a prefeitura de Campo Grande reforçou o combate ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor de arboviroses como Dengue, Zika e Chikungunya, será reforçado em seis bairros, com o uso do serviço de EBV (borrifação ultrabaixo volume) – conhecido como Fumacê.

Municípios em alerta 

Quatro dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul estão com alta incidência de casos prováveis para a doença. Aral Moreira, Sete Quedas, Paranhos e Costa Rica estão com mais de 300 casos a cada 100 mil habitantes.

Laguna Carapã, Paraíso das Águas, Água Clara, Chapadão do Sul e Coronel Sapucaia estão no nível de média incidência, o que aponta de 100 a 200 casos a cada 100 mil habitantes.

Chapadão do Sul, a 332,6 km de Campo Grande, é a cidade que lidera o número de casos confirmados, com 46 registros. Em seguida, vem Sete Quedas com 23 casos e Dourados com 15. A Capital teve 4 casos positivos para dengue até o momento.

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