Paciente busca por custeio para tratamentos e alega que unidade não ofereceu o suporte necessário
O caso ocorreu no final de julho de 2023, quando a paciente, de 28 anos, em estado grave, foi levada para cirurgia. No dia seguinte, sinais de complicações foram constatados. Segundo familiares, a negligência médica levou a paciente a enfrentar 8 cirurgias em um espaço de 20 dias, por infecção generalizada. Por falta de tratamento adequado, a família move ação no CRM-MS (Conselho Regional de Medicina) e na esfera civil contra a Santa Casa de Corumbá e os médicos Oseas Ohara e Gabriel A. Oliveira.
Conforme relatado pelo marido da vítima, sua esposa deu entrada na Santa Casa de Corumbá após sentir dores abdominais e um exame realizado em um hospital particular de Corumbá identificou uma infecção pélvica. A paciente havia sido submetida a um procedimento, um mês antes, em uma das trompas para um tratamento para engravidar. Diante do diagnóstico, a jovem seguiu para atendimento na Santa Casa, onde foi internada. Conforme o marido, os médicos alegaram a necessidade de uma intervenção cirúrgica por conta de uma apendicite. Diagnóstico diverso do realizado no hospital particular.
“No dia 26 de julho, nós fomos a um hospital particular e foi realizada uma tomografia. Eles nos encaminharam para a Santa Casa. Onde foi retirado o apêndice e o doutor Oseas perfurou o intestino dela, mas não nos avisou. No dia seguinte, ela já apresentava dores e bastante secreção saindo pelo dreno. No quarto dia, excrementos em excesso começaram a sair do corpo dela”, relata.
Em resposta à equipe de reportagem, o clínico geral Dr. Oséas Ohara confirmou o diagnóstico de infecção pélvica, mas ressaltou que a paciente chegou à unidade hospitalar em estado grave. “Ela já chegou com abdome agudo. Verifiquei o quadro e informei que ela precisava ser operada com urgência. Ela apresentava um quadro complicado, possivelmente uma infecção. Em cerca de uma hora, realizamos a cirurgia. O abdome da paciente estava ‘congelado’ — termo que usamos para descrever a situação em que, ao abrir o abdome, não conseguimos acessar a cavidade devido ao comprometimento das estruturas. Diante disso, fizemos o possível: limpamos a secreção infecciosa e retiramos o apêndice, que estava bastante inflamado, para evitar uma complicação maior. Como a paciente não apresentou melhora, precisou ser transferida para Campo Grande, onde cirurgias de alta complexidade são realizadas”, explicou.
Diante do quadro de infecção generalizada, a paciente foi encaminhada ao Hospital Regional de Campo Grande para uma cirurgia de emergência. “A minha esposa passou por oito cirurgias em um espaço de 20 (vinte) dias: nos dias 8, 12, 14, 16, 23 e 30 de agosto”, pontuou. A paciente, de acordo com o marido, apesar de estar em casa e melhor, ainda precisará realizar duas cirurgias para contornar a complicação.
Para o Jornal O Estado, o CRM-MS (Conselho Regional de Medicina) de Mato Grosso do Sul informou que não pode comentar sobre o caso, apenas no final do processo e se houver punição. Enquanto o diretor da Santa Casa de Corumbá informou que o caso ocorreu antes de assumir a gestão.
Os advogados Paulo Kalif e Nelson Araújo Filho, que movem uma ação no CRM-MS e na esfera civil contra a Santa Casa de Corumbá, e os médicos Oseas Ohara e Gabriel A. Oliveira destacam que, “durante todo o período de internação, o hospital não providenciou o tratamento adequado e ainda dificultou a transferência da paciente para Campo Grande, colocando sua vida em risco, o que pode caracterizar negligência, tanto dos médicos, como da Santa Casa de Corumbá”.
Por Ana Cavalcante
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