Estudo liderado por pesquisadores de MS comprova eficácia da vacina e impulsiona plataforma de mRNA

Qdenga - Foto:  Reprodução
Qdenga - Foto: Reprodução

Em entrevista exclusiva ao O Estado, o infectologista e pesquisador da Fiocruz-MS, Julio Croda, destacou a relevância científica do trabalho coordenado em Mato Grosso do Sul, enfatizando a capacidade local de atingir alcance global: “É importante valorizar a produção científica sul-mato-grossense”, afirmou, ressaltando que “esta é a primeira evidência de vida real sobre a vacina da dengue no mundo”, publicada na The Lancet.

Estudo inéditor comprova eficácia da vacina TAK-003 (Qdenga)

O estudo, coordenado por pesquisadores da Fiocruz Mato Grosso do Sul e da UFMS, analisou 92.621 testes em adolescentes de 10 a 14 anos, realizados em São Paulo durante a histórica epidemia de dengue de 2024. A metodologia aplicada foi o teste-negativo, que compara casos positivos (43.873) e negativos (48.748) para estimar a eficácia vacinal em condições reais.

Resultados principais:

• Primeira dose: proteção de 50,2 % contra casos sintomáticos e 67,5 % contra hospitalizações.
• Segunda dose: proteção contra sintomas sobe para 61,7 %.
• A imunidade surge após o 14º dia e diminui após 90 dias, evidenciando a necessidade do esquema completo.
Os resultados são reconhecidos como o principal achado científico do estudo, pois “nos reproduz resultados que muitos ensaios clínicos, com menor número de amostras, não conseguiam demonstrar em vida real”, destacou Croda (entrevista ao O Estado).

Protagonismo científico de MS e necessidade de recursos

Para Croda, a liderança de pesquisadores sul-mato-grossenses em uma publicação de repercussão internacional amplia a visibilidade do Estado e evidencia a importância de fortalecer os investimentos em ciência local.
“Costuma-se ver o Sudeste e o Sul como centros da produção científica. Por isso é crucial valorizar o protagonismo do Mato Grosso do Sul. Precisamos de mais recursos — São Paulo investe 1 % do PIB em ciência — pois ciência gera desenvolvimento, transformando a sociedade e fomentando competitividade”, afirmou em sua entrevista ao O Estado.

Plataforma mRNA: futuro da vacinação

Além da vacina contra a dengue, Croda detalhou ao O Estado outro projeto inovador: o desenvolvimento de uma vacina contra tuberculose utilizando a plataforma de RNA mensageiro, em parceria com Fiocruz e laboratórios dos EUA.
“Na plataforma de RNA da Fiocruz, estamos em 30 % da fase pré-clínica. Nossa meta é concluir essa etapa até 2027, incluindo testes em modelos animais, e então iniciar os estudos clínicos no Estado”, disse Croda. Além disso, a plataforma mRNA já patenteada pela Fiocruz permite ao Brasil autonomia tecnológica e redução de custos na produção de imunizantes, sem depender de tecnologias estrangeiras.

Impacto para a saúde pública

A eficácia comprovada da TAK-003 em vida real e a perspectiva de vacinas inovadoras baseadas em mRNA abrem caminhos para estratégias mais eficazes de combate a epidemias e fortalecimento do sistema de saúde do país.
“Essa é a primeira comprovação robusta, fora dos ensaios clínicos, de que a TAK-003 é eficaz. Isso pode salvar vidas e aliviar hospitais durante epidemias”, enfatizou Croda.

 

Suelen Morales

 

Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook Instagram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *