Depoimentos de testemunhas trazem detalhes sobre relação de Stephanie com a filha Sophia, morta aos 2 anos

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

O júri de Stephanie de Jesus e Christian Campoçano, acusados pela morte da pequena Sophia, de dois anos, teve início nesta quarta-feira, 4 de dezembro, no Fórum de Campo Grande (MS). O primeiro dia do julgamento foi marcado por depoimentos que reforçaram a gravidade do caso.

Jean, pai de Sophia, visivelmente abalado, falou sobre a difícil jornada que ele e sua família enfrentam desde a morte de Sophia, ressaltando a importância de justiça para aliviar parte do sofrimento. “O que a gente mais espera é que a justiça seja feita, né? Que a justiça seja justa com a Sophia. Esse é um dos maiores, eu acho, alívios que vai dar no nosso coração. Curar a dor nunca vai passar, porque a saudade dela é todos os dias, em todo momento”, afirmou.

Ele destacou que, embora não se sinta preparado para reviver todos os detalhes do caso durante o julgamento, está determinado a permanecer firme por sua filha. “Não tá fácil ficar aqui, não. Não tá fácil vir aqui. Eu sei que eu vou ouvir muita coisa que vai me machucar, mas eu tô aqui por ela, eu tô aqui pela Sophia”, disse, emocionado.

Jean também criticou a lentidão da justiça ao negar a guarda de Sophia, o que, segundo ele, poderia ter evitado a tragédia. “Hoje é só o início da justiça pela Sophia. Naquele banco ali não é só os dois que tinham que estar sentados. É mais gente que tem que estar ali, porque eles não olharam para Sophia. Se olhassem para ela, pelo menos dessem importância ao que nós estávamos falando, ao grito de socorro que estávamos pedindo, o desfecho dela seria outro”, desabafou.

Ao ser questionado sobre as memórias que guarda da filha, Jean mencionou a alegria contagiante de Sophia, que iluminava os dias da família. “A alegria, a felicidade dela era uma coisa que contagiava a nossa casa. Hoje em dia ficou cinza, não tem graça, sabe? A gente tenta ressignificar as coisas, tenta buscar continuar vivendo, e às vezes não dá, aí vem a lágrima, vem a tristeza”, confessou.

Stephanie, acusada de omissão de socorro, e Christian, acusado de homicídio, enfrentam acusações graves relacionadas à morte de Sophia.

Durante o julgamento, Cybelle Amaral, amiga próxima de Stephanie, afirmou ter conhecido Stephanie há cerca de cinco anos, período em que testemunhou momentos importantes da vida da amiga, incluindo a gravidez de Sophia. Ela destacou que a menina foi planejada por Stephanie e Jean, pai da criança, ainda antes da conclusão da faculdade da ré. Segundo Cybelle, Stephanie enfrentou dificuldades após o término do relacionamento com Jean, que ocorreu logo após o nascimento de Sophia.

“A Stephanie ficou muito mal quando o Jean a deixou. Ela teve que vender bolsas e fazer bolos para sustentar a casa. No início, ele não ajudava tanto”, relatou Cybelle, que também mencionou o impacto emocional da traição de Jean com Igor, padrinho de Sophia. “A questão não era a sexualidade dele, mas o fato de ele ter traído ela com alguém tão próximo”, disse.

A defesa também explorou a relação de Sthephanie com Sophia. Quando questionada, Cybelle garantiu que a amiga sempre demonstrou muito carinho pela filha. “Ela dizia que a Sofia era a força dela, que lutava por ela e que a amava acima de tudo”, afirmou. Cybelle também negou ter presenciado qualquer episódio de agressão por parte de Sthephanie contra a criança: “Nunca vi. Ela sempre cuidava da Sophia com muito carinho.”

Cybelle ainda comentou mudanças no comportamento de Stephanie após ela começar a morar com Christian. Segundo a testemunha, a ré ficou mais afastada de amigos e parecia mais deprimida. “Ela parou de responder mensagens e, nas redes sociais, parecia que alguém a culpava por ter tido outra filha, a Estela. Mas ela amava as duas meninas”, declarou.

O policial Babingnton Roberto, do GOE, que participou da prisão de Christian, relatou detalhes sobre o momento em que chegou à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Capital para prestar auxílio na ocorrência.

“Cheguei por volta das 18h10, entrei pela entrada de emergência, onde as ambulâncias param. Conversamos com algumas pessoas que estavam ali, mas não conseguimos identificar todos os envolvidos. Vi Stephanie na sala da assistente social, mas não conversei com ela”, contou o policial, explicando a dinâmica da chegada ao local. Ele ainda foi questionado sobre as filmagens das câmeras externas e internas da UPA, mas não sabia informar sobre a coleta do material.

Foto: Nilson Figueiredo

Já o perito médico, Fabrício Sampaio, que realizou o exame necroscópico de Sophia, apresentou detalhes técnicos sobre as causas da morte. Ele descreveu que a criança sofreu um traumatismo raque medular, o que foi uma das principais causas da morte. “Ela tinha uma mobilidade excessiva do pescoço, quase 360 graus, o que indica um trauma severo. Além disso, notamos pequenas fraturas nas vértebras e sinais de hemorragia interna”, explicou o perito.

Fabrício também destacou que a criança já estava em rigor mortis, o que indica que o tempo de morte passou de 8 horas. “Havia sinais de que a morte ocorreu nas últimas 24 horas antes de sua chegada ao hospital”, completou. O perito ainda afirmou que a causa de morte foi trauma raque medular, causado por uma ação contundente de grande intensidade.

A defesa de Stephanie, por sua vez, tentou descreditar os depoimentos e a versão apresentada pelas testemunhas.

Por Roberta Martins

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