De gasolina a carne da Fundação Indígena, tudo era desviado por Claudinho Serra e grupo criminoso

Foto: reprodução/Câmara de CG
Foto: reprodução/Câmara de CG

Investigações do MPMS mostram que a empresa H.S Informática colaborou ativamente nos crimes de peculato 

O vereador por Campo Grande Claudinho Serra (PSDB), enquanto estava no cargo de secretário de Fazenda no município de Sidrolândia, onde a prefeita Vanda Camilo (PP) é sua sogra, empregou sua influência na organização criminosa e conseguiu desviar de combustível a carnes que seriam entregues à Fundação Indígena. A Operação Tromper, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), continua mostrando irregularidades em licitações de obras na prefeitura de Sidrolândia.

Documento que jornal O Estado teve acesso mostra que o vereador, hoje preso, não mediu esforços para desviar recursos públicos, com a ajuda de uma organização criminosa formada pelas empresas H.S Informática, AR Pavimentação, GC Obras de Pavimentação Asfáltica e CGS Construtora e Serviços.

Em 2022, segundo as investigações, o proprietário de um posto de gasolina na cidade e responsável pela H.S Informática, Saulo Ferreira Jimenes, recebia R$5 mil por mês para emitir empenhos à Prefeitura – notas a serem pagas pelo setor de Compras da gestão municipal.

Foi com as “notas frias” de Saulo que o grupo criminoso conseguiu transformar 70kg de carne, que seriam consumidas pela Fundação Indígena durante a festa de Nossa Senhora da Abadia, da Aldeia Tereré. O valor da compra seria R$1,9 mil, mas eles queriam que “tivesse uma margem de lucro”.

“Vai dar uns mil novecentos e pouco de carne, tá, aí assim, pega o custo pelo menos com esse empenho de mil e novecentos e tem que soltar mais algum para margem de lucro”, disse o acusado Milton Matheus Paiva a Tiago Basso. Ambos trabalhavam para Claudinho Serra nas articulações das notas frias e todos os envolvidos no esquema.

Outro caso de peculato relatado na denúncia, foi o desvio de gasolina dos veículos oficiais da Prefeitura para beneficiar a empresa AR Pavimentação. Nesse fato, Saulo Jimenes, de forma irregular, ficava em posse de cartões vinculados à frota municipal, em princípio, com a incumbência de utilizá-los em benefício do grupo.

“Tiago, aí você inclui cinco mil nessas notinhas aí, aí você vê qual carro que pode passar, esse aqui é o total que eu tenho aqui, beleza”, disse Saulo em conversas com Tiago Basso. Na sequência, Tiago envia números de placas e quilometragens de vários veículos da Prefeitura, que deveriam ser lançadas despesas, em princípio. Saulo forjou o sistema para que os empenhos fossem pagos.

O MPMS deixa claro que os abastecimentos foram feitos de forma ilegal, não representando a real demanda da frota oficial. Em determinado momento, durante a execução do esquema criminoso, Saulo informa que os dados de quilometragem de um dos veículos estavam incorretos, sendo respondido por Tiago Basso de forma sarcástica que provavelmente foi efetuado o abastecimento verdadeiro do veículo naquele momento.

Além do mandante da quadrilha, o vereador Claudinho e os indivíduos citados nesta matéria, mais 18 pessoas foram denunciadas, em 15 fatos criminosos. Os crimes citados são peculato, corrupção ativa e passiva, frustração de licitação e fraude contratual. O jornal O Estado vem mostrando as irregularidades encontradas no legislativo de Sidrolândia. Denúncias mostram que são incontáveis as denúncias de fraudes em licitações enviadas ao Ministério Público.

Por Kamila Alcântara

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