Greve: crise no transporte se agrava e Consórcio Guaicurus admite que não tem recursos para pagar funcionários

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

A crise financeira que atinge o transporte coletivo urbano de Campo Grande ganhou novos contornos após o Consórcio Guaicurus divulgar nota oficial na qual afirma que não possui recursos para honrar a folha salarial, o décimo terceiro e os custos básicos da operação. O impasse levou o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande a convocar uma assembleia decisiva para deliberar sobre uma possível paralisação geral. O ambiente é de forte tensão e incerteza, tanto para os trabalhadores quanto para os usuários do sistema.

Em nota enviada à imprensa, o Consórcio afirmou que vive situação de colapso financeiro provocada pela inadimplência do poder público nos repasses referentes ao vale transporte, subsídios e demais componentes tarifários. Segundo o comunicado, a ausência desses pagamentos inviabiliza o cumprimento das obrigações essenciais para manter os ônibus em circulação.

“O Consórcio Guaicurus informa que está passando por uma crise financeira causada pela inadimplência nos repasses devidos pelo poder público, que englobam o vale transporte, subsídios e demais componentes tarifários. A falta de regularização imediata destes pagamentos críticos está ameaçando a continuidade e a qualidade da prestação dos serviços”, diz o texto.

A empresa afirma ainda que, sem fluxo de caixa, não haverá condições de arcar com salários, décimo terceiro, combustível, manutenção e encargos. “Sem o fluxo de caixa necessário, o Consórcio não terá condições de realizar os pagamentos vitais para a operação, cujo vencimento é iminente, inviabilizando o serviço do transporte público”, afirma a nota. A entidade faz um apelo urgente para que autoridades regularizem os débitos, sob risco de interrupção total dos serviços.

Do lado dos trabalhadores, o clima é de revolta e desgaste acumulado. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande, Demétrio Freitas, relatou em vídeo à categoria que a reunião realizada na segunda-feira (8) e na terça-feira (9) terminou sem perspectiva concreta de pagamento.

Saímos da reunião com o Consórcio Guaicurus e as informações que a gente tem para passar não são nada boas. O consórcio manteve a posição de que não tem dinheiro para efetuar o pagamento”, declarou.

Ele explicou que os motoristas vão decidir se paralisam ou se continuam trabalhando sem receber. “Estamos soltando o edital para quinta feira para todos os trabalhadores deliberarem se a gente pára ou se continua esperando o pagamento trabalhando. Nessa assembleia vamos discutir também o décimo terceiro e o vale do dia vinte”, afirmou o sindicalista.

O atraso salarial atinge cerca de mil e cem trabalhadores. O pagamento deveria ter sido depositado no quinto dia útil, mas não caiu na conta. A categoria também teme que o adiantamento salarial de vinte de dezembro não seja pago, bem como o 13º salário. Nas últimas semanas, episódios de paralisação parcial já ocorreram, como no dia vinte e dois de outubro, quando os terminais amanheceram fechados devido ao não pagamento do vale salarial.

Apesar de alegar falta de repasses públicos, o Consórcio Guaicurus é alvo de questionamentos sobre sua real situação financeira. Levantamento de auditoria apontou lucro de R$ 68 milhões de reais nos primeiros sete anos de concessão e receita acumulada superior a um R$1,8 bilhão desde o início da operação. Parte da população tem defendido intervenção municipal no sistema diante de recorrentes falhas no serviço e sucessivos atrasos nos pagamentos internos.

A Prefeitura de Campo Grande e o Governo do Estado foram procurados para comentar a nota do Consórcio e a situação dos repasses, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.

Por Suelen Morales

 

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