Audiência pública evidenciam queixas de superlotação, atrasos e falta de estrutura; mais de 600 denúncias foram registradas em três meses
A audiência pública da CPI do Transporte Público, realizada nesta quarta-feira (25) pela Câmara Municipal de Campo Grande, escancarou a insatisfação de quem depende diariamente dos ônibus da Capital. Com participação de moradores tanto no plenário da Casa quanto diretamente da Praça Ary Coelho, no Centro, a sessão ouviu relatos que apontam uma rotina marcada por superlotação, atrasos, linhas que falham e veículos em mau estado de conservação.
“O ônibus anda muito cheio, não tem lugar pra sentar. Venho e volto em pé”, resumiu Sonia Rodrigues, moradora do distrito de Anhanduí. O problema, segundo ela, é agravado pela falta de ônibus suficientes para atender a região.
A precariedade da frota e os constantes atrasos também foram alvo de críticas. “Pagamos caro e a qualidade do serviço precisa melhorar”, disse Cícero Medeiros da Silva. Marina Anunciação, das Moreninhas, também não escondeu a frustração: “É péssima a qualidade dos ônibus. Pagamos caro para andar desconfortável, com ônibus atrasados. E no fim de semana não tem linha expressa.”
Moradora do Jardim Los Angeles, Andreia Maria Silva Lopes destacou como a instabilidade das linhas afeta diretamente o dia a dia de quem trabalha. “Sou cuidadora e não consigo chegar no meu trabalho porque o ônibus não passa, ou estraga, ou passa direto por estar lotado. O pouco de dignidade que temos, a gente perde andando de transporte público em Campo Grande.”
As falas de hoje reforçam ainda mais um cenário já registrado pela Ouvidoria da CPI. Entre 25 de março e 22 de junho deste ano, a comissão recebeu 627 denúncias envolvendo o transporte coletivo. A maior parte delas (546) chegou por meio do WhatsApp, mas também foram enviados 46 e-mails, 32 formulários preenchidos pelo site, duas ligações telefônicas e uma denúncia presencial.
Durante a audiência, o vereador Maicon Nogueira afirmou que os relatos da população são essenciais para fortalecer o trabalho da comissão. “Hoje coletamos testemunhos que vão constar no relatório, comprovando que a população padece perante um serviço caro e precário. Vamos em busca de respostas concretas a médio e longo prazo”, disse.
A vereadora Luiza Ribeiro reforçou que o foco da CPI são os usuários. “Tivemos uma audiência especial, pois falamos com as pessoas que mais importam nesta CPI. A população precisa ter garantido o seu direito constitucional de acesso a um serviço público de transporte de qualidade.”
Presidente da Câmara, o vereador Epaminondas Neto (Papy), afirmou que levar a CPI para a praça foi uma forma de dar visibilidade à investigação. “Estar lá cumpre o objetivo de dar transparência aos trabalhos dessa comissão em defesa do usuário. A CPI vai exigir a compra de novos ônibus e cobrar um amplo plano de mobilidade urbana para que o transporte coletivo tenha vantagem no trânsito da cidade”, disse.
A CPI segue aberta para receber novas queixas da população. Os canais disponíveis são:
● Telefone: (67) 3316-1514
● E-mail: [email protected]
● Formulário online: disponível no site da Câmara Municipal
As denúncias e os relatos colhidos nas audiências farão parte do relatório final da comissão, que deve apresentar propostas e apontar responsabilidades sobre o serviço prestado pelo consórcio responsável pelo transporte coletivo urbano da cidade.
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