Completando 27 anos de história, Camelódromo planeja alcançar novos patamares

Revitalização elétrica e corredor gastronômico são os principais anseios para o futuro no complexo comercial

Em meio aos boxes repletos de roupas, sapatos, eletrônicos e quase todo tipo de produto de utilidades, o Camelódromo completa 27 anos nesta sexta-feira (5). Neste tempo, o espaço, criado para organizar os vendedores ambulantes que trabalhavam nas ruas de Campo Grande, viu o público crescer e os lojistas se adaptarem aos novos tempos e, agora, busca por novas potencialidades para continuar sendo o “ganha-pão” de quase 2 mil pessoas.

Com dois incêndios em seu histórico, o primeiro passo para a revitalização tão necessária será dado no próximo dia 15, quando a prefeitura irá escolher a empresa responsável pela reforma elétrica do lugar, orçada em mais de R$2 milhões. O valor será usado para substituir fios, tomadas e construir um sistema para fornecimento de energia de forma independente para cada box, que hoje compartilham a distribuição por quadras formadas por quatro lojas.

Indo para o 4º mandado como presidente da AVA (Associação dos Vendedores Ambulantes do Camelódromo), Narciso Soares dos Santos, aponta que o investimento é muito importante para que o local continue existindo de forma segura para os vendedores e consumidores, sendo essa uma das grandes conquistas para o lugar nos últimos anos.

“Na época que foi construído, o Camelódromo usava na bico de luz,na tomada, era coisa simples, que a gente foi improvisando e deu certo. Acredito que os engenheiros elétricos não imaginavam que íamos colocar 50 climatizadores aqui dentro, então, a parte elétrica se tornou obsoleta”, explicou.

O presidente lembra que os esforços para conseguir viabilizar verbas para a reforma começaram antes mesmo do incêndio de 2024, que foi causado por falhas na rede de energia.

“Vamos refazer toda a parte elétrica para trazer mais segurança e mais economia. E estou aqui trabalhando há 6 anos e tem mais esse novo mandato, porque a gente quer melhorar isso aqui e estamos conseguindo fazer”, disse.

A modernização também passa pela instalação de placas de energia solar. Atualmente, o local conta com 155 equipamentos, mas necessita de mais 600 placas para que o objetivo de torná-lo autossuficiente em eficiência energética seja finalmente alcançado.

“Queremos ampliar essa capacidade para que possamos ter energia renovável que alimente o prédio todo, porque isso também vem trazer a economia que a gente tanto precisa. Então, vamos trabalhar nesses próximos anos de mandato por essa ampliação para que traga sustentabilidade para o prédio”, destacou.

Corredor gastronômico

Outro ponto importante para levar o complexo comercial a outro patamar, é o planejamento para a implantação de um corredor gastronômico na via lateral do prédio, onde, antigamente, passavam os trilhos do trem, tempos marcados apenas por uma pintura no chão que imita a forma da ferrovia.

De acordo com Narciso, a principal ideia é proporcionar um espaço de lazer para as famílias que frequentam o Centro da cidade, transformando o espaço não apenas em um ponto de comércio, mas também de convivência.

“Queremos cobrir essa passarela para fazer uma praça gastronômica e trazer conforto para os clientes que vêm para o Centro, que terão um espaço para sentar, tomar um sorvete, comer algo e conversar. Queremos fazer isso neste espaço onde era o trilho antigamente”, explicou.

Conforme apontado pelo presidente, apesar do projeto já estar pronto e ter aprovação do proprietário do prédio vizinho, ainda é preciso aprovação pelos órgãos competentes para que a verba necessária para a obra possa ser providenciada.

“Na época que nós fizemos o projeto, ficou em torno de R$ 2 milhões. Esse é um processo que leva tempo, precisa de bastante conversa, mas a prefeita se comprometeu a ir junto comigo para buscar apoio para que façamos isso”, afirmou.

Tradição familiar

Assim como diversos outros comerciantes, Narciso criou seus filhos com a renda obtida do trabalho no Camelódromo e, hoje, se vê feliz ao ter dois filhos formados em Medicina. O legado de vendedor foi deixado pelo pai, a quem substituiu à frente dos negócios quando ele não pode mais participar.

“Hoje, eu estou com dois filhos médicos que foram formados comigo trabalhando aqui dentro do Camelódromo. Estou aqui há 26 anos, porque meu pai veio para cá, mas não ficou bem de saúde e eu acabei assumindo aqui”, contou.

Outra pessoa que criou e educou os filhos por meio do trabalho no Camelódromo, foi Cícera Jesuíno dos Santos, de 56 anos. Para ela, ter saído das ruas para ter um local fixo para trabalhar foi transformador, apesar dos inúmeros desafios.

“Na época eu trabalhava na Maracaju, mas estou há 26 anos aqui. Tive bastante conquistas nesse tempo e foi bem melhor, porque, na época da rua, tinha muita perseguição. Agora tem sossego”,afirmou.

Quem também acompanha a história do local desde o início é Edelvan Bizarria. Ele comercializa peças eletrônicas e diz se adaptar conforme as transformações do tempo e fluxo de clientes.

“A gente se adequa à situação: se você tem 10 você trabalha com dez e se você tem cinco você vai viver com cinco. Fora isso, aqui é tranquilo, é saudável, um dos melhores lugares que eu vi”, finaliza.

Por Ana Clara Julião

 

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