Caso Porsche: “Ele tirou a vida do meu filho, então que arque com as consequências”, diz mãe de motoentregador

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Em entrevista ao Jornal O Estado, ela cobra justiça um ano após atropelamento fatal em Campo Grande

 

“Esperamos que a justiça seja feita, porque até então já faz um ano que ele tirou a vida do meu filho…” A frase dita com a voz embargada pela dor é de dona Raimunda de Oliveira, 66 anos, mãe do entregador Hudson de Oliveira Ferreira, morto em março do ano passado após ser atropelado por Arthur Torres Navarro, empresário de 33 anos, em uma movimentada avenida de Campo Grande. Um ano depois da tragédia, a família ainda clama por justiça.

Arthur, dono de um bar na capital sul-mato-grossense, é réu por homicídio culposo – quando não há intenção de matar – e responde também por ter deixado o local do acidente sem prestar socorro. A colisão ocorreu na rua Antônio Maria Coelho, próximo ao prédio Le Corbusier, e resultou na morte de Hudson, que trabalhava como motoentregador para sustentar os dois filhos pequenos.

Foto: reprodução/redes sociais

Na última semana, o Ministério Público se manifestou a favor de um pedido feito pela família da vítima e determinou que Arthur pague pensão alimentícia aos filhos de Hudson. A decisão, concedida em tutela de urgência no dia 31 de março, também prevê a análise de documentos de rendimento da vítima para definição de uma futura indenização.

Dona Raimunda, que tem cuidado dos netos desde o acidente, afirma que a pensão é o mínimo diante da dor e dos prejuízos deixados. “Sobre ele pagar a pensão para as crianças… eu acho que ele não está fazendo mais do que obrigação, porque… quem as crianças tinham para dar para eles… ele tirou a vida. Então que ele arque com as consequências, que ele pague pelo que fez. Não é só dinheiro, né? Ele também tem que ser punido… porque até agora ele está livre, leve e solto”, desabafa.

O empresário alegou à polícia que havia saído de seu bar e seguia para casa quando viu a moto de Hudson atravessando a avenida. Ele afirma que não percebeu ter atingido o motociclista e só soube do acidente no dia seguinte, ao ver o dano em seu carro e ser informado por um funcionário. Apesar da justificativa, o Ministério Público entendeu que houve omissão de socorro e descaso diante da gravidade do ocorrido.

Para a mãe da vítima, a justiça ainda está longe de ser feita. “Ele tem que pagar também pelo que fez. E sobre a indenização, ele tem que indenizar mesmo, ele não está fazendo mais do que obrigação… porque ele tirou a vida do meu filho e os débitos que meu filho tinha… os compromissos, as responsabilidades dele… ficou tudo aí. A gente não tem assim tanta condição para estar arcando com todas as despesas, né? Então que ele pague também por isso.”

Com a voz firme, mesmo entre lágrimas, Raimunda segue em luta não apenas pela compensação financeira, mas pelo reconhecimento de que uma vida foi interrompida – e de que isso tem consequências. A família de Hudson ainda espera por uma resposta definitiva da Justiça que vá além dos tribunais: “que traga, ao menos, um pouco de paz diante de tanta ausência.”.

 

Por Suelen Morales

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