Aumento de armas em casa impulsiona acidentes domésticos com criança

Foto: ilustrativa
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Na Capital, menino de 3 anos atira no irmão de 9 anos, após encontrar armamento do pai embaixo do colchão

Sem documentação legal para posse de arma, um pai guardou um armamento embaixo do colchão e o filho de três anos acabou atirando no irmão de nove anos. O caso aconteceu na noite de segunda-feira (30), no Bairro Universitário, em Campo Grande. O Jornal O Estado conversou com especialistas para entender quais fatores podem ter contribuído para o registro da ocorrência.

A cada 60 minutos, uma criança ou adolescente morre no Brasil em decorrência de ferimentos por arma de fogo, revela um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Segundo a análise, a cada duas horas, em média, uma criança ou adolescente dá entrada em um hospital da rede pública de saúde com ferimento por disparo de algum tipo de arma.

De acordo com o boletim de ocorrência, o pai dos menores informou ser o proprietário da arma, porém estaria sendo emprestada ao seu pai e ficava guardada embaixo do colchão. Por volta das 21 horas, as crianças teriam encontrado a arma e iniciado uma brincadeira, momento no qual o menor teria efetuado o disparo da garrucha calibre.22 acidentalmente, ferindo o irmão na região lombar. Após isso, ele teria jogado a arma no chão e saído correndo.

Segundo a Polícia Militar, após o acidente, o pai das crianças teria jogado duas armas em um matagal, mas depois acabou apontando a localização para os policiais. Os armamentos, sendo o calibre 22 e uma espingarda de pressão, foram apreendidos.

Questionada sobre o caso, a psicóloga pediatra Caroline Maidana Tobias, que trabalha com crianças há  seis anos, afirma que os pequenos reproduzem o que presenciam diariamente ou uma única vez.

“Muitos pais têm uma percepção errada sobre a capacidade de julgamento e habilidade de entendimento das crianças. E acabam explicando de forma fantasiosa, alimentando o comportamento curioso. Primeiro ponto: não mentir. Falar de forma objetiva, sem fantasiar. Enfatizar o perigo das armas e mostrar que elas não são brinquedos. Além disso, não deixar de ser de fácil acesso”, pontua.

Caroline explica que, antes dos 8 anos, as crianças não conseguem distinguir a arma real de uma de brinquedo. Depois dessa idade, elas começam a entender as consequências. “E após os 11 anos, ela já vai desenvolver a capacidade de julgamento e risco, bem como as regras de segurança. O mais importante é deixar claro para as crianças que elas não devem tocar em armas e que, se encontrarem uma, devem avisar ao adulto mais próximo”, finalizou.

Delegado e especialista em segurança pública, Fernando Lopes Nogueira comenta sobre os riscos de se ter uma arma em casa com crianças. Nesses casos, a cautela dos pais tem que ser redobrada. “O próprio estatuto do armamento inclui normativas para menores de 18 anos. Houve um aumento nos últimos anos de armas dentro das residências e, com isso, aumentou também o número de ocorrências de menores feridos acidentalmente por arma de fogo. O erro mais grave dos pais é manusear a arma na frente dos menores”, finaliza.

Por Thays Schneider

 

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