Devagar, porque temos pressa

Foto: Imagem ilustrativa
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Quando estava lendo “A Semente da Vitória”, de Nuno Cobra, me deparei com esta expressão e a princípio não fez nenhum sentido para mim. Se eu tenho pressa, devo correr o mais depressa possível, não é mesmo? Era assim que eu pensava até então.

Segundo ele, para melhorar nosso condicionamento físico, precisamos de um treinamento gradativo. Se desejamos aprender a correr, precisamos primeiro aprender a caminhar, tomar consciência de cada passo. Depois seguir em uma espécie de ritmo de trote para, somente em um terceiro momento, correr. Se sairmos correndo logo de início, corremos o risco de não aguentar ou causar uma lesão e desistir no meio do caminho.

Em analogia com a nossa vida, estamos cada vez mais correndo, porque temos pressa. Pressa para atingirmos um objetivo, para terminar um projeto, para ganhar mais dinheiro, para chegar mais longe.

Aceleramos o áudio, o carro, as obrigações para caber na semana. E junto nosso coração acelera também, mas não temos tempo para entender o por quê. E quanto mais corremos, mais tempo nos falta. Ele continua voando.

Nesse ritmo, nossa consciência permanece presa em uma espécie de armadilha, como uma cobaia em sua roda dentro da gaiola, girando em torno do próprio eixo. Exaustos, fica a sensação de que não saímos do lugar, que não demos conta de tudo, que ainda temos coisas por fazer. O tempo passando, os filhos crescendo, a vida acontecendo do lado de fora da janela. E nós? Correndo.

Um dos arrependimentos que mais ouço das pessoas no fim da vida é  sobre o que fizeram do seu tempo. Correram demais e viveram pouco. Passaram menos tempo com quem gostariam, fazendo o que realmente gostavam, pois estavam ocupadas demais. E agora, com pouca areia na ampulheta da vida e muita consciência, mudam o ritmo.

Muitas vezes, paramos quando somos obrigados, seja por um bournout, uma crise de ansiedade ou hipertensão. Mas essa não precisa ser a regra.

É possível fazermos uma pausa, refletir sobre o nosso próprio ritmo e modificar o que for possível, para vivermos os dias com mais consciência. Podemos deixar de correr o tempo todo para fazê-lo somente quando for realmente necessário.

Mudanças simples como acordar mais cedo para não sair correndo de manhã, fazer uma caminhada observando a paisagem ou fazer as refeições prestando atenção no sabor dos alimentos podem ser transformadoras para nos ajudar a desacelerar, ajustar nosso ritmo para viver mais e correr menos. Afinal, retornar às coisas simples pode ser um santo remédio.

Texto: Psicóloga Aruana Polon

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