Artigo: Humildade e gratidão

Talita Martins
Foto: Arquivo

É útil assumirmos nosso lugar na base da hierarquia da vida. Em nossa casa, no trabalho, na religião e em quaisquer situações e instituições em que estamos inseridos. Saber que existem pessoas com mais expertise, conhecimento, inteligência e que estão em moradas espirituais superiores às nossas é necessário. A experiência, as habilidades, o repertório de vida e a linguagem desses seres humanos certamente contribuirão para o nosso crescimento e amadurecimento.

Por vezes, o mais sábio é agradecê-las, mas nem sempre somos capazes de reconhecer e agradecer por tanto. Para tal, também é preciso presumir a nossa ignorância e debilidade perante a realidade que nos cerca, conhecer as nossas limitações e os nossos defeitos e entendermos que temos tendências que podem nos levar a comportamentos ruins e vícios. Com isso, é importante fazermos as pazes com o que não sabemos, pois é necessário e útil compreendermos que somos, muitas vezes, iniciantes.

Jordan Peterson, em seu livro “Além da Ordem – Mais 12 Regras para a Vida”, nos recorda do clichê: “É necessário andar antes de correr. Você pode até ter que engatinhar antes de andar. Isso faz parte de aceitar sua posição de iniciante, na base da hierarquia, condição que você despreza de forma tão negligente, arrogante e egoísta”. Sim, todos nós temos dificuldades para assumir nossas fraquezas e debilidades. Dificilmente declaramos nossa ignorância e problemas, muitas vezes por orgulho, medo ou vergonha de pedir ajuda. No entanto, é imprescindível aprendermos que, para amadurecermos, é necessária a prática das virtudes da humildade e da gratidão. Com isso, conheceremos quem realmente somos. Aprenderemos que somos seres humanos dotados de uma série de fragilidades e inclinações, que quanto mais sinceros formos conosco, maiores serão as chances de crescermos, alcançarmos potências maiores e evoluirmos intelectualmente e espiritualmente. Consequentemente, a névoa que cobrira anteriormente nossos olhos abrirá caminhos para os laços de agradecimentos por termos, ao nosso lado, pessoas que podem nos ajudar a sermos cada vez melhores.

Precisamos ser constantemente pacientes e tolerantes conosco e com os outros. Lembremos que muito do que é ótimo e extraordinário começou pequeno e ignorante. Vejamos essa lição na cultura popular e nos clássicos literários, com Pinóquio e Simba. O primeiro começa como uma marionete de madeira, movida por suas paixões e fantoche das decisões de todos, menos das próprias. O segundo, Simba, é um filhote ingênuo, lançado nas garras de um tio mau e traiçoeiro. Ambos, por meio, de uma jornada repleta de percalços e revestida de muito aprendizado, enxergam suas fraquezas, assumem responsabilidades e, por fim, vislumbram seu verdadeiro propósito de vida.

Grandes heróis mitificados costumam vir ao mundo, em muitos dos casos, em situações escassas. Talvez seria importante refletirmos que o iniciante de hoje pode ser um mestre amanhã. Mas para tal, é extremamente necessária a prática das virtudes da humildade e também da gratidão. Uma personalidade saudável, dinâmica e verdadeira, sempre admite o erro. Ela voluntariamente despreza percepções, pensamentos e hábitos obsoletos por considerá-los obstáculos para o seu crescimento futuro. Desta forma, observe seus erros e equívocos ao longo do caminho, enfrente-os e os corrija-os. Conserte sua história.

Que tenhamos Nosso Senhor Jesus Cristo como exemplo fecundo de humildade e sabedoria, para trilharmos nossa missão na Terra e alcançarmos a vida eterna.

Por Talita Martins, pedagoga e mestre pela UFMS em saúde e desenvolvimento. É diretora da Escola Harmonia.

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