Muito se fala sobre a necessidade de criatividade e de inovação no mundo moderno, que a cada dia se apresenta mais dinâmico, digital e em constante transformação. As pessoas associam inovação aos processos altamente complexos de tecnologia, grandes edificações, inteligência artificial, ChatGPT, entre outros produtos.
A inovação adquiriu valor intrínseco no dia a dia da sociedade e é unanimidade que a ausência ou mesmo insuficiência de inovações num determinado ambiente é interpretada como sinal de que algo não vai bem. Mas o que é inovação? Como professor e pesquisador da área de ciência da computação, sempre me dediquei ao avanço da ciência e tecnologia para o desenvolvimento da sociedade e, agora como reitor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, defino “inovação” como a criação de novas realidades. É, ao mesmo tempo, uma ideia transformadora e uma ideia em transformação. Um processo de criação como resultado de fazer existir algo que não havia e, por extensão, também de dar novo feitio ou utilidade a algo que já existia.
Como gestor público, reafirmo que a inovação encontra seu sentido quando é voltada para responder questões relacionadas à existência do ser humano ou para a melhoria da qualidade de vida na Terra, uma vez que o próprio domínio científico é responsável pela presença dos seres humanos no planeta.
Toda inovação deve ser sobretudo humana, um campo pluridisciplinar fértil para aplicação de conhecimentos e práticas nas diferentes ciências humanas, exatas e da terra, biológicas, saúde, engenharias, agrárias, linguística, letras e artes, ciências sociais aplicadas, enfim em todas as áreas.
A ciência e a inovação andam juntas e nos impulsionam a atuar em ecossistemas baseados em uma construção social, pautados na filosofia, nas ciências humanas e na inovação, em prol dos seres humanos e do nosso planeta.
O melhor exemplo é a Agenda 2030 da ONU – Organização das Nações Unidas, que contempla as dimensões social, ambiental, econômica e institucional. A ONU propõe 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, os famosos ODS’s, com 169 metas globais para a transformação e inovação do mundo, em uma proposta clara e programática de estabelecimento de uma cultura da inovação.
Nosso Estado de Mato Grosso do Sul vive uma cultura intensa de inovação. Diversos ambientes estratégicos da sociedade sul-mato- -grossense, da UFMS e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul estão convencidos da importância de inovar, e vários esforços políticos e institucionais têm sido feitos para consolidar a cultura da inovação no Estado.
A gestão e a atuação da nossa UFMS são exemplos desse caminhar. Completaremos 45 anos de federalização em 2024, e trabalhamos diariamente para promover e criar as condições para que a UFMS seja uma universidade ainda mais inovadora, sustentável, humanizada, inclusiva e de qualidade. Os indicadores conquistados na nossa gestão desde 2016 colocam a UFMS como um dos principais vetores de inovação de Mato Grosso do Sul, do Brasil e do mundo, e as ciências humanas foram, são e serão sempre fundamentais nesse processo.
A UFMS promoveu em parceria com as universidades, com o Governo do Estado e com as principais instituições de ciência, educação e cultura de Mato Grosso do Sul, a campanha do “Dia Mundial da Filosofia – Unesco”, e em 16/11 foi criado o Fórum Estadual de Filosofia e das Ciências Humanas de Mato Grosso do Sul – Fefich. O fórum traz a inovação como conceito principal, pois constitui-se em uma articulação institucional ampla em prol da inteligência intelectual do Estado, promove e revitaliza o exercício dessa importante área do conhecimento face à opinião pública estadual e aos desafios específicos de MS. Estamos diante de uma proposta clara e programática de estabelecimento de uma cultura da inovação. Um orgulho a UFMS ter apoiado essa iniciativa para a sociedade sul-mato-grossense.
Com a cooperação direta da Unesco-Brasil, a adesão das principais instituições de ciência, educação e cultura do Estado, e com o apoio decisivo d’O Estado de MS, que publicou nos últimos meses mais de duas dezenas de artigos de opinião sobre filosofia e ciências humanas, escritos por pesquisadores, estudantes e profissionais do nosso estado, a campanha Dia Mundial da Filosofia – Unesco em MS entrega à sociedade sul-mato-grossense o “Fefich –Fórum Estadual de Filosofia e das Ciências Humanas de Mato Grosso do Sul”, um grande exemplo para todo o país. Por isso, meu principal desejo é vida longa ao Fefich, à filosofia, às ciências humanas e à inovação em Mato Grosso do Sul.
Por Marcelo Augusto Santos Turine, reitor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), professor titular da Faculdade de Computação – Facom/UFMS, mestre em inteligência artificial, doutor em engenharia de software pela USP-São Carlos, e pós-doutor em políticas públicas pela PUCSP.