A uniformidade nos protocolos de tratamento oncológico no Sistema Único de Saúde (SUS) é uma questão que desperta questionamentos sobre a individualidade no cuidado à saúde. Por que o SUS adota protocolos únicos para o câncer no Brasil, quando a diversidade de casos demanda abordagens personalizadas? Essa indagação revela um dilema complexo, no qual o acesso a tratamentos mais avançados torna-se uma busca pela garantia do direito à vida plena e com saúde, conforme preconizado pela Constituição de 1988.
O SUS, com sua abrangência nacional, adota protocolos padronizados no tratamento do câncer. Essa uniformidade, embora simplifique a gestão, pode não refletir as especificidades de cada caso, levando a questionamentos sobre a eficácia do tratamento e a possibilidade de avanços terapêuticos.
A Constituição de 1988, em seu artigo 196, consagra a saúde como direito fundamental de todos e dever do Estado. A uniformidade nos protocolos não pode ser um obstáculo à efetivação desse direito, o que exige uma análise crítica do modelo atual de tratamento oncológico no SUS.
Cada paciente é único, e o câncer, por sua natureza heterogênea, demanda abordagens individualizadas. A capacidade de acesso a tratamentos mais avançados não deveria depender de recursos particulares, mas sim ser uma garantia proporcionada pelo sistema público de saúde.
Os desafios estruturais e orçamentários do SUS são fatores que influenciam a uniformização dos protocolos. A escassez de recursos muitas vezes limita a capacidade do sistema de oferecer tratamentos personalizados, criando um cenário no qual a busca por alternativas se torna essencial.
A judicialização da saúde surge como uma alternativa para pacientes que buscam tratamentos mais avançados. No entanto, essa via não deveria ser a única opção. O Estado tem o dever de fornecer tratamentos eficazes sem que a obtenção dos mesmos dependa de recursos jurídicos.
A expectativa para o avanço no tratamento oncológico no SUS inclui a implementação de políticas públicas mais eficazes. Investimentos em pesquisa, atualização de protocolos e capacitação de profissionais são medidas que podem proporcionar um cenário mais promissor. A inovação tecnológica desempenha um papel crucial no tratamento do câncer. O acesso a terapias mais avançadas não deve ser encarado como um privilégio, mas sim como uma possibilidade real para todos os pacientes atendidos pelo SUS.
A conscientização sobre a importância da diversidade no tratamento oncológico é fundamental para influenciar mudanças efetivas. A transparência nas decisões relacionadas à saúde pública e o diálogo aberto entre gestores, profissionais da saúde e pacientes são elementos cruciais para a construção de um sistema mais eficiente e inclusivo.
O desafio de proporcionar tratamentos oncológicos mais avançados no SUS é uma questão complexa, mas não insuperável. Com base nos princípios constitucionais de igualdade e direito à saúde, a busca por soluções personalizadas e inovadoras deve orientar a construção de um sistema de saúde mais eficiente e acessível, garantindo assim um futuro mais promissor para todos os brasileiros.
Como podemos, enquanto sociedade, contribuir para que o SUS evolua na oferta de tratamentos oncológicos mais avançados e personalizados? Como podemos garantir que o acesso à saúde seja efetivo e justo para todos os cidadãos, independentemente de suas condições socioeconômicas?
A reflexão não apenas nos convida a questionar o presente, mas também a vislumbrar um futuro no qual o tratamento oncológico seja uma jornada menos árdua, uma busca por esperança e qualidade de vida que se apoie na diversidade de cada caso. Cada voz que se junta a esse coro em prol de um sistema de saúde mais eficaz e humano é um passo em direção a um horizonte onde o acesso à saúde seja verdadeiramente universal.
Por Anaísa Banhara.
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