Entre os dias 18 a 20 de fevereiro de 2025 aconteceu em Campo Grande o “Seminário Internacional da Rota Bioceânica” e o “6º Foro de los Gobiernos Subnacionales del Corredor Bioceânico”, reunindo autoridades dos governos brasileiro, argentino, paraguaio e chileno, além de representantes governamentais e não governamentais dos municípios que serão abrangidos pelo Corredor Bioceânico.
A ideia tomou corpo no governo de José Orcírio Miranda dos Santos, como um sonho de trazer o desenvolvimento à sua cidade natal, Porto Murtinho, de onde a Rota segue em direção ao Paraguai, por Carmelo Peralta em direção ao Oceano Pacífico. O projeto envolve cinco rotas cujas obras já começaram e devem ser concluídas até 2027.
Estamos vivendo tempos de grandes transformações, não apenas para Mato Grosso do Sul, mas para o Brasil e, principalmente, para a América do Sul. A Rota Bioceânica está se consolidando como um divisor de águas, marcando o início de uma nova fase de desenvolvimento para a região. Nesse cenário, é importante questionar sobre a contribuição que os cientistas e pesquisadores, especialmente das áreas das humanidades, podem trazer para esse processo.
Em resposta, está o aprendizado sobre diferentes etnias, culturas e perspectivas, buscando um olhar para as minorias e as comunidades tradicionais, com a finalidade antever e prevenir os impactos da Rota Bioceânica em suas vidas. Ela não deve ser apenas um caminho para o crescimento econômico, mas representa muito mais do que isso, pois tem o potencial de promover um desenvolvimento sustentável que respeite as culturas e identidades locais. Ela abre novas possibilidades para as comunidades tradicionais, permitindo que seus saberes e práticas sejam valorizados e reconhecidos, ao mesmo tempo que facilita o acesso a novos mercados para seus produtos e serviços.
A Rota Bioceânica, portanto, não é apenas um projeto de infraestrutura, mas um passo importante para um futuro mais integrado, sustentável e que valorize as raízes culturais da América Latina. Em todos esses casos as variadas contribuições das humanidades são decisivas. É imprescindível, portanto, que a implementação desse projeto leve em consideração a justiça social e ambiental, integrando as populações locais, seus saberes, e garantindo que se beneficiem dos impactos positivos do desenvolvimento, ao mesmo tempo em que sejam protegidos o meio ambiente e os seus modos de vida.
Rosemary Matias é Doutora em Química e Professora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da UNIDERP-ANHANGUERA. E-mail: [email protected]
Giselle Marques é Doutora em Direito com Pós-Doutorado em Meio Ambiente e Professora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da UNIDERP-ANHANGUERA. E-mail: [email protected]
Natália Marques Ferreira é Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. E-mail: [email protected]
Este artigo é resultado da parceria entre o Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul e o FEFICH – Fórum Estadual de Filosofia e Ciências Humanas de MS.