Websérie que resgata memória e resistência da luta antirracista no Brasil estreia hoje, no YouTube

Fotos: Nego Junior
Fotos: Nego Junior

 Produção dividida em 4 capítulos apresenta as várias etapas da conscientização

A websérie documental “Ẹnití Lànà – Aquele que abre o caminho” estreia neste sábado (11), às 22h (horário de Brasília), via YouTube, no canal da Ocupação Cultural Jeholu, e carrega, de pronto, uma grande responsabilidade para si: contar, em apenas quatro capítulos, a trajetória de um dos nomes mais importantes do Movimento Negro Contemporâneo: Osvaldo Rafael Pinto Filho.

Em quatro episódios, o documentário apresenta parte da trajetória de Osvaldo Rafael Pinto Filho, uma das lideranças mais importantes do movimento negro de nosso país. “Esse projeto se faz importante por combater exatamente algo que está posto no Brasil. Que é o apagamento, o aniquilamento da memória negra. É da história negra do direito, a população negra acessar a memória ter passado. Então, é nesse lugar que ‘Ẹnití Lànà’ – Aquele que abre o caminho’ conta a trajetória de Rafael Pinto”, explica o coordenador geral e roteirista do projeto, Felipe Brito.

Trabalhos como “Ẹnití Lànà” são extremamente necessários, posto que a história do Brasil é carregada pelo apagamento histórico de líderes e lutas sociorraciais, o que serve para manter a dominação de mentes e corpos a partir da desvalorização da resistência frente os efeitos pré e pós-escravização.

“Rafael é um grande mestre de tantas pessoas, um grande lutador, um grande ativista negro que dedicou a sua vida à luta ao combate ao racismo, e pela dignidade das pessoas pretas, e da sociedade brasileira como um todo. Então, resgatar memórias de um cidadão como esse é apenas cumprir papel que deve ser cumprido nesse país, de dar direito para que a população preta acesse a memória”, detalha Brito, sobre a obra.

Mesmo ante este cenário, o ativismo negro foi capaz de realizar importantes avanços, como a política de cotas sociorraciais, a criminalização do racismo e a contínua busca pela ocupação de espaços de poder tanto na esfera cível quanto na institucional.

Em tempos de revisionismo histórico é preciso exaltar os vultos que ajudam a construir uma identidade condizente com o legado povo negro. “Ẹnití Lànà – Aquele que abre o caminho” é uma websérie documental que vai ao encontro dessa valorização da luta e da cultura afro-brasileira.

Felipe explica o porquê de um trabalho como esse ser tão necessário e quais podem ser os efeitos. “Isso é importante. A memória não é algo que eu possa dizer que nós produzimos. Nesse caso, a memória é algo que nós registramos né? A gente tem que registrar as memórias pretas, porque isso diz respeito à preservação, respeito inclusive, a orientar pacientes futuros na luta”, pontua.

“Enití Lànà”

A série, seguindo essa premissa, traz, em cada um de seus episódios, os mais importantes alicerces da trajetória de vida de Rafael Pinto que mais tarde se tornaria figura fundamental do Movimento Negro contemporâneo. De início é abordada desde a estrutura afetiva que cercou Rafael, partindo, num segundo momento, para seu papel na luta político social, seu ativismo cultural e sua relação com as matrizes africanas.

O documentário conta com depoimentos de Sueli Carneiro (filósofa e escritora), Edna Roland (psicóloga), Bianca Santana (jornalista, escritora, professora), Milton Barbosa (ativista), Doné Oyaci, Pedro Borges (editor do site Alma Preta), Juarez Xavier (professor universitário e ativista), e entre outras importantes lideranças da luta antirracista no Brasil.

“Ẹnití Lànà – Aquele que abre o caminho” tem por proposta resgatar a memória de resistência de Rafael Pinto, que apesar de importante liderança sofreu com o apagamento e invisibilidade por parte da história.

Ẹnití Lànà é um projeto desenvolvido pela Ocupação Cultural Jeholu, movimento cultural antirracista fundado em 2018 pelo jornalista e ativista cultural e antirracista Felipe Brito. “Rafael Pinto foi para mim um tutor que, com a paciência e generosidade que lhe são tão peculiares, fez minha iniciação no ativismo negro. Minha gratidão para sempre”, afirma Sueli Carneiro, filósofa e escritora.

Fotos: Nego Junior

Cientista social

Osvaldo Rafael Pinto Filho, cientista social, nasceu na capital paulistana no dia 28 de abril de 1949. No final da década de 60 se aproximou do teatro por meio da peça “E agora… Falamos nós”, estruturado pelo sociólogo Eduardo de Oliveira e Oliveira e Thereza Santos, atriz, dramaturga, filósofa, escritora, ativista e carnavalesca. Uma vez inserido nesse ambiente cultural nasce sua amizade com o Hamilton Cardoso, que atuava nessa peça.

Rafael Pinto e Hamilton Cardoso, junto com outros aliados de luta antirracista, como Milton Barbosa, Neusa Maria Pereira, Ricardo Adão, Lélia Gonzales, Wanderley José Maria, José Adão e Abdias do Nascimento fundam o Movimento Negro Unificado (MNU), organização pioneira na luta do Povo Negro no Brasil. Fundada em plena ditadura militar a MNU é uma referência histórica na luta contra a discriminação racial no país.

Atualmente, tem se dedicado à organização política e o avanço no diálogo institucional, nacionalmente, junto à pauta do afroempreendedorismo. Osvaldo Rafael Pinto Filho é professor de muitos antigos e ainda mais de outros jovens negras, negros e negres, com os quais generosamente e com profunda sabedoria, planta a semente da luta antirracista.

 

Fotos: Nego Junior

Serviço: A websérie “Ẹnití Lànà – Aquele que abre o caminho” estreia hoje (11) às 22h, no canal do Youtube da Ocupação Cultural Jeholu, por meio do link https://www.youtube.com/@ocupacaoculturaljeholu2455/.

 

*Com informações da jornalista Méri Oliveira

 

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