Quando se trata de apresentar um local ou uma cultura, nada melhor do que seu próprio povo, com sua visão e olhar, para mostrar para o mundo as belezas de uma região. A exposição ‘Viva o MS!’, disponível para visitação até o fim deste mês, no MIS (Museu da Imagem e do Som) convida o público a mergulhar na essência da região por meio das lentes de quem vive no ‘Matão’. Em comemoração aos 47 de divisão de Mato Grosso do Sul, um Estado rico em cultura e diversidade, a mostra é tributo às paisagens, aos lugares icônicos e às histórias que moldam a identidade da nossa gente.
A exposição reúne o trabalho de 17 fotógrafos de Aquidauana, Campo Grande, Dourados e Jaraguari. As imagens têm como temas as riquezas de Mato Grosso Sul: sua gente, seus costumes e, principalmente suas belezas naturais. Ela reúne fotografias de iniciantes, egressos do Curso de Fotografia da Fundação de Cultura, e também de fotógrafos convidados, mais experientes, que, juntos prestam uma homenagem a Mato Grosso do Sul em seu aniversário.
Segundo o fotógrafo e curador da mostra, Alexandre Sogabe, que também dá aulas no curso de fotografia da Fundação, a seleção foi feita de forma espontânea, deixando aberto para quem quisesse participar, independente da experiência.
“Selecionamos os fotógrafos da seguinte forma: temos um grupo de fotografia que reúne fotógrafos do estado inteiro, então são 156 fotógrafos, de várias cidades do Estado, e aí também tem egressos do curso de fotografia da Fundação de Cultura. Jogamos em um grupo nosso, fomos conversando, falamos que queríamos fazer uma exposição, perguntamos quem gostaria de participar e várias pessoas enviaram essas fotos, e a partir disso foi feita a seleção”, explicou ao jornal O Estado.
Diversidade
A mostra apresenta diferentes olhares, ora urbanos, ora naturais, que capturam, por meio da sensibilidade dos fotógrafos, paisagens deslumbrantes e finais de tarde crepusculares. Além disso, há registros da população do estado, incluindo a figura do peão, a comunidade negra e a festa do vaqueiro. A fauna é amplamente representada por aves como tucanos, araras e periquitos, além de animais como quatis, capivaras e jacarés. Essa diversidade das obras também ocorre devido aos próprios fotógrafos.
“Essas fotografias, com esses personagens emblemáticos, surgem devido ao nosso grupo ser de várias regiões do Estado, ele é bastante plural, então a gente tem pessoas negras, a gente tem também LGBT, e aí, a partir do olhar deles, que fomos criando então essa representação, de como olhamos o estado”, disse o curador, que também reforça a importância da colaboração entre diferentes perfis de profissionais, como forma de enriquecer a narrativa visual da mostra.
“Temos esse grupo desde 2014, eu acho, então ele tá com 10 anos já, é um grupo que reúne o pessoal que participou do curso de foto e outros fotógrafos também, que desejam trocar, conversar e trocar informações. E é bastante enriquecedor, porque eu acho que os fotógrafos mais experientes têm um olhar mais apurado, e os fotógrafos mais jovens vêm com esse timing, o Zeitgeist, que é o espírito do tempo, trazem esse olhar mais fresco, e é muito importante essa interação entre as diferentes gerações”
Um dos fotógrafos da exposição é Rafael Maia Valente. Ele participou do curso de fotografia da Fundação de Cultura há aproximadamente 10 anos, ministrado por Sogabe, logo no início. Ao jornal O Estado, ele relembrou que por meio do curso teve suas fotos expostas duas vezes, no Centro Cultural José Octávio Guizzo e na Pestalozzi, sendo suas primeiras experiências.
“Cheguei a levar a fotografia como um hobby mais sério, fazendo algumas coisas, alguns trabalhos. Mas hoje, estou mais parado na fotografia e ouvi esse convite pra pegar duas fotos minhas do Estado do Mato Grosso do Sul e fiquei extremamente feliz. Muito contente de participar, acho bem legal, principalmente essa interação com fotógrafos de diferentes níveis, desde aquele que está começando ou que só vê a fotografia como uma arte mesmo, que acha legal, que gosta”, destacou.
“A exposição ficou realmente muito interessante, acho que vale muito a pena a visita e para gente conhecer um pouquinho da evolução ali dos fotógrafos desse curso, que já virou uma tradição. Esse curso ele já tem há muitos anos, ele é gratuito e acho que a população do Estado Mato Grosso do Sul tem que aproveitar”.
A fauna como jóia de MS
A riqueza da biodiversidade de Mato Grosso do Sul não é apenas um testemunho da natureza exuberante que compõe o estado, mas também um reflexo da identidade e da sensibilidade de seu povo. Na exposição ‘Viva MS!’, a fauna local se destaca, trazendo à tona a importância de registrar e valorizar essa diversidade em um momento comemorativo.
Para Sogabe, a visão dos fotógrafos pode inspirar um olhar mais atencioso e consciente sobre a preservação ambiental, além de destacar o amor que sua população tem pela sua fauna e flora.
“Eu acho que, para todos os sul-mato-grossenses, a gente está nesse estado que tem uma raiz tão forte como o Pantanal é sempre um encanto. E aí as cores dos nossos bichos, da nossa diversidade. Eu costumo dizer que o Mato Grosso do Sul, o mundo vai olhar o Mato Grosso do Sul pelos nossos olhos, pelos olhos dos fotógrafos. Acho que, de alguma forma, a gente acaba por ser a sensibilidade do povo que ama e que gosta dos animais e busca preservar também. Porque esse olhar sensível, atencioso, é que vai perceber e vai valorizar essa biodiversidade, que vai contribuir para a nossa convivência harmoniosa no espaço da cidade. Ou até mesmo na nossa consciência da preservação da natureza”, destaca.
Segundo ele, como a temática era livre, o aparecimento de obras com foco nas paisagens, costumes e tradições foi espontâneo. “Acho bastante interessante, e de certa forma representa um pouco do que nós sul-mato-grossenses valorizamos, o que a gente olha. E além da fauna que apareceu muito, uma coisa muito saliente, ou talvez se saltasse os olhos, foram o pôr do sol. Foi muito bonito, foi muito representado também. É a beleza do nosso céu, do céu de Mato Grosso do Sul, isso é uma maravilha”, comentou.
O curador ainda reforça que a exposição demonstra um sentimento coletivo do que o povo considera importante no Estado.
“Quando o pessoal está olhando as fotos, sabe, vemos essa conexão, de olhar o pôr do sol, de olhar os animais, de ver a figura do pantaneiro, a imagem da nossa comunidade negra e quilombola também, então é bem interessante porque eu acho que ajuda a sedimentar esse imaginário, no sentido de gerar imagens e dessas imagens estar, no consciente coletivo do nosso povo, valorizar as nossas raízes, o nosso jeito de ser também, é muito legal, muito bom”.
Serviço: A exposição ‘Viva MS!’ ficará disponível de forma gratuita até o dia 31 de outubro no Museu da Imagem e do Som de MS – 3º andar do Memoria da Cultura e Cidadania “Apolônio de Carvalho” – Av. Fernando Corrêa da Costa, 559 – Centro – Campo Grande (MS). Mais informações pelo WhatsApp: (67) 3316-9178.
Por Carolina Rampi
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