A manhã é o Dia do Quadrinho Nacional e resolvi elencar três filmes inspirados em HQs de grandes quadrinistas brasileiros. Ziraldo, Mauricio de Sousa e Angeli foram muito importantes na minha infância e adolescência. Por meio de seus gibis eu tomei gosto pela leitura e sou muito grato pelo trabalho dessas três lendas.
A primeira dica é essa figura, de quem sou um grande fã. Gosto de Ziraldo desde “O Menino Maluquinho”, passando pela “Turma do Pererê”, além de seu trabalho no icônico jornal “O Pasquim”. Em especial me amarro no “Menino Maluquinho”. A série de histórias em quadrinhos foi baseada no livro infantil de mesmo nome publicado em 1980, e foi um verdadeiro fenômeno durante os anos de 1990 e 2000. As histórias em quadrinhos foram publicadas pela Abril e Globo, de 1989 até 2007. O livro que virou gibi, acabou indo para as salas de cinema. Dirigido por Helvécio Ratton, “O Menino Maluquinho – O Filme” estreou em julho de 1995 e tem no elenco Samuel Costa, Patrícia Pillar, Roberto Bomtempo, aliás o então garotinho Samuel Costa rouba o filme. Com direito a muitas aventuras esse filme marcou a infância de muita gente. No enredo, Maluquinho (Samuel Costa), um menino travesso de classe média, adora brincar e pregar peças nos amigos, sofrendo bastante quando seus pais se separam. Mas aí aparece o Vovô Passarinho (Luiz Carlos Arutin), que o leva para umas férias na fazenda, onde vive agitadas aventuras e aprende lições valiosas sobre a estrada da vida. Ideal e necessário para curtir com a gurizada.
A Turma da Mônica de Mauricio de Sousa também foi parar na telona com “Laços” (foto), que faz parte da trilogia “Laços, Lições e Lembranças”, escrita por Vitor e Lu Cafaggi. O filme é dirigido por Daniel Rezende, indicado ao Oscar de Melhor Montagem por seu trabalho em Cidade de Deus. No filme, Floquinho, o cachorro do Cebolinha (Kevin Vechiatto), desapareceu. O menino desenvolve então um plano infalível para resgatar o cão zinho, mas para isso vai precisar da ajuda de seus fiéis amigos Mônica (Giulia Benite), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira). Juntos, eles enfrentam grandes desafios e vivem grandes aventuras a fim de levar o cão de volta para casa. É um filme bem bonitinho que é pura nostalgia para quem lia a Turma da Mônica na década de 1980, como eu. Os detalhes do bairro do Limoeiro todo colorido e o “Louco” de Rodrigo Santoro já valem o filme. Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Laura Rauseo e Gabriel Moreira vivem respectivamente Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão e mandaram muito bem. Como o longa deriva de uma trilogia, fica claro que vêm duas sequências. Outra boa pedida para assistir com os pequenos.
“Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll” é outro quadrinho que foi para o cinema. Personagens criados pelo grande cartunista brasileiro Angeli, na HQ “Chiclete com Banana”, são os protagonistas desta animação impagável que tem Rita Lee dublando a personagem Rê Bordosa. Além de Rita, a produção conta com Tom Zé como dublador. Eles ainda participam da trilha sonora, ao lado de artistas como Júpiter Maçã, Novos Baianos e Arnaldo Baptista. Toda a fauna que habitava as páginas de “Chiclete com Banana”, ambientada em São Paulo, está no longa. Os hippies Wood & Stock, o punk revoltado Bob Cuspe, os terríveis Skrotinhos e muito mais. Dirigido por Otto Guerra, o longa foi lançado em 2006 e foi o primeiro longa de animação nacional a receber o selo de proibido para menores de 18 anos. Após recursos, a atual classificação indicativa é de 16 anos. No filme, saudosistas da era hippie, o grupo de amigos Wood, Stock, Lady Jane, Rê Bordosa, Rampal, Nanico e Meia Oito aproveitaram a juventude em meio ao “flower power”. Décadas depois, no entanto, já na meia-idade, eles se transformaram em carecas barrigudos, enquanto o próprio mundo se tornou um eterno marasmo. Apesar das dificuldades, eles decidem ressuscitar sua antiga banda de rock’n’roll. Para um quarentão beirando os cinquenta como eu, foi divertido ver essa turma no filme.
(Texto: Marcelo Rezende)