Jornalista, artista visual, professor e fotógrafo. Matheus Ribeiro, 25 anos, natural de Bandeirantes, no interior do Estado, se desdobra em muitas profissões e talentos, mas o que fez com que olhares se voltassem para ele foi seu trabalho com fotografias surrealistas. Apaixonado pelas lentes há mais de dez anos, encontrou no movimento artístico uma maneira de se expressar e fugir do comum.

Em sua página pessoal do Instagram, divulga seu trabalho e desperta muito interesse e uma certa estranheza. “Algumas pessoas não entendem muito, outras só falam ‘que linda sua foto nova’, porém não sabem que é mais que uma imagem. Outras sempre estão se identificando com o que eu quis retratar e acaba gerando um diálogo sobre isso”, comenta o fotógrafo.

Tudo começou quando Matheus ganhou sua primeira câmera fotográfica em 2009, passou a fotografar tudo e compartilhar o material na rede social da época, o Orkut. Com o tempo foi pegando gosto e juntou dinheiro para uma câmera mais profissional, então começou a fotografar a família e amigos, mas percebeu que não ficava tão empolgado fazendo apenas retratos comuns.

“Conheci a fotografia conceitual/surrealista por meio da internet e percebi que eu poderia criar narrativas e me expressar usando essa técnica, depois disso vieram milhares de ideias e referências na minha frente, comecei criar praticamente todos os dias e desde então essa é a minha paixão”, relembra o artista.

O processo de criação das fotografias de Matheus é normalmente dividido em duas partes, a referência, que é quando ele vê uma foto ou obra e recria usando os mesmos elementos, dando os devidos créditos ao autor, e a inspiração que vem dele mesmo, sobre algo que aconteceu ou algum sentimento.

“O conceito vem quando a fotografia tem uma narrativa, quando quero botar algum sentimento pra fora como tristeza, alegria, saudade, tudo isso vira a narrativa para alguma foto. Alguns de meus trabalhos são seguidos de textos para descrever bem o que eu quis passar naquela imagem, porém muita gente tem sua própria interpretação. É um tipo de trabalho que vai além da estética, é algo para fazer a pessoa que está analisando a obra refletir”, enfatiza o fotógrafo.

Infelizmente a fotografia surrealista não é tão procurada comercialmente, então Matheus também realiza ensaios infantis, de família, casal e 15 anos. “Clico muitos eventos, mas minha paixão mesmo é a fotografia artística. Quero muito, quem sabe um dia, viver apenas disso, ser minha renda principal”, conta.

As maiores referências para ele na fotografia surrealista são os pintores Van Gogh, Frida Kahlo, Salvador Dalí, René Magritte, Rafal Olbinski e Caravaggio. Ele acredita que esse tipo de expressão precisa de mais campo de aceitação das pessoas que acham que o estilo conceitual e surrealista não é uma vertente da fotografia.

O processo de criação das fotografias é bem longo pela complexidade em desenvolver o conceito e o trabalho de edição. O primeiro passo é fazer o esboço de ideias e elementos que vão compor a imagem. Depois, Matheus cria o cenário, configura a câmera e a estabiliza em um tripé, com a ajuda de um controle remoto ele mesmo dispara a câmera e faz o autoretrato.

“Uso o Photoshop para realizar a pós-produção da imagem, transformando a foto comum em algo lúdico. Para finalizar compartilho nas redes sociais. Algumas fotos levam dias para terminar a edição”, conta.

Como mora no interior, o fotógrafo tem dificuldade em encontrar alguém que esteja disponível quando precisa para ajudá-lo nos retratos, então acaba preferindo se autofotografar. “Acho que sendo eu mesmo nas fotos consigo criar a cena e a mensagem que eu quero transmitir usando minha própria imagem. É como uma frase que uso de referência da pintora Frida Kahlo: ‘Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor’. No meu caso ‘Retrato a mim mesmo porque sou sozinho e porque sou o assunto que conheço melhor’.”, finaliza Matheus.

O trabalho surrealista de Matheus está disponível em seu perfil pessoal do Instagram @mathribs. (Texto: Ellen Prudente)