‘Movimento nacional pela cultura e paz’ vai arrecadar livros para regiões atingidas pelas enchentes no RS

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

“Projeto visa “refazer a infância e juventude por meio da literatura”

Em meio a tragédia que assolou o Estado do Rio Grande do Sul, um projeto de Mato Grosso do Sul busca trazer o alento para a alma e para a mente na forma de cultura. A ideia é arrecadar livros para recuperar o acervo das bibliotecas escolares do Estado, por meio de arrecadações.

A iniciativa partiu do embaixador da paz e Coronel da Reserva da Polícia Militar de Santa Catarina, Paulo Roberto, com a advogada, poetisa, escritora, presidente da AFLAMS (Academia Feminina de Letras e Artes de MS), presidente da Comissão de Cultura da OAB/MS, e embaixadora do Círculo Universal da Paz, Delasnieve Daspet, por meio de um vídeo, onde era mostrado a situação de uma biblioteca escolar da cidade de Canoas, um dos municípios mais atingidos pelas chuvas e com mais registros de óbitos, contabilizando 24 mortes.

“A ideia foi bem simples. Eu recebi um vídeo de um profissional do Rio Grande do Sul, onde ele relatava a preocupação com as bibliotecas das escolas, que haviam sido destruídas, e de como esse acervo seria recuperado. Ele fez um apelo em nome de um município, mas eu fiquei pensando, ‘não é só uma cidade, ou só uma escola’, é praticamente o Estado inteiro”, disse Paulo em entrevista ao jornal O Estado. Em 2008, quando ainda era comandante, Paulo Roberto acompanhou as enchentes que atingiram Santa Catarina.

Segundo o embaixador da paz, mesmo que o momento ainda seja de reconstrução e de garantia da vida, é importante começar um movimento de retomada cultural por meio da literatura.

“O nível dos rios sobe e desce constantemente, e eles não têm condições de ficar pensando na questão da cultura. Então, enquanto a gente está acompanhando esse momento angustiante, podemos nos antecipar para tentar recuperar um pouco do acervo, porque eu penso que, voltando para a escola, as crianças não irão ter um livro, um momento para ler, deixar as ideias fluírem. Diante disso, eu conversei com a Deslanieve, e ela de imediato me respondeu que poderia se unir ao projeto, e pediu que eu coordenasse”.

O Colégio Policia Militar de Blumenau servirá como polo de armazenamento e triagem desses livros, conforme o comandante Ghilardi, para depois serem encaminhados para outros municípios. “ Estamos iniciando uma parceria para poder ajudar o RS. Esperamos que a gente possa conseguir o apoio de todos, não só da região de Blumenau”, disse em vídeo para as redes sociais.

Conforme Delasnieve, a ideia também é envolver os embaixadores de outras entidades que queriam participar do projeto, do país, inteiro. Até o momento os Estados do Mato Grosso, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, já se posicionaram a favor de sua participação. Como presidente da Comissão de Cultura da OAB, a poetisa conseguiu também o apoio do órgão, bem como o dos bombeiros, e do Clube Estoril, mas ainda segue peregrinando em busca de mais apoiadores, como o do Projeto Rondon, e do CTG (Centro de Tradições Gaúchas), para auxílio no transporte das arrecadações, e da Academia Brasileira de Letras.

Foto: Nilson Figueiredo

“O objetivo é devolver para essas crianças o sonho, que elas possam, por meio da literatura, chegar a outros momentos, fazer viagens, fazer com que seus horizontes se alarguem e não fiquem apenas com o sentimento de perda, que imensurável”, disse Delasnieve.

“Nós que somos agentes da paz, temos que fazer esse movimento pela cultura e pela paz, juntamente onde tentamos trazer a educação como ponto básico. As crianças dos mais de 400 municípios atingidos precisam dessa oportunidade [da educação] novamente”, complementou.

O projeto cultural Caravelle de Reves, criado pela artista e embaixadora da paz Érica Rando, realizará neste domingo (2), a partir das 9h, arrecadação de livros e venda de telas, onde o valor será revertido para compras de cestas básicas. A arrecadação será nos altos da Avenida Afonso Pena, em frente ao número 7.500.

Emocional

Outro ponto do projeto, encabeçado por Delasnieve, é a da terapia floral para quem atuou na linha de frente da tragédia, em parceria com a empresa Florais de Saint Germain e com a terapeuta Josiane Roque.

“A Josiane trabalha com florais, e está atendendo os militares do Corpo de Bombeiros, que voltaram do RS. Eu falo que ela está ‘apaziguando emoções’ com quem esteve na linha de frente e que voltaram bastante emocionados. Quando eu lancei a ideia no grupo de embaixadores, ela disse que poderia ajudar com os florais, na terapia de recuperação das pessoas que estiveram na linha de frente, para que elas tenham um realinhamento emocional. Não terá custo nenhum para as corporações, a Saint Germain irá doar tudo. Já estamos com 13 hospitais do Vale do Taquari que se inscreveram para receber o tratamento para o corpo técnico”, explicou Delasnieve.

“Precisamos levar a paz, que saímos um pouco de nós, dar a cara a tapa mesmo. O doar-se é uma forma de amor”, finalizou.

Por Carolina Rampi 

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