Semana do Cinema: Principais salas de exibição se unem em nome do entretenimento acessível

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Foto: Reprodução

Principais salas de exibição do país se unem em nome de uma opção de entretenimento mais barata e acessível a todos

Nesta semana, a partir do dia 9 e até o dia 14 de fevereiro, as principais salas de exibição do Brasil vão disponibilizar ingressos para as sessões 2D ao preço único de R$ 10, além de promoções para os combos de pipoca e refrigerante. Em Campo Grande também será possível aproveitar a ação nas três redes de cinema presentes nos shoppings. 

A primeira edição foi realizada em setembro do ano passado e contou com a união de várias redes de cinema presentes no Brasil, em uma ação idealizada pela Feneec (Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas) com apoio da Abraplex (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex). 

A ideia é celebrar a magia da experiência cinematográfica nas telonas, mas invariavelmente, também, a democratização do cinema, já que a opção de entretenimento não é exatamente acessível para todos os públicos. 

A cineasta Marinete Pinheiro afirma que as grandes telas despertam o fascínio do público. “As salas de cinema ainda exercem uma magia sobre o público. Nela nos dedicamos exclusivamente à obra cinematográfica, pois quando estamos assistindo a um filme em casa muitas vezes somos interrompidos ou distraídos. Então, ações que barateiam o acesso são fundamentais para estimular no público a prática de ir ao cinema.” 

Ela ainda considera que o ato de ir ao cinema não é solitário e que ações como a Semana do Cinema podem fazer a diferença. “É muito comum ouvir as pessoas dizendo que não vão ao cinema pelo valor do ingresso, e raramente alguém vai sozinho. E, agregada a companhia, tem a pipoca e o refrigerante, o que aumenta significativamente o valor do passeio. Que mais ações de acessibilidade econômica sejam realizadas para que o público acesse democraticamente a atividade cultural que é o cinema”, assevera a cineasta. 

Marinete também explica que existe certa carência na Capital quanto a eventos segmentados do audiovisual. “Campo Grande é uma capital que carece de um festival de cinema. A realização de eventos como festivais e mostras com acesso gratuito é um grande formador de público para produções diversificadas”, considera. Ela ainda salienta que o cinema cabe perfeitamente também na educação. “Também é importante incentivar o consumo e a circulação de filmes em espaços educativos, como nas escolas, uma educação para o consumo, caso contrário a publicidade seguirá sendo a grande vendedora, por exemplo, dos ‘enlatados hollywoodianos’, e o Brasil, como a América Latina, tem produzido filmes de excelência.” 

Para o cineasta Filipi Silveira, esse tipo de ação poderia ser mais frequente e, assim como Marinete, ele fala sobre a formação de público. “Eu acho de extrema importância, porque eu acho que, primeiro, ações como essa poderiam ser mais corriqueiras, porque, com isso, acaba ocorrendo uma coisa muito importante, que é a formação de público.” 

“O cinema hoje se tornou muito caro, é muito difícil de as pessoas irem ao cinema. Antes era uma coisa mais comum, a gente mora numa cidade que historicamente – se você ler a história de Campo Grande – chegou a ter até 14 cinemas. Era um era um lugar de ponto de encontro, de interação, de confraternização”, comenta Silveira. 

“Eu sou um cara que sou extremamente ‘religioso’ com o cinema. Eu acho que o cinema é um lugar muito legal, é importante, é um momento que você se desliga, como ir pescar, porque em casa eu separo o filme e lá no cinema, não, é você e o filme. E você realmente presta atenção naquilo, e eu acho importante para ter a formação de público, e ver, e levar a magia do cinema para as pessoas, trazendo maior acessibilidade, levando as produções [ao público]. Eu acho muito importante isso. Talvez podiam ter, sei lá, pelo menos uma vez por semana no mês, para poder reaquecer aquele lugar”, pontua o cineasta. 

Para o jornalista e crítico de cinema Filipe Gonçalves, seria importante voltar a ter um dia semanal de promoção nos cinemas. “Acredito que teria de voltar a ter um dia da semana em promoção. Cinema hoje é extremamente caro, dependendo do filme, sai por mais de R$ 100 para duas pessoas. Prefiro fidelidade tipo o cartão Unique do UCI, que te deixa ver um filme por R$ 17 por semana. Hoje em dia as pessoas têm de escolher qual vão ver e não dá pra passar o dia no cinema mais.” 

Ele também comenta que as salas de rua têm mais abertura junto ao público que aprecia as telonas, em especial nas produções nacionais. “E um cinema de rua também ajudaria a promover mais, principalmente cinema brasileiro. Quando eu posto as colunas [Quentinhas do Cinema] sobre algum filme brasileiro, percebo que as pessoas têm mas receptividade, é mais uma questão de onde encontrar. O Cinemark tinha sessões de clássicos aos sábados, e isso também era legal, mas acabou.” 

O jornalista Rafael Meira é grande defensor da democratização do cinema e da importância do cinema na ocupação dos espaços públicos, e explica que ações como a Semana do Cinema são de extrema importância para a popularização do cinema. Ele também defende que o cinema precisa de expansão para regiões menos alcançadas pelas telonas. 

“Ações como essa são fundamentais para a democratização do cinema, isso aproxima pessoas com menor renda com esse tipo de arte. Penso que podemos avançar exibindo mais produções nacionais, como forma de estimular o desenvolvimento do cinema brasileiro. Também vejo que precisamos levar mais exibições em regiões que não contam com salas de cinema, algo que era mais comum nas décadas de 1970 e 1980. Hoje as salas estão presentes nas capitais e maiores cidades”, afirma.

Semana do Cinema

Em exibição, o público aproveita filmes de terror, musical, comédia, romance, drama, entre outros gêneros. A proposta é de que a “Semana do Cinema” passe a integrar a programação das exibidoras brasileiras em dois períodos do ano. “Com esta campanha queremos celebrar a presença do público e democratizar no país ainda mais o acesso a magia que só a experiência cinematográfica proporciona”, salienta Lúcio Otoni, presidente da Feneec. 

Na primeira edição brasileira da “Semana do Cinema”, realizada entre os dias 15 e 21 de setembro de 2022, houve um crescimento de 296% no público e de 127% na renda, de acordo com levantamento da Comscore. Ao todo, mais de 3,3 milhões de espectadores se envolveram na campanha. 

A iniciativa segue uma tendência mundial de promover, em clima de festa, a magia da experiência cinematográfica, como já é tradicional nos Estados Unidos com o National Cinema Day, e na Espanha, com a La Fiesta del Cine.

Serviço 

Em Campo Grande será possível aproveitar a Semana do Cinema nas redes Cinemark, presente no Shopping Campo Grande; Cinépolis, no Shopping Norte Sul Plaza; e UCI Cinemas, no Shopping Bosque dos Ipês. Os ingressos para filmes 2D terão o custo de R$ 10 no Cinemark e na Cinépolis. Já na UCI, a promoção abrange os filmes 2D e 3D. Os combos de pipoca e refrigerante terão custo de R$ 30. Os ingressos poderão ser comprados tanto online quanto presencialmente.

Por Méri Oliveira  – Jornal O Estado do MS

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