Rock nacional festeja 60 anos de Nando Reis

Nando Reis
Foto: Divulgação/Carol Siqueira

Com vários sucessos na memória coletiva do brasileiro, músico faz turnê pelo país 

Se eu te disser que hoje é o aniversário de José Fernando Gomes dos Reis, um dos maiores compositores brasileiros, você talvez não saiba de quem falo, talvez não vá ligar o nome à pessoa. Assim, para clarificar as coisas, explico. Hoje, 12 de janeiro, é o aniversário de 60 anos de um dos artistas mais icônicos de rock/MPB no país: o cantor, compositor e instrumentista Nando Reis, que marcou seu nome na história do Brasil em décadas musicadas. 

Inicialmente percussionista de uma banda de salsa chamada “Sossega Leão”, no começo dos anos de 1980, Nando chegou a entrar na banda Titãs como baterista, mas saiu em seguida, preferindo a “Sossega Leão” por questões financeiras (um autêntico capricorniano!). Entretanto, 15 dias depois, estava de volta aos Titãs, grupo no qual permaneceu por 20 anos, e saiu em 2002, após a gravação do álbum “A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana”. 

Durante todas as décadas de carreira – quatro, completadas em 2022 – o artista se firmou, se destacou e fez seu nome como um dos mais bem-sucedidos compositores do país, tendo músicas de sua autoria gravadas por Cássia Eller, Gal Costa e Marisa Monte, que são, simplesmente, algumas das mais importantes vozes femininas da música brasileira, entrando, assim, no imaginário popular do Brasil. 

Em entrevista à “Folha de S.Paulo”, Nando afirma que “a canção fez sucesso ou entrou no imaginário porque tem uma beleza. É uma resolução. Eu gosto dessa palavra: uma resolução encantadora, surpreendente. Você não a renega. Você a preserva e a contém dentro de si”, diz o artista. 

Agora, para a celebração dos 60 anos, o músico relança em LP seu primeiro disco solo, o “12 de Janeiro”, de 1995, que ganhou faixas bônus no streaming, incluindo uma inédita e versões em voz e violão. Em setembro, vai lançar um disco com 19 faixas inéditas e mais algumas regravações. 

Recentemente, saiu em turnê com o show – que veio do EP “PittyNando” – com a cantora baiana Pitty, de quem se aproximou durante a quarentena. Além disso, ele também está em plena turnê com os shows “Nando Hits” e “Nando Reis Voz & Violão”, sendo este último o que resgata os maiores clássicos de sua carreira como músico e compositor, como “All Star”, “Relicário” e “Luz dos Olhos”, entre outras tantas especiais de seu vasto repertório, no qual, para acompanhá-lo, seu filho Sebastião Reis assume os violões trazendo a magia de releituras das canções que se imortalizaram com Nando em um formato especial. 

Comemorações

Nando Reis fez uma postagem de uma foto com o filho, sobre o encarte da edição comemorativa do álbum “12 de Janeiro”, mencionando o que o filho, Theo Reis, escreveu. “O título, que remete à data do aniversário do meu pai, é de fato muito apropriado para aquilo que representou um novo nascimento. Se até então era membro de uma banda cuja força motriz se assentava na criatividade coletiva e na identidade de um grupo, agora Nando dava o primeiro passo rumo a uma carreira solo. Apartado do amálgama que eram os Titãs, ele podia dar a luz a um som muito diferente do que aquele que eles vinham tocando.”

E os fãs, é claro, reagiram. A internauta Rafaelli Assalim, por exemplo, fala sobre o significado do primeiro álbum solo do cantor. “‘12 de Janeiro’ foi o disco que mudou a minha percepção musical. Eu já era fã de Titãs, mas Nando, talvez por não aparecer tanto quanto deveria na banda e não cantar tantas músicas, não era o meu preferido (até então), mas tudo mudou com o ‘12 de Janeiro’, virei superfã, uma apreciadora do seu talento constante e fiel.” 

A fã Patrícia Morello vê o artista como um exemplo de quem luta pelo que acredita. “Nada como lutar pelo que acreditamos, seguir o que nossa intuição diz. Você é um grande exemplo sobre buscar novos horizontes, sair da zona de conforto e buscar novas perspectivas, outros caminhos possíveis. Linda fotografia, sábias palavras do Theo!” 

Carreira solo

Tendo iniciado a carreira solo enquanto ainda estava com os Titãs, o primeiro álbum, “12 de Janeiro”, marcou um período de transição no qual Nando desenvolveu seu lado mais visceral e, ao mesmo tempo, sensível, ao passo que desenvolvia, paralelamente, uma parceria com Marisa Monte, com quem se relacionava amorosamente. Dessa parceria ganhamos sucessos como “Ainda Lembro”, “Tudo pela Metade” e “Enquanto Isso”. 

“Meu disco tem um contraste forte com aquilo que os Titãs vinham produzindo. E esse contraste se dá como por ausência minha no disco ‘Titanomaquia’, de 1993. Nada do que eu apresentava como contrabaixista era aprovado. Ninguém gostava. O ‘12 de Janeiro’ é um retrato intensificado dessa diferença na forma de cantar, na temática, na sonoridade, na minha onipresença em contraste com quase a minha total ausência na ‘Titanomaquia’”, relembra.

Sucessos

O álbum “Verde, Anil, Amarelo, Cor- -de-Rosa e Carvão”, lançado por Marisa Monte em 1994, apresentou três parceiras suas com a cantora e lhe deu a formação da banda de “12 de Janeiro”, gravado poucos meses após a separação. “Nesse disco, realizo algo que as minhas áreas de aderência no entorno se dão muito com a minha relação com Marisa, com quem não só estava trabalhando, como namorando.”

“Relicário”, “O Segundo Sol”, “Me Diga”, “Os Cegos do Castelo”, “Pra Você Guardei o Amor”, “Por Onde Andei” e as parcerias com Marisa Monte, “Onde Você Mora?” (que fez sucesso e se tornou conhecida com a banda Cidade Negra), e “Ainda Lembro”, entre outras, equilibram complexidade e comunicação.

“‘Da Maior Importância’ é a música-chave da minha história. O violão do Gilberto Gil, a composição do Caetano Veloso e a voz da Gal. É isso. A santa trindade ali presente na versão da Gal no álbum ‘Índia’”, conta Nando.

“O tempo inteiro, na minha vida, isso se estabeleceu como um sonho e depois como possibilidade. Eu emulei durante todo esse processo o desejo de ter a minha Gal, como a Gal foi pra Caetano.”

Sua presença no repertório de Marisa Monte e Cássia Eller, duas das maiores vozes surgidas nos anos de 1990, cumpre a miragem de juventude. Na fase de intimidade com Marisa, a gravação de sua música “Diariamente”, no álbum “Mais”, de 1991, aumentou a autoconfiança de cancionista. Esse disco trouxe três parcerias da cantora com Reis, entre elas “Ainda Lembro”, gravada com a participação de Ed Motta e que é, até hoje, um sucesso radiofônico.

Por Méri Oliveira  – Jornal O Estado do MS.

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