Especialista em neurociência explica os benefícios e como colocar isso em prática diante dos desafios cotidianos
O bom humor pode ser uma das principais ferramentas para quem deseja ter saúde física e mental e falar sobre isso é importante ainda no mês da campanha Janeiro Branco. Segundo uma das pesquisas mais longas sobre o tema realizada pela Escola de Saúde Pública T. Chan, em Harvard, nos Estados Unidos, a atitude positiva diante da vida diminui os riscos de morte por câncer, AVCs, infecções, doenças respiratórias e até cardíacas. O estudo durou oito anos e foi feito com 70 mil mulheres que foram divididas em dois grupos. Na comparação com o grupo mais pessimista, o dos otimistas apresentou chance 30% menor de morrer. Mas, o que é bom humor e como colocar em prática?
De acordo com a humorologista e especialista em neurociência Maryana com Y, o bom humor é uma forma mais leve de ver e lidar com os desafios da vida. “Ser bem-humorada (o) é ter leveza, rir, brincar em alguns momentos, ser gentil e cordial consigo e com os outros até mesmo na hora de dizer um não ou se posicionar. Isso no cotidiano conta muito. Imagina todo dia você chegar no trabalho mal-humorado e ignorar completamente suas necessidades e a dos outros? Não tem relação que resista ao longo do tempo até mesmo no âmbito pessoal. Aliás, quem é mal-humorado tende a ficar mais isolado ao longo do tempo, o que não é bom já que somos seres sociais”.
Na prática, a palestrante e também co-autora do livro SoftSkills e Balanced Skills, ambos publicados pela Literare Books International no ano passado, indica que o primeiro exercício de bom humor pode ser rir de si mesmo. “Bom humor é treino e começar a olhar para os acontecimentos que envolvem diretamente você é um ótimo exercício. Temos que lembrar que quase nada está sob nosso controle e, muitas vezes, a frustração do dia vem justamente por sermos lembrados disso. O que você vai fazer? Rir e fazer uma piada para si mesmo sobre aquilo que você está vivendo é um bom passo. O cérebro vai ficando mais criativo quando a pessoa começa a refletir com leveza sobre os acontecimentos, tentando criar uma maneira mais tranquila de lidar com aquilo”, explica ela.
Outra dica importante da Maryana com Y é procurar pessoas que treinam ou já são bem-humoradas. “A convivência é um dos fatores determinantes. Se você está com pessoas que veem a vida mais leve, a tendência é que isso também seja estimulado na sua vida. Do contrário, é impossível treinar isso no meio de tanta gente que só reclama. Não esqueça que o ambiente influencia e muito na nossa personalidade, outro ponto que a neurociência já estuda”, reforça ela.
Segundo pesquisas mais recentes, só o simples ato de você sorrir, mesmo que forçadamente, faz o cérebro produzir serotonina e endorfina, substâncias que trazem a sensação de bem-estar e prazer ao corpo.”O bom-humor ajuda a diminuir o risco de doenças psicossomáticas, como a depressão, ansiedade e estresse. Sorrir diminui as tensões musculares e também promove a saúde em outras partes do corpo” enfatiza Maryana com Y.
Assim como outros hábitos, o bom-humor pode ser adquirido ao longo do tempo, mas é preciso dedicação para encontrar esse olhar mais leve. Ao exercitar, o resultado fica visível de várias formas, vai além da saúde e promove um ambiente interno e externo acolhedor. Por isso, rir é um bom remédio.