Após ser vítima de três acidentes vasculares cerebrais (AVC), para ajudar a dona Ivone Gomes Almeida, de 67 anos, mãe do ilustre Koringa (Cristiano Nakazato) proprietário do Butteko em Campo Grande, o filho e amigos trazem uma rifa de quatro quadros do artista regional Zé Borges, que retratou para o empresário Jim Morrison; Raul Seixas; Renato Fernandes e Bob Marlei, presentes esses que servirão como renda para cuidar da matriarca no atual momento em que o negócio está fechado sem a possibilidades de shows, devido à pandemia do novo coronavírus.
Em prol da causa essa é a primeira rifa de outras que virão com obras de demais artistas locais (como Érika Pedraza), amigos de Cristiano, que dão ajuda ao dono do Butteko nesse período conturbado, economica e emocionalmente, sendo que o dinheiro servirá para arcar com as despesas que estão porvir.
“Estou de aluguel, com o bar fechado ainda e não posso abrir. O medicamento praticamente é quase todo dado pelo SUS, mas tem muita coisa; alimentação que é especial; colchão que terá que comprar diferenciado, pois ela perdeu os movimentos. A cadeira foi doada duas vezes, que no primeiro AVC ela não precisou usar, então peguei a cadeira, andador eu doei tudo. Aconteceu o segundo, fui atrás e me doaram mais uma cadeira e acho que terei que comprar uma cama hospitalar”, explica Cristiano.
Saúde e sobrevivência
Com a impressão de que 2020 tem sido um dos piores anos, acumulando a condição da mãe, à pandemia e o fato de não poder trabalhar, Koringa conta que: “no final do ano passado, começo de novembro, minha mãe teve um infarto. No começo da pandemia foi quando eu praticamente fechei o bar, porquê o meu está registrado como ‘casa de show’, não podia abrir mais e até hoje não pode ainda – só os irresponsáveis que abriram – e o povo também não ia porquê era um público consciente”, diz.
Entre trabalhar e cuidar da mãe, Cristiano fala que a solução foi fazer bicos além de recorrer ao auxílio emergencial, além da ajuda de amigos e alguns familiares. Ao socorrer a mãe nesse momento, ele ainda destaca que: “o atendimento pelo SUS não é melhor por falta de equipamento e de pessoal, que o serviço é essencial e sensacional”.
“A rifa vai ser para contribuir nesse momento de recomeço, que agora é tudo novo para mim, acordar cedo; limpar a mãe; contratar uma enfermeira para esses cuidados e é caro. Principalmente para os primeiros momentos que ela terá que fazer uma cirurgia, pois não come mais pela boca só pelo estômago”, detalha ainda o Koringa.
Conhecido pelas contribuições para a cena artística underground de Campo Grande e também na capital de Mato Grosso, Cuiabá, onde Koringa morou por 12 anos, ele comenta que lá foi responsável maior festival de Rock daquele Estado. “Era só arrecadação de livro e leite, em um festival anual em que tocavam em torno de 30 bandas até de Brasília, entre outras conhecidas”, diz.
Cristiano em prol da arte fez a conexão centro-oeste e levou para o festival em MT: “a Plebe Rude e uma porrada de gente, umas 10 bandas de Campo Grande, para tocar nesse festival de uma vez só, levei um ônibus de banda”. Agitando não só a cultura como também a solidariedade ele comenta também sobre seu trabalho com o “Rock Solidário”.
“Sempre fiz. Vou fazer o Rock Solidário para arrecadar brinquedos, que já tem dois patrocinadores de peso e vão me ajudar e me procuraram, alguns amigos que tem empresas grandes que disseram que iriam ajudar em doações”, pontua.
Parte do alicerce dessa cultura underground, Cristiano complementa dizendo que é um benefício mútuo entre as pessoas que compõe essa cena e sempre se prontificam quando alguém dessa rede precisa de uma mão. “Se tivessem rolando bandas tenho certeza que um monte de gente iria ajudar fazendo evento. É mútuo e a galera ajuda mesmo. Tem um monte de gente que, antes da minha mãe sair do hospital, doou fralda; lenço umedecido, um pessoal que sempre está junto. Se estivesse rolando show, um monte de banda iria fazer evento para repassar e ajudar”, afirma.
“A forma mais fácil que o pessoal viu que dá para ajudar é fazendo essas rifas, não dá para fazer nem leilão nem vaquinha online, teria que ser a rifa para das algo para as pessoas”, pontua ainda.
Solidariedade
Em dezembro de 2019, no valor de R$ 5 mais um brinquedo, o Butteko abriu as portas e trouxe Bêbados Habilidosos, Blueasy, Coquetel Blue e Lao Mississippi para arrecadar presentes, doados em 24 de dezembro, em benfício de 380 crianças das ocupações Samambaia 1 e 2.
No dia 11 de novembro o sorteio será realizado pela loteria federal, considerando os três últimos dígitos do primeiro sorteio. Não tendo ganhador, serão considerados os três últimos números do segundo sorteio e assim sucessivamente até que haja um ganhador e se o vencendor for de outra cidade o despacho será feito sem custo adicional.
Serviço: Banco do Brasil. AG: 0753-6 CC: 5090-3. Os comprovantes devem ser enviados para o Koringa pelo telefone (65) 99273-1261.
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(Texto: Leo Ribeiro)