Representantes esperam realizar folia de avenida até meados do mês de julho

Foliões animados – caso esse fosse um ano comum – já estariam curtindo os “gritos” e invocando o espírito de carnaval para as ruas de Campo Grande, entretanto a pandemia da COVID-19, causada pela propagação do novo coronavírus, alterou as rotinas ao redor do globo e afetou principalmente os eventos e festas.

Na terceira semana desse mês, foi batido o martelo por parte Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) que, junto de São Paulo e Salvador, realizarão suas folias entre os dias 08 e 11 de julho de 2021. Na Cidade Morena, a Liga das Entidades Carnavalescas da Capital (Lienca) firmou, com a Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur), que a celebração segue sem data definida até o desenvolvimento de uma vacina, estipulando ainda que até o início de maio, mais tardar nos meses de junho e julho, as escolas já possam estar ocupando a avenida com samba.

“Há meses que discutimos, o carnaval é um grande planejamento que não se faz da noite para o dia. Não realizaremos em fevereiro por conta da pandemia, e porque as escolas não conseguirão trabalhar nesse período. A Liga das Escolas de Samba jamais fará um desfile que possa comprometer a saúde dos foliões e população que possa vir a prestigiar. Estamos ansiosos e esperançosos para que a vacina chegue e nos dê segurança de realizar o desfile”, explicou o presidente da Lienca, Alan Catharinelli.

Max Freitas, Secretário Municipal de Cultura e Turismo destaca que as medidas de segurança adotadas para decidir sobre o carnaval são as mesmas entendidas para demais festividades, ele salienta ainda que a Sectur não realizará eventos relacionados à já tracional Cidade do Natal nem ligado ao reveillon, em respeito ao toque de recolher estipulado. “Isso é devido aos grandes números do avanço da COVID-19. A prioridade é a segurança, a família e saúde de cada um. Para as comemoração da Cidade do Natal, que não haverá, estamos pensando em ações pontuais pela cidade para que o clima natalino realmente chegue e que a palavra esperança de um ano melhor, ano que vem permaneça. Vamos nos reinventar, inclusive para o carnaval se for preciso, mas em fevereiro sabemos que não é impossível”, diz.

Junto da Sectur e Fundação de Cultura do Estado (FCMS), Alan afirma que todas as adaptações necessárias serão feitas em conjunto e ressalta as escolas estão prejudicadas, porquê estão com os barracões fechados, sem realizar eventos e poder angariar fundos. Mas estõa trabalhando internamente: fazendo o planejamento do desfile; croqui das fantasias e feijoadas delivery, para ter algum recurso.

Escolas na pandemia

Atual campeã do carnaval de Campo Grande, a Deixa Falar, através de Francis Fabian comentou que todo ano é difícil de se fazer carnaval, só que em 2020 está sendo um pouco mais. “Não podemos fazer evento ou ações, devido à pandemia, então ficamos trabalhando dentro do possível, nos bastidores. Escolhendo enredo; decupando todo ele; desenhando fantasias; aquilo que é de costume da Deixa Falar, reproveitando e reciclando, desmanchando o que foi feito e vendo o que aproveita desses materiais, para que a gente possa apresentar um carnaval”, fala.

Para Fabian não somos uma cidade que tenha tradição e só agora as coisas estão caminhando para que Campo Grande tenha um carnaval com sua característica, mas confirma que não se deve fazer festa a qualquer custo no próximo ano. “Primeira coisa, tem que ter a vacina. Isso é indispensável, porquê temos que pensar acima de tudo na vida, já que é a festa da alegria. Não vejo a possibilidade de execução sem essa medida. A gente faz carnaval para o povo e para isso tem que ter aglomeração. O maior prêmio de quem faz e gosta é ver uma plateia aplaudir seu trabalho. Está na dependência de RJ e SP para bater o martelo, esperando tudo o que vai acontecer”, diz o presidente da Deixa Falar.

Fátima da Luz, presidente da escola de samba mirim Herdeiros do Samba revela que, caso a vacina chegue e seja possível em tempo hábil respeitar os três meses da janela de segurança, as crianças leverão para a avenida um enredo que homenageia o Ballet de Marcos Oliveira. Ela conta que atualmente não tem contato com os pequenos, que encontram-se parados e só foram informados através dos pais sobre o enredo de 2021.

“A herdeiros só entra na avenida se já tiverem vacinado todas as crianças e dado os três meses de segurança. Elas não estão participando de eventos da Liga, somente uma representa compareceu na live. Nem estamos participando das reuniões, porquê sou de grupo de alto risco e não vejo tanta necessidade no momento para isso. O foco tem que ser todos fazerem direitinho o que preconiza a OMS, usar máscaras, afastamento social, não aglomeração… que não estão fazendo”, diz.

Ela também detalha que a Herdeiros do Samba acompanha a produção dos preparativos mas que, como a presidente confecciona máscaras para doação desde o início da pandemia, diz que ainda não está tocada pelo espírito de carnaval. “As nossas crianças cobram. Teve campanha de vacinação infantil para regularizar as carteiras e meu neto, Adão, como estava com tudo em dia ficou bravo porquê não pôde se vacinar e disse que só a Brenda – que tomou a segunda dose do HPV – havia se imunizado, achando que já era a que previnia contra o corona para que ele pudesse desfilar”, comenta Fátima sobre a expectativa.

Entretanto, apesar da vontade ela chama atenção novamente para a negativa por parte da pandemia, e frisa que não irão para a avenida sem que todos estejam seguros, por mais que isso resulte em qualquer punição que venha por parte da Lienca. “A gente aceita, porquê não vamos colocar os de casa nem os filhos de ninguém em risco, não tem necessidade”.

Para ela também os primeiros dias de maio ainda é um tempo curto, por mais que as vacinas já comecem a ser distribuídas em janeiro e diz que, dependendo não vai dará três meses de segurança. “Do contrário não vamos, o carnaval, o feriado é uma válvula. Mas agora não é o momento. Sou contra todos os eventos. Tem escola fazendo feijoada, você olha nas fotografias as pessoas não estão de máscaras. Eu contei, somente o presidente de máscara, mas oito em volta sem. Todos saudáveis, mas existem os assintomáticos”.

Ano que vem a Igrejinha deve abordar a própria história, até para facilitar a própria execução e pesquisa. Dilson Rodrigues assumiu a presidência da escola em maio de 2020, em plena pandemia e teve que lidar com a atual situação. “Desenvolvemos ações como rifas; almoço delivery; estamos na terceira feijoada para arcar com as despesas como alguel, luz. Agora com essa alta da pandemia voltando, o jeito é ter cautela, ir fazendo básico para não ficar parado de vez”, fala ele.

Dilson ainda comenta que a Igrejinha virá com número reduzido na avenina do carnaval que desenha-se para o ano de 2021. “Até para limitar o número de concorrentes. No que normalmente as escolas saem com 11 alas, estamos preparando para sair com sete alas, mais baianas e bateria, totalizando nove”, conta ainda.

Marilene Pereira é presidente da Catedráticos do Samba e confirma que sua escola, assim como todas as outras, independente do que está acontecendo, está trabalhando mas que também só desfila caso já tenha uma vacina em circulação, em concordância com as demais lideranças e Liga.

“Não fará na data, já não temos nem expectativa disso. Estamos fazendo fantasias; pensando em samba-enredo; já fizeram lançamento e temas. Logo marcaremos a data para lançarmos nosso samba-enredo. Se estiver tudo bem faremos um evento em cada quadra, se não, faremos em formato de live”, revela ainda.

Wlauer Carvalho, que representa a Vila Caravalho confirma que as ações estão acontecendo nos bastidores, enquanto a sociedade da escola trabalha nos croquis e, sobre as ações de custeio e manutenção durante a pandemia ele aponta que não se comprara com o que era arrecadado e necessário no que seria um ano comum. “Como estamos acompanhando em Rio/ São Paulo, não é diferente aqui. Estamos fechados sem fazer os eventos normais que fazíamos. Pegou a gente logo que acabou o carnaval, uma semana depois fechou tudo, e as escolas que vem para disputar tudo geralmente ficam com contas, e sem fazer eventos vamos esperar essa segunda onde pandemia e torcer para acabar logo. Torcer para a vacina vir logo”.

Ele torce para que a vacina chegue logo e complementa sua fala frisando sobre a precaução. “Estamos tentando realizar o evento, mas só faremos o carnaval se houver vacina, caso contrário ninguém desfila. Acho que nem São Paulo e Rio farão sem vacina. Por mais que a gente ame o carnaval temos família, mãe, pai. É questão de consciência. Se não tiver que ter não vai. Só estamos trabalhando para chegar e não fazer corrido de última hora”, finaliza.

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