[Por Filipe Gonçalves, Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul]
Os filmes brasileiros têm alcançado alto nível. A mais nova cinebiografia do trapalhão Mussum faz um recorte interessante sobre sua vida e mesmo que não tenha muita força dramática acaba sendo divertida, com boas cenas de comédia.
O filme, encabeçado por Sílvio Guindane e Paulo Cursino, traz a história muito comovente e cheia de reviravoltas do sambista e comediante Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, que tinha grande apreço pela música e começou a vida artística tocando reco-reco e cantando nos Originais do Samba, escondido da mãe, Malvina. Sua história foi marcada por tentativas de seguir a vida militar e tocar à noite, até a banda ter notoriedade e um certo dia ter que fazer uma participação em um programa de humor, com o lendário Grande Otelo, dali em diante seria convidado a participar da Escolinha do Professor Raimundo, que já fazia muito sucesso.
Chico Anysio foi um dos primeiros a ver o grande talento de Mussum em cena e quis trazer aquilo para a TV diariamente. Com isso, ele acabou tendo tanta repercussão que chamou a atenção de Renato Aragão, que o incorporou nos Trapalhões, formando os quatro caras que conhecemos até hoje.
Mesmo que tudo isso pareça ter acontecido há quase um século, faz parte da cultura popular em nosso país, sendo referência fora. Tudo que foi feito na TV, entre 1980 e 1990, consolidou Mussum como uma figura inesquecível da história do Brasil. Principalmente por envolver o público infantil, os quadros no qual apareceria marcaram a vida de muitas pessoas que veem esse recorte com muito carinho e nostalgia.
O filme, embora seja contado quase em blocos cheios de de textos de humor, consegue resgatar algumas cenas dramáticas entre Antônio e sua mãe, interpretadas por Cacau Protásio e Neusa Borges. Mesmo que o texto limite a carga dramática que Aílton Graça possa imprimir, ele chega no máximo que pode e gera uma sequência final bem emocionante. A composição de fotografia aposta em enquadramentos mais fechados e uma paleta de cores que beira a penumbra em algumas cenas, como se estivéssemos vendo uma máquina do tempo que nos mostra exatamente como eram alguns aspectos dos anos 1960 e 70 no Brasil, uma ótima ambientação.
A direção de Silvio Guindane mostra que ele tem grande paixão pelos personagens, que encantaram os fins de semana e principalmente por elevar a figura de Mussum, que acaba sendo exaltado com classe, nesse longa.
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